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sábado, 30 de outubro de 2010

Willem De Kooning atualizou a figura feminina magnética



William De Kooning pintou Marilyn Monroe em 1954, numa postura vanguadista da pintura, em usar borrões , ao invés de pinceladas. O pintor se especializou em rostos humanos e foi tocado pelo lado espalhafatoso e e exibicionista da estrela de Hollywood. Infelizmente, muito das obras do autor se encontram em coleções particulares, inclusive essa

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Para que ninguém mais tenha que se sacrificar por uma casa, um buraco

Poesia de Vladimir Vladimirovitch Maiakovsky


O Amor

Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fagner promove fundação cultural no Orós

Foto: Marcus Peixoto
O cantor Fagner continua a ser um grande orgulho para a mpb. Suas interpretações tornaram-se internacionalmente tocantes, em cantar em favor da liberdade, da união das Américas. Já maduro dirige uma fundação cultural que foi premiada ano passado em São Paulo. Bom mesmo é ouví-lo cantando.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Kubrick filma o indiscreto charme do imperialismo



Esse filme, de Stanley, foi lembrado hoje, ao mesmo tempo em que houve uma apresentação do The Gladiator. O Império Romano, do seu apogeu a decadência, tem um magnetismo especial, comparando com os impéríos espanhol, português, inglês e, na atualidade, o norte-americano, pois possui uma magia absoluta na  ignorância, onde se deve dar graças por aquilo que não se viveu, e ainda como o mais arrojado salto da civilização na ousada pretensão de dominar o mundo. A película é grandiosa e o gesto dos escravos, todos gritando I´m spartucus, num coro para livrar da morte o líder rebelião, faz jus ao cinema de arte

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Compositor cearense recebe homenagem da Orcec

16 de outubro de 2010. Já se vão 90 anos desde que Alberto Nepomuceno deixou o convívio físico dos homens, entrando para a galeria dos eternos mestres da arte. O fortalezense, que ganhou o mundo com talento e ousadia, recebe homenagem da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho, em dois concertos especiais neste mês, com a presença de grandes nomes da música de concerto brasileira, com atuação e reconhecimento internacionais.

Na próxima quarta-feira, 27, a apresentação acontece na edição de outubro do Concerto Universitário, às 9h30, no auditório da Universidade Estadual do Ceará. Do dia seguinte, 28, às 19h, o Palco Principal do Theatro José de Alencar acolhe a homenagem a Alberto Nepomuceno, na edição do Concerto Solidário. Ambas as apresentações são abertas ao público, reafirmando o propósito de disseminar a arte e formar plateia para a música de concerto no Ceará.

A regência está a cargo do maestro convidado Paulo de Tarso, que assume a Orcec pela segunda vez. O concerto contará ainda com a participação especial do Quarteto Cearense na abertura, este que é um grupo de câmara vinculado à Orquestra Eleazar de Carvalho, além da presença marcante de dois solistas: o tenor Franklin Dantas e o violoncelista Fernando Lage, ambos naturais de Fortaleza.

No repertório do concerto estão peças consagradas de Alberto Nepomuceno, como por exemploRomance e Tarantella, compostas em 1908 no Rio de Janeiro. “Tratam-se de duas belíssimas peças de estilo romântico, maravilhosamente bem escritas para o violoncelo, de caráter melódico e brilhante, respectivamente. Elas serão interpretadas em versão para violoncelo solista e orquestra de cordas”, destacou Fernando Lage.

Também está no programa um arranjo feito especialmente em Homenagem Alberto Nepomuceno, de autoria de Paulo Leniuson, violinista da Orcec. A Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho é uma ação da Associação Artística de Concertos do Ceará, com o apoio do Governo do Estado do Ceará, por Secretaria da Cultura (Secult).

