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sábado, 31 de março de 2012

Dideus lança livro e CD no Museu Jaguaribano



O CD “Entre amigos, poemas e canções” e a reapresentação do livro “Nos Cafundós do Sertão”, do poeta e compositor Dideus Sales, foram lançados, ontem, no Museu Jaguaribano, em Aracati. O evento integra as festividades dos 50 anos de vida do artista cearense.
Ambas as obras têm como temática o regionalismo e forte inspiração no cordel, especialmente o livro “Nos Canfundós do Sertão”, que foi teve o lançamento de sua 13ª edição, revista e ampliada. A publicação é composta por um só poema, feito em homenagem ao também poeta Patativa do Assaré em vida, e cada estrofe recebe ilustrações de Audifax Rios.
Já o CD é composto por 12 poemas, que foram musicados por Rogério Franco, Claudo Ferreira e Tião Simpatia. Também assimilam a temática regional, à exceção de Estação Perdida, cantado por Lorena Nunes, que aborda o mundo existencialista vivido pelo autor.
Segundo Dideus, a homenagem que aconteceu no Museu Jaguaribano foi uma forma de comemorar o meio século de existência e ainda difundir mais a poesia e a música nordestina. Na ocasião, a apresentação coube ao membro da Academia Cearense de Retórica, Barros Alves.
“Para mim, é uma alegria imensa essa iniciativa cultural, porque estou expandindo minha produção criativa e tornando-a mais próxima do povo”, disse o poeta.
Inspiração
dideus nasceu em Crateús, no sertão dos Inhamuns, e vive há 16 anos em Aracati. Desde cedo, teve grande inclinação para a manifestação artística.
“Tive uma convivência muito próxima com Patativa, em sua casa em Assaré. E viajávamos juntos, aumentando ainda mais sua influência sobre meu trabalho”, disse.
Além de Patativa, outros autores que influenciaram Dideus foram Ivanildo Vila Nova, Pedro Bandeira e Hernandes Pereira. Para o autor, cada um desses poetas contribuíram para sedimentar sua vocação e persistir numa carreira, onde sempre foi permeada pela observação, contemplação e exaltação dos temas sertanejos.
Dificuldades
O autor reconhece que há um certo mito quando se fala em dificuldade para se prosseguir na carreira artística, especialmente como poeta popular.
Lembra que é autor de 13 livros, todos com edições esgotadas. Além disso, salienta que sua obra tem um reconhecimento que lhe é muito caro pela relevância cultura, que é fazer parte da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. “Acredito que quando um artista tem uma obra consiste, ele não deve se preocupar com o fracasso. No meu caso, sou feliz pelo êxito obtido”, afirmou o escritor.
Tanto o CD quanto o livro foram vendidos por R$ 30,00, durante a noite de lançamento no Museu Jaguaribano. Hoje, haverá ainda o lançamento de mais uma edição da revista Gente de Ação, também como parte das festividades do aniversário de Dideus. Para ele, é um tempo de muita alegria e satisfação, que compartilha com amigos e com os amantes da poesia.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Assembleia Legislativa realiza I Festival de Música



Revelar talentos, reconhecer os músicos da Terra e contribuir para o crescimento e a valorização dos nossos artistas. É com esse objetivo que acontece o I Festival de Música da Assembleia Legislativa, cujas inscrições seguem até o dia 15 de abril, no site do Parlamento Estadual (www.al.ce.gov.br).

Segundo o presidente da Casa, deputado Roberto Cláudio, “a Assembleia, seguindo o exemplo dos festivais que já serviram de vitrine para tantos nomes da Música Popular Brasileira, abre esse novo espaço e oferece aos músicos cearenses mais uma oportunidade de crescimento e destaque”.

Após o término das inscrições, a Comissão de Curadoria fará a seleção de 36 composições que participarão das seis fases eliminatórias. Doze músicas participarão da final e irão integrar CD e DVD produzido durante a competição.

Podem participar do Festival compositores brasileiros, nascidos ou residentes no Ceará, desde que inscrevam suas composições em português. Sendo que cada participante só poderá inscrever uma composição inédita (letra e música) que não tenham sido gravadas em CD, DVD, teipes, comerciais e filmes. Só serão aceitas inscrições realizadas pela internet.

Como premiação aos vencedores o I Festival de Música da Assembleia está oferecendo, além de um troféu, R$ 10.000,00 (dez mil reais), para o primeiro lugar, R$ 7.000,00 (sete mil reais), para o segundo e R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para o terceiro e ainda, 3.000,00 (três mil reais), para melhor intérprete e o mesmo valor para música mais popular.

A final do I Festival de Música da Assembleia acontece dia 26 de maio no auditório do Centro Cultural do Parlamento Cearense (CCPC), no novo prédio da instituição.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Chico assevera que saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu



Pedaço de Mim
Chico Buarque

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

quarta-feira, 28 de março de 2012

Poesia é como um punhal que fere o seio e o colo de graça fatal




Inês ou a solidão
 Maria José Batista
Na tempestade de um tempo maldito  
Extingue-se o sol, o calor, o coração aflito 
Ouve-se o uivo do chacal, o uivo da fera
No vazio idêntico da solidão que se apodera

Do espírito e da alma como um punhal
Fere o seio, o peito, o colo de graça fatal
Silencia na cova comida até ao pó
Até à inerte substância de criatura só

O choro e o riso do poder  grandioso
Do despudor de um amor poderoso
 A sete palmos da terra… é rainha sim!

Dos imensos invernos,  da imensa  miséria
De estrelas, de sóis, de luas de quem sorria
Pelo  crime de tanto…tanto amar assim…

segunda-feira, 26 de março de 2012

Arthur Barbosa estreia na regência da Orcec com “As Quatro Estações” de Vivaldi

Maestro Arthur Barbosa. Foto: Divulgação

O maestro Arthur Barbosa inicia, quarta-feira, seu trabalho como regente da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho (Orcec).  O Concerto Universitário, que acontece  às 19h, no auditório da Faculdade 7 de Setembro, e o Concerto Solidário, na quinta-feira, dia 29, às 19h, no Palco Principal do Theatro José de Alencar. apresentam  como obra principal, “As Quatro Estações”, do compositor italiano Antonio Vivaldi. Ambos com entrada franca.
A peça é composta por quatro concertos para violino e orquestra, dedicados cada um a uma estação (Primavera, Verão, Outono e Inverno), sendo uma das mais conhecidas da música de concerto em seu período barroco. Para a abertura, outra peça de Vivaldi, Sinfonia in B Minor “Al Santo Sepolcro”.
A Orcec convidou ainda o violinista Emmanuele Baldini para atuar como solista nos concertos. Aluno de conceituados conservatórios e vencedor de diversos prêmios musicais internacionais, o instrumentista, desde 2005, é spalla da Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp), tendo sido o membro fundador do Quarteto Osesp, no qual atua como 1º Violino. Baldini possui ainda uma discografia bastante elogiada tanto pelo público quanto pela crítica.
 “As Quatro Estações” são reconhecidas ainda por terem, acompanhando cada concerto, um soneto dedicado à sua respectiva estação. Não se sabe ao certo a autoria dos textos, mas acredita-se que o próprio Vivaldi os tenha escrito. Reafirmando a vocação de valorizar sua identidade regional, por sugestão do maestro Arthur Barbosa, a Orcec convidou o poeta Pedro Sampaio para adaptar os sonetos à realidade no Nordeste, e recitá-los em seus respectivos momentos. A convergência de linguagens artísticas promete ser outro ponto alto dos Concertos Universitário e Solidário.
O recital será acompanhado por um prelúdio ao som do cravo de Fernando Cordella. Cravista, docente e pesquisador em música dos séculos XVII e XVIII, Fernando Turconi Cordella é diretor artístico da Confraria Música Antiga StudioClio, da  Sociedade Bach Porto Alegre, e da Orquestra de Câmara de Carazinho, onde atua  como maestro titular. Atua como solista de cravo e baixo continuísta em diversas orquestras, e participa regularmente, desde 2007, como cravista oficial do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga em Juiz de Fora, MG.
A Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho é uma ação da Associação Artística de Concertos do Ceará, com o apoio do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura. Neste concerto, conta ainda com o apoio do Theatro José de Alencar e da Faculdade 7 de Setembro.

domingo, 25 de março de 2012

Triângulo amoroso inspira as melhores manifestações da arte

´Série de Tv Capitu. Imagem: Divulgação

Com a disseminação da pornografia pelos canais de televisão fechados e até abertos, nas revistas, e até mesmo na internet, a pergunta que se faz é se houve ou não maior motivação para o adultério. As opiniões se dividem e as correntes tendem para o moralismo, com pseudos argumentos inclusive, e outros para uma crença que o temor da Aids e a emancipação feminina preponderam muito mais para uma monogamia mais racional e mais blindada aos arroubos impetuosos.
Fatal como a morte, o triângulo amoroso tem servido ao longo da existência humana de "matéria prima" para os artistas, os quais encontram no amor a três inspiraçãoe beleza estética. Literatura, cinema e música são impregnados pelo tema, como se os tormentos fossem expiados e sublimados pelo imaginário criador.

Madame Bovary, de Flaubert e Ana Karenina, de Tolstoi, são exemplos clássicos da literatura universal que abordam a infidelidade nas relações amorosas. Ambas as personagens femininas, talvez punidas pelo inconsciente machistas, pagam com a vida o preço de suas buscas de amor: Madame Bovary é envenenada e Ana Karenina se joga tragicamente de um trem.
A literatura brasileira reserva também um bom número de histórias de adultério e traições. Dom Casmurro, de Machado de Assis, mostra uma Capitu capaz de levar seu amante ao delírio de ciúmes e desconfianças. Ela igualmentente não sobrevive até o final do romance.
Do mesmo modo é farto o assunto no cinema: Amargo Regresso, a Bela da Tarde, Esposamente, Atração Fatal...Agora, pelo menso dois ironizam radicalmente o mais prosaico instrumento inventado pelo homem para garantir a fidelidade de suas mulheres, o cinto de castidade. "Tudo que você queria saber de sexo', de Woody Allen, e Obscuro objeto de desejo, de Buñel, relembram a peça criada pelos que partiam para as Cruzadas, na Idade Média, com a certeza de que se vivos retornassem para seus lares, trariam sobre suas cabeças apenas os louros da vitória.
Cena de A Bela da Tarde

As desditas amorosas provocadas pelas mulheres que buscam outros braços para seus alentos tiveram nos compositores da velha guarda da Música Popular Brasileira um campo fértil de inspiração muscial, sendo os seus principais expoentes Noel Rosa e Lupíscínio Rodrigues, com as composições "Vingança" e "Nervos de aço". O tema é também retomado por Roberto Carlos (Detalhes) e Chico Buarque (Olhos nos Olhos).
Para mim, a mais impressionante obra que trata da não aceitação da perda amorosa está no filme "A mulher do lado", de François Truffaut. A personagem mata o amante e em seguida se mata. no seu túmulo é escrito o epitáfio "Nem com você, Nem sem você".