Mais informações e entrevistas:
Assessoria de Imprensa da Orcec
Roberto César Lima
+ 55 85 8828.6405

domingo, 24 de outubro de 2010

Eu tive um sonho que brancos e negros dariam as mãos


Trecho do discurso de Martin Luther King:

Tenho um sonho, hoje.
Tenho um sonho que um dia o estado de Alabama, cujos lábios do governador actualmente  pronunciam palavras de ... e recusa, seja transformado numa condição onde pequenos rapazes  negros, e raparigas negras, possam dar-se as mãos com outros pequenos rapazes brancos, e raparigas brancas, caminhando juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs.
Tenho um sonho, hoje.
Tenho um sonho que um dia todo os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão  niveladas, os lugares ásperos serão polidos, e os lugares tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor será revelada, e todos os seres a verão, conjuntamente.
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com a qual regresso ao Sul. Com esta fé seremos capazes de retirar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa nação numa bonita e harmoniosa sinfonia de fraternidade. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ir para a prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo que um dia seremos livres.
Esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado: "O meu país é teu, doce terra de liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram os meus pais, terra do orgulho dos peregrinos, que de cada localidade ressoe a liberdade".
E se a América quiser ser uma grande nação isto tem que se tornar realidade. Que a liberdade ressoe então dos prodigiosos cabeços do Novo Hampshire. Que a liberdade ressoe das poderosas montanhas de Nova Iorque. Que a liberdade ressoe dos elevados Alleghenies da Pensilvania!
Que a liberdade ressoe dos cumes cobertos de neve das montanhas Rochosas do Colorado!
Que a liberdade ressoe dos picos curvos da Califórnia!
Mas não só isso; que a liberdade ressoe da Montanha de Pedra da Geórgia!
Que a liberdade ressoe da Montanha Lookout do Tennessee!
Que a liberdade ressoe de cada Montanha e de cada pequena elevação do Mississipi.
Que de cada localidade, a liberdade ressoe.
Quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção negra: "Liberdade finalmente! Liberdade finalmente! Louvado seja Deus, Todo Poderoso, estamos livres, finalmente!"

sábado, 23 de outubro de 2010

A tragédia humana de todos os dias no Haiti

Foto: Marcus Peixoto
Esta semana o Haiti, na América Central, constatou mais de 1.500 vítimas de cólera, número que pode chegar a 2.000 ainda este final de semana. Mal curado de um dos maiores terremotos de sua história, o País ainda depende das Nações Unidas para não mergulhar na mais completa desordem e guerra civis.
0 fato de várias tragédias se somarem num só lugar não é obra do vodu e nem do destino. Está na exploração onipresente, com os jovens vendendo sangue para hospitais em Miami, como já foi denunciado pela televisão brasileira, em troca de Gourdes, com o retrato de François Cappoix
(1766-1806), ou do trabalho semi-escravo das costureiras, em galpões para vender calças jeans para o mundo todo.
A foto é em Bel Air, quando acompanhei as forças de Paz da ONU. O Brasil participa da missão de 2004, com 2.166 militares

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Fidélio é o triunfo do amor em meio a intrigas políticas


Fidelio, a única ópera de Beethoven, conta a história do aristocrata espanhol Florestan, alvo da inimizade de Pizarro, governador de uma fortaleza medieval que serve de prisão para presos políticos. Fidelio é preso na mais sinistra masmorra e a história envolve ainda o triunfo do amor. Essa abertura foi alterada quatro vezes pelo compositor, antes da sua primeira exibição, que foi um fracasso. Mas tornaria a ser um sucesso sete anos depois, após alteração no libreto e na finalização dos detalhes que o autor parecia nunca estar satisfeito.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

IV Mostra de Cinema Africano termina amanhã (22)

A sétima arte como recurso de resistência e luta pela democracia na África. Com o tema “In-dependências”, a IV Mostra de Cinema Africano acontece até amanhã, 22 de outubro, como parte da programação do III Festival UFC de Cultura. Desde segunda-feira (18), a Sala Benjamin Abrahão, da Casa Amarela Eusélio Oliveira, exibe longas-metragens independentes, entre ficção e documentário, que passaram ao largo do circuito comercial cinematográfico. Como em todas as atividades do Festival, a entrada é gratuita. Após a exibição de cada filme, com início sempre às 16h, pesquisadores e especialistas do Senegal, Angola e Congo, além de professores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e da UFC, debatem as produções em cartaz na Mostra.
A Mostra foi aberta às 16h do dia 18 com palestra do escritor e realizador angolano Ndalu Almeida, mais conhecido por seu pseudônimo Ondjaki. Formado em sociologia e poeta premiado, ele trabalha, desde 1998, como roteirista e diretor em diversos projetos para televisão e cinema. Ondjaki apresentou seu mais recente longa-metragem, “Oxalá cresçam pitangas”, dirigido em parceria com Kiluanje Liber-dade. 
 
Com curadoria e coordenação geral do Prof. Franck Ribard, do Departamento de História da UFC, a Mostra é uma realização do grupo de pesquisa “Trabalhadores Livres e Escravos no Ceará: diferenças e identidades”, em parceria com a Cinemateca da Embaixada da França no Rio de Janeiro.
 
Segundo Ribard, a ideia da Mostra “é comemorar, no sentido de recordar e, ainda mais, problematizar o que foi um longo processo de lutas, de esperanças e de expectativas, à luz da situação atual do continente, da memória desse processo e da produção cinematográfica africana”. Alguns países africanos estão em plena comemoração pelos 50 anos de soberania pós-colônia. Para o coordenador-geral, a IV Mostra de Cinema Africano tem como dimensão fundamental a experiência sócio-política individual e coletiva dos sujeitos, o que permite refletir sobre as dinâmicas das sociedades africanas contemporâneas.
 
Confira a programação de hoje (21) e amanhã (22) - sinopses no link:http://www.festivalufcdecultura.ufc.br/cinema.php
 
Dia 21/10 – “Bamako” (2006), de Abderrahmane Sissako, e “Moçambique, jornal de uma independência” (2003), de Margarida Cardoso. Debate com Alain Pascal Kaly (Senegal) e Eurípedes Funes (UFC).
Dia 22/10 – “O último voo do flamingo” (2010), de João Ribeiro, e “A força de olhar o amanhã” (2006), de Euzhan Palcy. Debate com Dércio Braúna (UFC) e João Paulo Pinto Có (Guiné-Bissau).
 
A programação completa do III Festival UFC de Cultura, que este ano acontece simultaneamente aos Encontros Universitários 2010, está no site www.festivalufcdecultura.ufc.br. O III Festival UFC de Cultura é uma realização da Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da Universidade Federal do Ceará, com patrocínio do Banco do Nordeste e Banco do Brasil, ação cultural do Governo do Estado do Ceará e apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza, Câmara Municipal de Fortaleza, Coelce, Cetrede, Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará e Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura.
 
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC - (fone: 85 3366 7319)
-- 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Deusa é uma mulher de pele de porcelana e corpo esguio


O Banho de Psique. Pintura de Lord Frederic Leighton (1890) é uma das mais reproduzidas no mundo inteiro. Uma deusa de sensualidade, de pele branca como a porcelana, contempla seu reflexo enquanto se prepara para o banho. Duas colunas jônicas dão o contraponto para sua figura esguia, O corpo é perfeito assim é a composição de cores, nos tons meio tons brancos e amarelos 