sábado, 24 de março de 2012

Ikiru - Réquiem para Pina Bausch se apresenta hoje no Theatro José de Alencar


O Theatro José de Alencar apresenta, hoje,  o espetáculo Ikiru – Réquiem para Pina Bausch,solo no qual o bailarino, coreógrafo e diretor japonês Tadashi Endo responde suas questões criativas, unindo de maneira muito particular referências do Butoh-MA e da Dança Teatro.
A apresentação tem o apoio da Vila das Artes, equipamento da Prefeitura de Fortaleza. Em Ikiru (“vida”, em japonês), Tadashi celebra a brevidade da vida e homenageia seus mestres mortos.
Criado em 2009, o espetáculo foi apresentado parcialmente em Berlim e Barcelona. Sua primeira versão completa estreou no Brasil, em Campinas, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador e Fortaleza (confira trecho). A apresentação começa às 20h, e os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
No mesmo dia, às 15h, Tadashi Endo fará uma demonstração do Butoh-Ma, a base de sua dança. Os espectadores são convidados a levar flores. O acesso é gratuito, por ordem de chegada. Tadashi Endo é bailarino de Butoh, coreógrafo, diretor do “Mamu – Butoh Center” e diretor artístico do festival “Mamu International Butoh Festival” em Göttingen, Alemanha.  Reúne em seu fazer artístico a sabedoria das tradições da dança e do teatro, Ocidental e Oriental, construindo um trabalho único e extremamente pessoal.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Unilab já conta com alunos do Timor Leste

Ao todo, serão 69 alunos que virão de Timor Leste, país asiático
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), com um campus instalado em Redenção, a 63 quilômetros de Fortaleza (CE), deverá contar com quase 300 alunos estrangeiros a partir de junho deste ano. A grande novidade é a participação de 69 jovens do Timor-Leste, entre 18 e 23 anos. Desde ontem, 43 estudantes daquele País já se encontram em Fortaleza, estando acolhidos no Centro de Formação Frei Humberto, no bairro de São João do Tauape.
Dentre os que chegaram na madrugada de ontem está o estudante Setembriano Patrício, de 20 anos. Ele veio ao Ceará para cursar Engenharia de Energia, e, por tanto, nutre grande expectativa de retornar ao seu País e dar uma guinada radical na sua vida, não apenas no plano econômico, como de prestar um serviço para sua comunidade.
“Tenho grandes esperança de um bom aprendizado e boas convivência. Acredito que meu interesse e a disponibilidade da Universidade se unirão para oferecer um curso de qualidade”, disse o estudante, que ressalta que precisará de tempo para se adaptar desde o fuso horário (com 12 horas de diferença) até alimentação e hábitos sociais.
A Unilab é uma instituição de ensino superior do governo brasileiro e tem como missão estabelecer convênios de cooperação com os países lusófonos para o desenvolvimento mútuo da educação superior. No caso do Timor-Leste, foi assinado um convênio de cooperação bilateral entre a Unilab e a Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (Timor-Leste).
Em fevereiro o blog Sobrearte já havia  antecipado nesta nova demanda de alunos estrangeiros. A fonte foi o Ministério das Relações Exteriores, que chegou a estimar em 300 o total de estudantes de outros países falam o Portuguës.
Nos próximos dias, os timorenses irão regularizar os processos burocráticos de permanência no Brasil em órgãos federais e participar de passeios culturais para conhecer a capital do estado, Fortaleza. Eles chegam à Redenção na manhã do dia 26 de março para uma cerimônia de acolhida, com a presença de várias autoridades, inclusive do Embaixador do Timor-Leste no Brasil, Domingos de Sousa. O começo das aulas do grupo está previsto para o início do mês de abril. A Universidade oferece uma grade voltada para assuntos de primeira ordem em países em desenvolvimento como Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné Bissau e, agora, Timor Leste, tais como Administração Pública, Agronomia, Ciências Humanas, Ciências e Matemática, Enfermagem, Engenharia de Energias e Letras. Os alunos fazem suas refeições e dormem no próprio campus.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Nureyev e Margot Fonteyn permitem a perfeição do balé