domingo, 17 de outubro de 2010

Carta de recusa de Sartre ao Prêmio Nobel em 1964




“Lamento vivamente que este assunto tenha tomado
aparência de um escândalo; um prêmio foi concedido e
alguém o recusa. Isto se deve a que não fui informado
devidamente a tempo do que se preparava. Li no “Figaro Litteraire”,
de 15 do corrente mês, sob a assinatura do correspondente sueco
deste jornal, que a maioria na Academia Sueca era a meu favor,
mas não havia sido ainda definitivamente fixada, pelo que bastava
escrever uma carta à academia, o que fiz no dia seguinte, para pôr
um ponto final ao assunto e não mais se falasse dele.
Eu ignorava, então, que o Prêmio Nobel é outorgado sem que se
peça a opinião ao interessado e pensei que ainda era tempo de
impedi-lo. Mas compreendo muito bem que quando a Academia
Sueca faz sua escolha, já não pode voltar atrás.
As razões pelas quais renuncio ao prêmio não se referem nem à
Academia Sueca, nem ao Prêmio Nobel em si, como já expliquei
em minha carta à Academia. Nela invoquei duas espécies de razões;
razões pessoais e razões objetivas.
As razões pessoais são as seguintes: minha negativa não é um ato
improvisado. Sempre recusei as distinções oficiais. Quando,
depois da guerra, em 1945, me propuseram a Legião de Honra,
recusei-a, apesar de possuir amigos no Governo. Igualmente nunca
aceitei ingressar no Colégio de França como sugeriram alguns de
meus amigos.
Esta atitude é baseada em minha concepção do trabalho do escritor.
Um escritor que assume posições políticas, sociais ou literárias
somente deve agir com meios que lhes são próprios, isto é, com a
palavra escrita. Todas as distinções que possa receber expõem seus
leitores a uma pressão que não considero desejável. Não é a mesma
coisa seu assino Jean-Paul Sartre que se assino Jean-Paul Sartre,
Prêmio Nobel.
O escritor que aceita uma distinção deste gênero compromete,
também, a associação ou instituição que a outorga: minhas simpatias
pelos guerrilheiros venezuelanos somente a mim comprometem,
mas se o Prêmio Nobel Jean-Paul Sartre toma partido pela resistência
na Venezuela, arrasta consigo todo o Prêmio Nobel como
instituição.
O escritor deve, pois, negar-se a se deixar transformar em Instituição,
mesmo que isto se verifique pela mais honrosa forma, como no
caso presente. Esta atitude é inteiramente pessoal e, evidentemente,
não representa nenhuma crítica contra aqueles que já foram
premiados. Tenho muita estima e admiração por muitos dos laureados
que conheci pessoalmente.
Mas minhas razões objetivas são as seguintes:
– O único combate atualmente possível no campo da cultura é o da
existência pacífica das duas culturas, a do Leste e a do Oeste.
Não quero dizer com isso que seja necessário que se dêem abraços.
Sei perfeitamente que o confronto entre estas duas culturas deve,
por necessidade, adotar a forma de um conflito, conflito que deve
ter lugar entre homens e entre culturas, mas sem intervenção de
instituições.
Sinto pessoal e profundamente as contradições entre as duas culturas:
sou feito dessas contradições. Minhas simpatias vão inegavelmente,
para o socialismo e para o que se chama o Bloco do Leste,
mas vivi e me eduquei numa família burguesa e numa cultura burguesa.
Isto me permite colaborar com todos aqueles que querem
aproximar ambas as culturas. Espero, naturalmente que a melhor
ganhe, isto é, o socialismo.
Por isso é que não posso aceitar nenhuma distinção concedida pelas
altas instâncias culturais, tanto de Leste como do Oeste, mesmo
que admita sua existência. Embora todas as minhas simpatias vão
para o campo socialista, ser-me-ia impossível aceitar, por exemplo,
o Prêmio Lenine, se alguém me quisesse conceder, o que não se dá.
Sei muito bem que o Prêmio Nobel, por si mesmo, não é um prêmio
literário do campo ocidental, mas se transforma no que se faz dele
e podem suceder coisas que os membros da Academia Sueca não
podem prever.
Por isto que, na situação atual, o Prêmio Nobel se apresenta objetivamente
como uma distinção reservada aos escritores do Oeste
ou aos rebeldes do Leste. Não se premiou Neruda, que um dos
maiores escritores americanos. Nunca se pensou seriamente em
Aragon, que bem o merece. É lamentável que se tenha concedido o
prêmio a Pasternak e não a Cholokhov e que a única obra soviética
coroada seja uma editada no estrangeiro, proibida em seu país.
Poder-se-ia ter estabelecido um equilíbrio mediante um gesto análogo
no outro sentido.
Durante a guerra da Argélia, quando assinamos o Manifesto dos 111
eu teria aceito o prêmio com reconhecimento, porque ele não teria
honrado somente a mim, mas à liberdade pela qual lutávamos.
Mas isso não aconteceu e é somente no fim dos combates que se
entregam os prêmios.
Na motivação da Academia Sueca se fala de liberdade: é uma palavra
que se presta a numerosas interpretações. No ocidente, se fala de
liberdade num sentido geral. Entendo a liberdade de uma forma
mais concreta, que consiste no direito de ter mais de um par de sapatos
e de comer pão menos duro. Parece-me menos perigoso declinar do
prêmio do que aceita-lo. Se o aceitasse, me prestaria ao que se pode
chamar de uma ‘recuperação objetiva’. Afirma o artigo do ‘Figaro
Litteraire’ que ‘não se teria em conta meu passado político discutido’.
Sei que este artigo não exprime a opinião da Academia Sueca,
mas ele mostra claramente em que sentido seria interpretada minha
caeitação em certos meios de direita. Considero este ‘passado político
discutido’ como ainda válido, mesmo se disposto a reconhecer
certos erros passados perante meus camaradas.
Não quero dizer que o Prêmio Nobel seja um prêmio ‘burguês’,
mas esta seria a interpretação burguesa que dariam inevitavelmente
os meios que conhecemos.
Finalmente, resta a questão do dinheiro. É verdadeiramente grave
que a Academia coloque sobre os ombros do laureado, além da
homenagem, uma soma enorme. Este problema me atormentou.
Ou bem se aceita o prêmio e com a soma recebida se apóiam
movimentos ou organizações que se consideram importantes – de
minha parte seria o Comité Apartheit de Londres – ou bem se recusa
o prêmio em vista de virtude de princípios gerais, e se priva este
movimento ao apoio que necessita.
Renuncio, evidentemente, às 250.000 coroas porque não quero ser
institucionalizado nem ao Leste nem ao Oeste. Não se pode pedir
que se renuncie, por 250.000 coroas, aos princípios que não são
unicamente nossos, mas compartilhados por todos os nossos camaradas.
Foi isto que tornou tão penoso para mim tanto a atribuição
do prêmio como a recusa que manifestei. Quero terminar esta
declaração com uma mensagem de simpatia ao povo sueco.”

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Quero-te para sonho, não para te amar





    Dorme enquanto eu velo... 
    Deixa-me sonhar... 
    Nada em mim é risonho. 
    Quero-te para sonho, 
    Não para te amar. 
    A tua carne calma 
    É fria em meu querer. 
    Os meus desejos são cansaços. 
    Nem quero ter nos braços 
    Meu sonho do teu ser. 
    Dorme, dorme. dorme, 
    Vaga em teu sorrir... Sonho-te tão atento 
    Que o sonho é encantamento 
    E eu sonho sem sentir.
    Fernando Pessoa

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Música clássica gratuita no Dragão do Mar

A dica é do colega jornalista Roberto César:


Homenagem a Alberto Nepomuceno a quatro tons
O Quarteto Cearense, grupo vinculado à Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho, realiza concerto especial em memória à passagem dos 90 anos de morte do compositor fortalezense Alberto Nepomuceno, a transcorrer no próximo sábado, 16 de outubro.
Com programa dedicado ao introdutor do nacionalismo na música de concerto brasileira, a apresentação acontece no próprio dia 16, às 19h, no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A entrada é franca.
O Quarteto Cearense traz como proposta a formação de plateias e a difusão da música de câmara pelo estado do Ceará. Composto pelos músicos Humberto de Castro (violino), Paulo Ricardo (violino), Paulo Cleber (viola) e Jorge Lima (violoncelo), o grupo executa obras dos diversos períodos da música erudita.
A Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho é uma ação da Associação Artística de Concertos do Ceará (AACC), com o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Secult).