Nureyev e Margot Fonteyn em Les Sílfildes


Esta produção da televisão inglesa, de 1963, com o título An Evening with the Royal Ballet, é uma das mais belas homenagens ao balé clássico, tendo como principais estrelas Rudolf Nureyev e Margot Fonteyn. A exibição está dividida em quatro partes, que são excertos de obras primas do balé clássico. A primeira é Les Sylphides, composta em um único ato e que teve sua primeira apresentação em 1909. Com música de Chopin, o balé apresenta como cenário um bosque onde um jovem sonhador está cercado de sílfides bailando como se fossem anjos ao seu redor. Não existe uma história. Apenas as composições lírica e onírica, onde a beleza feminina se destaca por todo o corpo de baile, não obstante a presença de Nureyev.
Em seguida, vem Le Corsaire. Aqui o mérito da dança é todo do bailarino russo, que contrapõe o conceito de que a presença masculina no bailado é apenas para segurar e suportar a bailarina. Pelo contrário, revela toda a técnica e o virtuosismo. O corsário é distribuído em três atos e cinco cenas. Do poema original de Lord Byron, datado de 1814, foram criados cinco ballets iniciais.
Em Seguida, exibe-se La Valse, com música de Maurice Ravel. O excerto se dá com uma bruma de nuvens, encobrindo o cenário, que aos poucos vai se esvaindo para ceder lugar à musica, aos dançarinos e, principalmente, o requinte da produção.
Por fim, temos o Casamento de Aurora, de A Bela Adormecida, com Margot Fonteyn e David Blair. Aurora desperta após 100 anos que foi envenenada. Felizmente, encontra o princípe e seu casamento é o desfecho feliz para a história que trata da inveja e das vaidades. A música é de Pyotr Ilyich Tchaikovsky, autor, além da Bela adormecida, dos mais belos bailados como o Lago dos Cisnes e a peça de Natal, o Quebra Nozes.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Quer chova ou faça sol, o amor chega às alturas

Kid Júnior


Gostei da escolha do Diário do Nordeste para a fotografia do mês (período novembro/dezembro). A preferência pelo melhor trabalho foi do colega Kid Junior, que ilustrou matéria publicada em 16 de dezembro passado com o título "Casal se abriga nas Alturas". Com a lente voltada de cima para baixo, o repórter fotográfico mostrou um beijo terno de um casal, apesar da precariedade do abrigo: o alto de uma marquise de uma parada de ônibus.
Em meio à ternura, observa-se as condições miseráveis de convivência. Costuma-se dizer que as dificuldades iniciais que acontecem num casamento depois passam a ser lembradas com muito carinho, quando marido e mulher ascendem socialmente. É como se descobrissem o vigor amoroso, que fenece em meio às exigências e o artificialismo da vida burguesa. Kid Júnior conta que foi chamado para fazer a fotografia, instigado por um outro colega, o Luis Carlos Moreira. Para tanto, subiu a marquise. "Não pedi para que se beijassem. Tudo aconteceu naturalmente", conta o fotógrafo.
A reportagem descobriu que se tratavam de Gerliane Sousa, 34, e Ismael Araújo, 31. Provenientes do Pará, não conseguiram emprego nem teto em Fortaleza. Daí foram viver na Avenida Pessoa Anta, na Praia de Iracema. Ao invés da cobertura de um dos edifícios de luxo do bairro, passaram a morar em cima de uma parada de ônibus. Enfim, as recordações dos tempos de pobreza acabam unindo, quando o tédio ou mesmo o desamor batem à porta da familia. Tomara que seja assim para Gerliane e Ismael.