Programa:
Alberto Nepomuceno - Quarteto de cordas N°1 em Si menor.
I- Allegro Agitato.
II- Andante.
III- Scherzo.
IV- Allegro Spirituoso.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Show de graciosidade e arte na ponta da sapatilha


Muito bacana o pas de quatre, de Lago dos Cisnes, de Tchaikovski. Sempre visto com muito doçura e graciosidade, aqui ganha feições de impossibilidades desmentidas. Mas quem faz isso muito bem é o par principal. Nada mais espetacular do que a bailarina

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pintor ousa na intimidade das quatro paredes


Quadro de Francois Boucher, denominado de a Odalisca. O pintor era apadrinhado por mulheres ricas e seus trabalhos destinados para decorações e coleções particulares. Ao contrário dos impressionistas, não gostava de  pintura ao ar livre, principalmente se envolvesse contatos com a natureza. Achava que o cenário era muito verde e mal iluminado.

domingo, 10 de outubro de 2010

Beethoven retrata a alma da música no 3 th moviment


Ludwig van Beethoven (1770-1827), já sem ouvir e vivendo intensas paixões platônicas deixa como legado um retrato da alma musical. É uma sinfonia belíssima do começo ao fim, inclusive com grande coral, que equivale, guardadas proporções ao som do Grande Ditador de Charles Chaplin.
No entanto, o que mai me cativa é o romantismo desse trecho do 3th movimento.

sábado, 9 de outubro de 2010

Nietzsche se perde e vai parar no meretrício

Certo dia, em fevereiro de 1865, foi sozinho a Colônia, lá pediu a um guia que lhe mostrasse o que havia de especial na cidade, e por fim, pediu que o levasse a um restaurante. Mas este o levou a uma casa mal-afamada. Nietizsche me relata no dia seguinte; "De repente, eu estava rodeado por meia dúzia de aparições em gases e lantejoulas, que me olhavam expectantes. Fiquei ali parado por um momento, perplexo. depois instintivamente fui até um piano como a única criatura com alma naquele grupo e toquei alguns acordes. Eles me liberaram da minha paralisia, e saí dali.

Trecho de um relato de Paul Deussen, amigo de infãncia de Nietzsche que relata o alheamento do filósofo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

lágrimas ocultas

POESIA


LÁGRIMAS OCULTAS 

Florbela Espanca


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida.

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Calaram-se as cordas para a música de Vargas Llosa

Calaram-se as cordas. Já não se ouvem mais os descontentes. A vitória de Vargas Llosa, vencedor este ano do Prêmio Nobel de Literatura, repete o reconhecimento para mais um nome da literatura das Américas. No passado ainda próximo,  Jean-Paul Sartre, ao explicar porque recusava o mesmo prêmio.  dizia que não se olhava para as Américas, assim como não se dava a mínima para a revolução venezuelana. Ele achava que naquele momento devia  homenagear o chileno Pablo Neruda.
O Continente foi muito bem representando anteriormente por Gabriel García Márquez, escritor colombiano e que eu percebia ser muito mais sedutor, do que qualquer outro escritor lido em meados da década de 1980. Isso valia também para Llosa, que subverteu o tempo em Conversa na Catedral. foi também político atuante, enfrentando Fujimore e, num período anterior, a ação do Sendero Luminoso.
Entender porque a literatura se desenvolveu tanto na América do Sul, com suas justiças e injustiças, se dá porque tivemos uma considerável herança humanística dos colonizadores católicos e uma sensibilidade latina incomum. Talvez sim, talvez não.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Beijo só não consegue fundir as almas dos amantes

O Beijo, de Gustav Klint,  dá ideia de entrega e extrema sensualidade. O corpo da mulher se envolve numa disposição audaciosa. 
O colorido e os diferentes padrões de ornamentações reforçam a vocação de Klint para decorador e artista consagrado, a ponto de ser contemporâneo de seu sucesso.
O bem estar maior que o quadro oferece é a tentativa do artista em sempre querer, de maneira  impossível,  fundir almas, através de seus corpos.
A Escultura  O Beijo, de Rodin, também aborda o tema, com uma intensidade diferente. Em Klint, o dourado prevalece sobre as cores, dando uma atmosfera mística.

O quadro se encontra no Kunsthistorisches Museum , em Viena

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poesia é um benefício público

Pablo Neruda tem fama de ser bom poeta, mas com livros intragáveis, a exemplo de Canto Geral. Tanto assim, que havia inspirado os versos da música de Chico Buarque, "devola o Neruda que você me tomou e nunca leu". Ele é um poeta maravilhoso e nos ensina que o ofício é gerar pratos de cerâmica, mesmo que feitos por mãos rudes
Meu primeiro livro! Sempre sustentei que a tarefa do escritor não é misteriosa nem mágica, mas que, pelo menos a do poeta é uma tarefa pessoal, de benefício público. O que mais se parece com a poesia é um pão ou um prato de cerâmica ou uma madeira delicadamente lavrada, ainda que por mãos rudes. No entanto creio que nenhum artesão pode ter, como o poeta tem, por uma única vez durante a vida, esta sensação embriagadora do primeiro objeto criado por suas mãos, com a desorientação ainda palpitante de seus sonhos. È um momento que não voltará nunca mais. Virão muitas edições mais cuidadas e belas. Chegaram suas palavras vertidas na taça de outros idiomas como um vinho que cante e perfume em outros lugares da terra. Mas esse minuto de arrebatamento e embriaguez, com som de asas que revoluteiam e de primeira flor que se abre na altura conquistada, esse minuto é único na vida do poeta. (Confesso que vivi, p. 53).

Português tem ideia fixa por portas e janelas

Foto: Marcus Peixoto
O Casarão dos Pinhos, em Viçosa do Ceará, a 440 quilômetros de Fortaleza, faz parte de um conjunto arquitetônico, que integra ainda as edificações do chamado Beco dos Pintos. Chama a atenção a composição de portas e janelas, num labirinto de quartos, salas e escritórios.
O município se destaca por primar construções do século XIX, na Serra da Ibiapaba, onde já não são mais tão verdejantes suas matas e nem tão desenvolvidas as vocações culturais regionais.
Os festivais de música têm contribuído para elevar Viçosa a um patamar superior, pois há compromissos e paixões pela história do Ceará.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um artista com a rebeca e 15 filhos para criar

Foto: Marcus Peixoto
No dia 20 de agosto passado, Francisco Cordeiro Xavier, conhecido por Chico Dozinho, completou 90 anos de idade. Nascido e criado em Santa Teresa, distrito de Tauá, a 350 quilômetros de Fortaleza, ele não é apenas um bom exemplo de longevidade. Sua arte com a rebeca tem uma agradável textura campestre, que inclui composições de Luis Gonzaga, Humberto Teixeira e Luis Assunção. "Tinha que ser artistas, principalmente tendo 15 filhos para criar", disse.
O lugar onde mora é seco nesse período do ano. A vegetação praticamente inexiste nos Inhamuns, mas nem de longe lembra os tempos de sequidão. Como músico autodidata, lembra nas variações dos acordes os momentos tristes e alegres, tendo o instrumento como o companheiro fiel na solidão.