terça-feira, 20 de março de 2012

Editora brasileira adere ao projeto mundial Escritores do Bem

A editora do Bem vem mobilizando autores brasileiros para compor edições da primeira edição do projeto Escritores do Bem. A iniciativa é inspirada no Pay it Forward Day – surgido na Austrália, em 2007, alusivo ao livro Pay it Forward, de Catherine Ryan Hyde, e ao filme protagonizado por Kevin Spacey, Helen Hunt, James Caviezel e Haley J. Osment – A Corrente do Bem é um movimento da sociedade civil que tem a proposta de mobilizar as pessoas a incluir práticas e ações de gentileza no cotidiano. Associado ao movimento colaborativo A Corrente do Bem, o projeto Escritores do Bem visa incentivar autores nacionais a produzir textos literários inéditos sobre organizações não governamentais que atuam nos quatro cantos do Brasil. A proposta é que os escritores contem a história de ONGs por meio de personagens reais, gente que transforma positivamente a vida de milhares de brasileiros – adultos, idosos, jovens e crianças que vivem em situação de risco social. A Primavera Editorial é a primeira editora a apoiar a ação colaborativa e transformará os textos em um livro digital; a coletânea terá download gratuito e ficará disponível no site www.acorrentedobem.org. Entre os primeiros autores a integrar o projeto estão Léa Michaan, Núria Torrents, Gilberto Abrão, Márcio Kroehn, Bruno Chiarioni, Luis Eduardo Matta, Edna Bugni e Stella Kochen Susskind. Nessa iniciativa voluntária, os Escritores do Bem vão produzir textos de até sete mil caracteres que serão doados para A Corrente do Bem. Esses textos, por sua vez, se tornarão um importante conteúdo para o site do movimento – um portal de divulgação ampla sobre iniciativas do terceiro setor, uma forma de dar visibilidade a iniciativas de milhares de brasileiros que lutam para combater a miséria. De acordo com Leonardo Elói, idealizador do movimento no Brasil, no futuro, o portal A Corrente do Bem será um elo entre entidades não governamentais e voluntários de todo o Brasil: pessoas comuns interessadas em doar tempo, expertise e talento em prol de fazer o bem. “Trata-se de uma forma simples de atingir o propósito de transformar a cultura das pessoas em relação ao altruísmo, solidariedade e irmandade; uma iniciativa geradora de resultados”, afirma Elói. Para manter a transparência, as entidades e iniciativas que vão inspirar os textos serão selecionadas pelos próprios autores da Primavera Editorial. Segundo Lourdes Magalhães, presidente da Primavera Editorial, a proposta de transformar cada cidadão do planeta em agente da transformação sociocultural cativou toda a equipe da editora desde a primeira edição de A Corrente do Bem. “Estamos muito exultantes com a oportunidade de ampliar a participação da Primavera Editorial no movimento colaborativo. A proposta de engajar os autores em um projeto que une literatura e ação social está em sintonia com o que acreditamos ser a verdadeira democratização da leitura”, afirma Lourdes. Em 2011, a editora brasileira alinhada ao conceito de “butique de livros” doou 60 exemplares da obra Um chef sem segredos: receitas consagradas explicadas passo a passo, de Luiz Cintra para a ONG Banco de Alimentos. Os livros foram enviados às cozinheiras que atuam em entidades assistidas pela organização não governamental que, além das doações de alimentos, ministra workshops periódicos destinados a ensinar práticas de aproveitamento integral dos alimentos. A ação conjunta esteve inserida na proposta de inspirar atos de gentileza; como parte da disseminação do movimento, as cozinheiras receberam uma pequena carta, explicando a ação e solicitando que propagassem a ideia; que passassem adiante os atos de generosidade. A ONG Banco de Alimentos é pioneira no Brasil no conceito de colheita urbana, atuando com o desafio diário de “buscar onde sobra para levar onde falta”. A CORRENTE DO BEM Criado pelo australiano Blake Beattie, em 2007, o movimento Pay it Forward Day (A Corrente do Bem) tem como proposta motivar as pessoas a incluir práticas de gentileza e generosidade no cotidiano. Inspirado na obra Pay it Forward, de Catherine Ryan Hyde, a ação – que contou com a adesão de 250 mil pessoas em 2010 – chegou ao Brasil em 2011 com o desafio de mostrar que boas ações são simples, rápidas, divertidas e têm um enorme potencial de transformar a sociedade. Na prática, o impacto social de uma boa ação, de um gesto de carinho ou de uma gentileza gera um fator multiplicador de bem-estar social. Hoje, a iniciativa está presente em 38 países: Austrália, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, África do Sul, Inglaterra, Cingapura, México, Escócia, Irlanda, Itália, França, Fiji, Rússia, Índia, Holanda, Bélgica, Noruega, Argentina, Espanha, Turquia, Síria, Croácia, Bósnia, Herzegovina, Coreia do Sul, Porto Rico, Suécia, Costa Rica, Indonésia, El Salvador, Moçambique, Guatemala, Colômbia, Dinamarca, Georgia (Europa) e Áustria. Com a meta de inspirar mais de 3 milhões de atos de gentileza em todo o mundo, a edição 2011 de A Corrente do Bem teve por marco o dia 28 de abril – anualmente, a última quinta-feira do mês de abril – para uma mobilização global, em larga escala, em torno do chamado Pay it Forward Day (Dia Mundial da Boa Ação). Nessa data, milhares de pessoas confirmam a sua adesão, praticando um ato de gentileza, algo simples e desinteressado; a pessoa deve fazer um único pedido: o beneficiado pelo ato deve passar adiante a gentileza. Segundo Leonardo Elói, idealizador da realização do movimento no Brasil, “o propósito é transformar a cultura das pessoas em relação ao altruísmo, solidariedade e irmandade de uma forma simples, cool e geradora de resultado”. Membro da comunidade internacional TED e host do TEDxSudeste, Eloi é um dos idealizadores de A Corrente do Bem ao lado de Livia Hollerbach e Mariana Fonseca; Rogério Leão atua como um dos coordenadores. Em 2012, o Dia Mundial da Boa Ação será celebrado em 26 de abril e mobilizará ações em 38 países. PRIMAVERA EDITORIAL Alinhada ao conceito de “butique de livros”, a Primavera Editorial adota como proposta associar a leitura ao entretenimento e lazer qualificado – assim como o cinema, teatro e artes plásticas. Criada na primavera de 2008, a editora possui um catálogo peculiar, composto por obras de autores nacionais e estrangeiros que têm por linha mestra a produção de uma literatura moderna e de qualidade ímpar, que evoca hábitos e costumes de diferentes povos e épocas; uma literatura instigante e criativa, que se transforma em uma maneira lúdica e pouco convencional de entender melhor a influência das culturas na formação dos povos. O portfólio da editora é composto por títulos de FICÇÃO que oferecem aos leitores a possibilidade de viver emoções que não fazem parte do enredo cotidiano. No selo BIZ, o destaque recai para obras relevantes para a gestão de negócios e que oferecem aos leitores a possibilidade de inovar, repensar e alavancar resultados corporativos. O selo EDU – uma alusão à palavra inglesa education, associada à educação continuada – investe na publicação de obras de não ficção que oferecem aos leitores possibilidades de reflexão, aprendizado e aplicação de conceitos. Com o selo PSI, a Primavera Editorial lança obras técnicas que oferecem aos leitores das áreas de psicologia e psicanálise a possibilidade de crescimento, reflexão e aprendizado continuado. Fonte: assessoria de imprensa

segunda-feira, 19 de março de 2012

Patativa para todo lado que "oia" vê um verso se "bulir"



Cante Lá que eu canto cá

Patativa do Assaré
(1909-2002)

Poeta, cantô de rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.

Se aí você teve estudo,
Aqui, Deus me ensinou tudo,
Sem de livro precisá
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá, que eu canto cá.

Você teve inducação,
Aprendeu munta ciença,
Mas das coisa do sertão
Não tem boa esperiença.
Nunca fez uma paioça,
Nunca trabaiou na roça,
Não pode conhecê bem,
Pois nesta penosa vida,
Só quem provou da comida
Sabe o gosto que ela tem.