V Mostra de Cinema Africano integra III Festival UFC de Cultura



 
A sétima arte como recurso de resistência e luta pela democracia na África. Com o tema “In-dependências”, a IV Mostra de Cinema Africano acontece este ano entre os dias 18 e 22 de outubro, integrando a programação do III Festival UFC de Cultura. Os dois eventos se unem para exibir, na Sala Benjamin Abrahão, da Casa Amarela Eusélio Oliveira, nove longas-metragens independentes, entre ficção e documentário, que passaram ao largo do circuito comercial cinematográfico. Confira a programação no site www.festivalufcdecultura.ufc.br. Como em todas as atividades do Festival, a entrada é gratuita.
A Mostra será aberta às 16h do dia 18 com palestra do escritor e realizador angolano Ndalu Almeida, mais conhecido por seu pseudônimo Ondjaki. Formado em sociologia e poeta premiado, ele trabalha, desde 1998, como roteirista e diretor em diversos projetos para televisão e cinema. Ondjaki vem apresentar seu mais recente longa-metragem, “Oxalá cresçam pitangas”, dirigido em parceria com Kiluanje Liberdade. Após a exibição dos filmes, que tem início sempre às 16h, pesquisadores e especialistas do Senegal, Angola e Congo, além de professores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e da UFC, irão debater as produções em cartaz na Mostra.
Com curadoria e coordenação geral do Prof. Franck Ribard, do Departamento de História da UFC, a Mostra é uma realização do grupo de pesquisa “Trabalhadores Livres e Escravos no Ceará: diferenças e identidades”, em parceria com a Cinemateca da Embaixada da França no Rio de Janeiro. Segundo Ribard, a ideia da Mostra “é comemorar, no sentido de recordar e, ainda mais, problematizar o que foi um longo processo de lutas, de esperanças e de expectativas, à luz da situação atual do continente, da memória desse processo e da produção cinematográfica africana”. Alguns países africanos estão em plena comemoração pelos 50 anos de soberania pós-colônia. Para o coordenador-geral, a IV Mostra de Cinema Africano tem como dimensão fundamental a experiência sócio-política individual e coletiva dos sujeitos, o que permite refletir sobre as dinâmicas das sociedades africanas contemporâneas.
Confira a programação:
Dia 18/10 – Palestra do escritor e realizador audiovisual Ondjaki, seguida da exibição de seu mais recente longa-metragem, “Oxalá cresçam pitangas” (2006).
Dia 19/10 – “Tasuma, o fogo” (2003), de Kollo Daniel Sanou, e “Dernière tombe à Dimbaza” (1973), de Nana Mahamo. Debate com Ibrahima Thiaw (Senegal) e Ana Mónica Lopes (UFAL).
Dia 20/10 – “Lumumba” (2000), de Raoul Peck, e “Zimbábue: contagem regressiva” (2004), de Michael Raeburn. Debate com Jacques Depelchin (Congo) e Franck Ribard (UFC).
Dia 21/10 – “Bamako” (2006), de Abderrahmane Sissako, e “Moçambique, jornal de uma independência” (2003), de Margarida Cardoso. Debate com Alain Pascal Kaly (Senegal) e Eurípedes Funes (UFC).
Dia 22/10 – “O último voo do flamingo” (2010), de João Ribeiro, e “A força de olhar o amanhã” (2006), de Euzhan Palcy. Debate com Dércio Braúna (UFC) e Felipe Zau (Angola).
A programação completa do III Festival UFC de Cultura, que este ano acontece simultaneamente aos Encontros Universitários 2010, estará, em breve, no site www.festivalufcdecultura.ufc.br. Novidades já podem ser acompanhadas pelo twitter do evento (@IIIFestivalUFC).
O III Festival UFC de Cultura é uma realização da Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da Universidade Federal do Ceará, com patrocínio do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil, numa ação cultural do Governo do Estado do Ceará e apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza, Câmara Municipal de Fortaleza, Coelce, Cetrede, Associação dos Docentes da UFC e Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC).
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC - (fone: 85 3366 7319)

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Universidade Federal do Ceará - UFC
Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional 
(85) 3366.7331 / 3366.7330

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Markova é de partir corações


Alicia Markova (1910-2004), bailarina inglesa, una de las figuras más importantes del ballet británico.
Nació en Londres, y su verdadero nombre era Lilian Alicia Marks. Debutó a los 10 años y en 1924 se unió a los Ballets Rusos, la compañía del empresario Sergei Diáguilev, donde permaneció hasta su disolución en 1929. A la muerte de este, continuó su carrera en el Vic-Wells Ballet (en la actualidad, Royal Ballet), la Camargo Society y el Ballet Rambert. En 1935 fundó su propia compañía con el bailarín británico Anton Dolin, el Markova-Dolin Ballet, que funcionó hasta 1938, y en 1950 juntos crearon el London Festival Ballet. De 1963 a 1969, tras abandonar los escenarios, fue directora del Metropolitan Opera Ballet de Nueva York y de su escuela de danza.
Famosa por la ligereza de sus movimientos, la delicadeza de su expresión y la gracia interpretativa, Markova sobresalió en personajes clásicos, como Giselle y El lago de los cisnes, y en otros trabajos de coreógrafos modernos británicos, como Antony Tudor. Falleció el 12 de febrero de 2004.
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