Pra gente cantá o sertão,
Precisa nele morá,
Tê armoço de fejão
E a janta de mucunzá,
Vivê pobre, sem dinhêro,
Socado dentro do mato,
De apragata currelepe,
Pisando inriba do estrepe,
Brocando a unha-de-gato.

Você é muito ditoso,
Sabe lê, sabe escrevê,
Pois vá cantando o seu gozo,
Que eu canto meu padecê.
Inquanto a felicidade
Você canta na cidade,
Cá no sertão eu infrento
A fome, a dô e a misera.
Pra sê poeta divera,
Precisa tê sofrimento.

Sua rima, inda que seja
Bordada de prata e de ôro,
Para a gente sertaneja
É perdido este tesôro.
Com o seu verso bem feito,
Não canta o sertão dereito,
Porque você não conhece
Nossa vida aperreada.
E a dô só é bem cantada,
Cantada por quem padece.

Só canta o sertão dereito,
Com tudo quanto ele tem,
Quem sempre correu estreito,
Sem proteção de ninguém,
Coberto de precisão
Suportando a privação
Com paciença de Jó,
Puxando o cabo da inxada,
Na quebrada e na chapada,
Moiadinho de suó.

Amigo, não tenha quêxa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De quá manêra se pega
Num ferro pra trabaiá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.

Repare que a minha vida
É deferente da sua.
A sua rima pulida
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem deferente,
Meu verso é como a simente
Que nasce inriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criação.

Mas porém, eu não invejo
O grande tesôro seu,
Os livro do seu colejo,
Onde você aprendeu.
Pra gente aqui sê poeta
E fazê rima compreta,
Não precisa professô;
Basta vê no mês de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada fulô.

Seu verso é uma mistura,
É um tá sarapaté,
Que quem tem pôca leitura
Lê, mais não sabe o que é.
Tem tanta coisa incantada,
Tanta deusa, tanta fada,
Tanto mistéro e condão
E ôtros negoço impossive.
Eu canto as coisa visive
Do meu querido sertão.

Canto as fulô e os abróio
Com todas coisa daqui:
Pra toda parte que eu óio
Vejo um verso se bulí.
Se as vêz andando no vale
Atrás de curá meus male
Quero repará pra serra
Assim que eu óio pra cima,
Vejo um divule de rima
Caindo inriba da terra.

Mas tudo é rima rastêra
De fruita de jatobá,
De fôia de gamelêra
E fulô de trapiá,
De canto de passarinho
E da poêra do caminho,
Quando a ventania vem,
Pois você já tá ciente:
Nossa vida é deferente
E nosso verso também.

Repare que deferença
Iziste na vida nossa:
Inquanto eu tô na sentença,
Trabaiando em minha roça,
Você lá no seu descanso,
Fuma o seu cigarro mando,
Bem perfumado e sadio;
Já eu, aqui tive a sorte
De fumá cigarro forte
Feito de paia de mio.

Você, vaidoso e facêro,
Toda vez que qué fumá,
Tira do bôrso um isquêro
Do mais bonito metá.
Eu que não posso com isso,
Puxo por meu artifiço
Arranjado por aqui,
Feito de chifre de gado,
Cheio de argodão queimado,
Boa pedra e bom fuzí.

Sua vida é divirtida
E a minha é grande pená.
Só numa parte de vida
Nóis dois samo bem iguá:
É no dereito sagrado,
Por Jesus abençoado
Pra consolá nosso pranto,
Conheço e não me confundo
Da coisa mió do mundo
Nóis goza do mesmo tanto.

Eu não posso lhe invejá
Nem você invejá eu,
O que Deus lhe deu por lá,
Aqui Deus também me deu.
Pois minha boa muié,
Me estima com munta fé,
Me abraça, beja e qué bem
E ninguém pode negá
Que das coisa naturá
Tem ela o que a sua tem.

Aqui findo esta verdade
Toda cheia de razão:
Fique na sua cidade
Que eu fico no meu sertão.
Já lhe mostrei um ispeio,
Já lhe dei grande conseio
Que você deve tomá.
Por favô, não mexa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.

domingo, 18 de março de 2012

Jung diz que a arte é uma neurose, mas está em boa companhia com a Filosofia e a Religião



"O artista proporciona um rico material para um tipo de psicologia analítica e de caráter crítico. Sua vida é cheia de conflitos; de um lado, a do cidadão comum, com suas exigências legítimas de felicidade, satisfação e segurança vital; por outro, daquele movido pela paixão criadora e intransigente, que acaba pondo por terra todos os seus desejos pessoais".
Assim se manifesta Carl Gustav Jung (1875-1961), nesta conferência que debate a ciência e a arte, objetos mais interessantes das últimas páginas. Ele discorre sobre a arte como uma expressão da neurose, tal como já antes havia afirmado Freud, mas lembra que não está em má companhia: também se aliam a Filosofia e a Religião.
Discutir a arte através da Psicanálise já havia sido feito, num primeiro momento, pela interpretação de Freud da obra de Leonardo da Vinci. Essa reflexão entusiasmou Jung que se inspirou também a discorrer em torno do tema, mas advertindo que não se tratava em colocar o artista ou a criação num divã. Em primeiro lugar, iria analisar aquilo que lhe impressionava ou até chocava.
Ele explicava que a obra criadora vem das profundezas do inconsciente e alguns traços mais pertubadores do inconsciente coletivo, assim como deve ser entendida a esquizofrenia. Neste artigo, aborda já nas últimas páginas dois artistas: James joyce e seu Ulisses, onde nada acontece em mais de 700 pagínas relatando um único dia em Dublin, e Picasso. Sobre este se detém em manifestar grande preocupação por identificar sinais da arte esquizofrênica, ou a ausência de sentimento.
Diz que não é seu mister discutir a estética, pois para isso existem os críticos. Mas como médico e estudioso da arte, não pode deixar despercebido quando o grotesco distorce a beleza, quer na sua forma concreta, quer abstrata. Antecipa-se dizendo que o cubismo não é uma doença, mas uma tendência de se reproduzir essa realidade distorcida.


No caso de Picasso, lembra que existia essa tendência na fase azul e nos quadros das prostitutas juvenis sifiliticas. Teria como principal intuito chocar? Na verdade, essa observação surge bem antes de um extenso hiato de criação do pintor espanhol.
Jung foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana. Os assuntos com que Jung ocupou-se surgiram em parte do fundo pessoal que é vividamente descrito em sua autobiografia, "Memórias, Sonhos, Reflexões" (1961).
Considero Jung muito mais profundo do que Freud, porque não se restringiu a limitar aos estudos dos instintos. Aliás, propôs reunir as pessoas de acordo com o seu maior desenvolvimento em uma das quatro funções psicológicas: pensamento, sentimento, sensação, ou intuição.
"Que pense o poeta que sua obra se cria, germina e amadurece. Que imagine que deliberadamente da forma a uma invenção pessoal. Isto em nada altera o fato de que na realidade a obra nasce de seu criador, tal como uma criança de sua mãe. A psicologia da criação artística é uma psicologia especificamente feminina, pois a obra criadora jorra das profundezas inconscientes, que são justamente o domínio das mães. Se os dons criadores prevalecem, prevalecem o inconsciente como força plasmadora de vida e destino diante da vontade consciente", afirma.

sábado, 17 de março de 2012

Teresa promete não conversar mais com os homens, mas somente com os anjos



"Esta divina prisión
del amor com que yo vivo
ha hecho a Dios mi cautivo
y libre me corazón;
y causa em mim tal pasíón
ver a Dios mi prisionero,
que muero por que no muero".
Santa Teresa d'Ávila.

Poucas esculturas são tão eloquentes em espiritualidade quanto o Êxtase de Santa Teresa, de  Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) um dos maiores escultores do século XVII, representando a experiência mística de Santa Teresa de Ávila trespassada por uma seta de amor divino por um anjo. Na festa de Pentecostes, em 1556, ela teve seu primeiro êxtase: "Não quero que converses com os homens, mas com os anjos". A obra, que faz essa alusão,  foi  realizada para a capela do cardeal Federico Cornaro. Esculpida durante o período de 1645-1652, seguindo as tendências do estilo barroco.
Meu corpo, assim como de todo mundo, se degrada com o tempo. De um modo geral, a morte se aproxima. Para alguns de forma muito breve ou para outros mais demorada e nem por isso menos sofrida. No meu caso, ela me assedia há muito tempo e já cheguei a alimentar a ilusão das sete vidas. Digo ilusão, porque evidentemente não creio que se estabeleça um número definido para os livramentos.
Por isso, há uma necessidade ontólogica de se entender a morte e o sentido da vida. Busquei nesses versos e na escultura de Santa Teresa inspiração para entender tanto amor a Deus, que a vida já não lhe importa. "Muero por que no muero", diz. Chega um momento que os santos já não bastam e a fé já não anima. Mais dífícil ainda é ter a mesma perseverança de outros grandes santos ou doutores da Igreja, assim como Teresa: não mais pensar em si e nem se preocupar consigo.
"Essa deve ter sido também a origem do empenho de São Domingos e de São Francisco em reunir almas para que o Senhor fosse louvado. E eu vos digo que não deviam  ser pequenos os seus sofrimentos, esquecidos que estavam de si mesmos".
Teresa é um caso de santa que aprecio há muitos anos e é uma exceção dentre as minhas preferências, porque acredito que os santos convertidos deram uma contribuição muito maior ao cristianismo do que aqueles que nasceram santos. Ela nasceu santa e seus constantes êxtases, seus milagres e sua aliança com Deus se radicalizavam a cada momento no carmelo, num encantamento que vinha do exemplo, da poesia e, sobretudo, da sua prosa. Dizia que não era somente pobre de espírito. Era louca de espírito. Sua briga com o demônio, conforme lembra o padre Nando, é como se batesse com um cabo de vassoura: "Y una higa para todos los demónios que ellos me temerán a mi! Tengo ya más miedo a los que que tan grande le tienen al demónion que a él mismo".
Nasceu em 28 de março de 1415, numa quarta-feira santa. Submetida a uma criação católica severa, em vista de uma família que tentava esconder a ascendência judaíca, despertou muito cedo o desejo de correr o mundo para evangelizar, sendo influenciada por um de seus 11 irmãos. Gostava de romances de cavalaria e chegou a se apaixonar por um primo, numa das raras passagens relatadas em sua biografia em que viveu o conflito entre a sensualidade e o sentido da honra. Esse sentido, mais do que a religão, é apontado como o que de fato teria impedido de seguir até o fim os apelos de sua afetividade e de seu corpo. Com a morte de sua mãe, em 1528, a ascese e mística chegam ao extremo. Seu corpo foi mantido e transfigurado na "Esposa de Cristo".
Minha atração por Santa Teresa também está por ter sido escritora. Chegou a escrever um romance e experimentou o primeiro fracasso humano. O segundo seria ocasionado pela loucura ao ser presdestinada à santidade. Mas por toda sua personalidade, espiritualidade, onde prega que a misericórdia divina resplandece  por meio do dom e da prática da oração, é considerada a "Mãe dos Espirituais", conforme está inscrito na estátua da santa na igreja de São Pedro, em Roma.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sesc Crato abre inscrições para concurso de contos


Com o objetivo de incentivar e promover a produção e publicação de textos literários, o SESC Crato realiza o IV Concurso de Contos, que premiará os 10 melhores textos selecionados para publicação. As inscrições são destinadas a autores cearenses e acontecem gratuitamente de 15/3 a 15/5 pelo email concursodecontos@sesc-ce.com.br.
Os textos serão selecionados a partir de 16/7. Já a premiação e o lançamento do livro, que reúne os melhores trabalhos, estão previstos para o mês de outubro, no SESC Crato. Os autores dos contos selecionados receberão 15 exemplares da publicação.
O regulamento está disponível no endereço eletrônico http://www.sesc-ce.com.br/ e impresso nas unidades do SESC Ceará.
           
 
SERVIÇO
IV Concurso de Contos - Inscrições
Período: 15/3 a 15/5
Email: concursodecontos@sesc-ce.com.br

quarta-feira, 14 de março de 2012

O II Ceará das Rabecas recebe nomes nacionais e internacionais

Chico Dozinho, 91 anos. Foto: Marcus Peixoto

Francisco Cordeiro Xavier, conhecido por Chico Dozinho, tem 91 anos de idade. Nascido e criado em Santa Teresa, distrito de Tauá, a 350 quilômetros de Fortaleza, ele não é apenas um bom exemplo de longevidade. Sua arte com a rabeca tem uma agradável textura campestre, que inclui composições de Luis Gonzaga, Humberto Teixeira e Luis Assunção. "Tinha que ser artista, principalmente tendo 15 filhos para criar", disse.
O lugar onde mora é seco, menos neste perído do ano, quando começam as primeiras chuvas da estação. A vegetação praticamente inexiste nos Inhamuns, com sua caatinga já tão devastada, mas nem de longe lembra os tempos de sequidão. Como músico autodidata, lembra nas variações dos acordes os momentos tristes e alegres, tendo o instrumento como o companheiro fiel na solidão.
Artistas como Chico Dozinho não serão apenas homenageados como debatidos durante o II Ceará das Rabecas, que acontece de 17 a 19 de março no Sesc Senac Iracema. Na abertura oficial, estarão presentes: Sérgio Mambert, secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura – MinC; de Francisco Pinheiro, secretário da Cultura do Estado do Ceará, Márcio Caetano, secretário interino de Cultura de Fortaleza e demais autoridades, além de personalidades da área cultural.
Muito parecido como violino, a rabeca é feita de forma artesanal e sua sonoridade não tem a precisão melódica do primeiro instrumento. O arco não é feito de crina de cavalo e daí que o som chega a sair um tanto "arranhado". No entanto, tanto a rabeca quanto o violino não possuem traste, que é o trilho existente no violão e outros instrumentos de corda, que ajuda o músico a tirar seus acordes. Desse modo, vale a intuíção e o chamado "olhometro". Geralmente, é tocada no ombro ou antebraço.
A iniciativa, que chega a sua segunda edição, é vista como uma forma de resgatar um importante traço da cultura regional, que somente é vista em algumas localidades remotas do Interior brasileiro. Hoje, poucos jovens se interessam pelo seu manejo, com sua instrução sendo passada da geração para geração.

Anna Maria Kieffer. Foto: Divulgação



Na programação vespetina dos dias 18 e 19, no Seminário da Prainha, acontecerão oficinas, workshops e o seminário Cultura e Tradição no qual focará os temas Políticas Públicas de Cultura e Patrimônio Imaterial e contará com as participações de Américo Cordula, diretor de Estudos e Monitoramento de Políticas Culturais da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (MinC); o gerente do Ambiente de Gestão da Cultura do Centro Cultural Banco do Nordeste, Tibico Brasil; o presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará – ADECE, Roberto Smith; a pesquisadora e professora da Universidade Federal do Ceará, Sulamita Vieira; professora e pesquisadora, Simone Castro (IFCE); a pesquisadora e musicista paulista, Anna Maria Kieffer.


Toda a programação é gratuita.Mais informações e inscrições no www.cearadasrabecas.com.br

segunda-feira, 12 de março de 2012

Inscrições abertas para a III Feira do Livro Infantil de Fortaleza



A Casa da Prosa, com apoio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), realiza, de 29 de agosto a 1º de setembro deste ano, a III Feira do Livro Infantil. As editoras interessadas em participar do evento como expositoras deverão participar do processo seletivo. As inscrições estão abertas desde o dia 27 de fevereiro e seguem até o dia 31 de março. O resultado das editoras selecionadas será divulgado dia 18 de abril, durante o lançamento da Feira do Livro Infantil, na Praça do Passeio Público, às 16h. O momento será uma prévia do que será realizado nos quatro dias do evento.

Urik Paiva, coordenador de Literatura, Livro e Leitura da Secultfor, destaca que a Feira do Livro Infantil de Fortaleza já é um evento reconhecido na cidade. Prova disso é que, nas duas primeiras edições, o evento contou com participação massiva e produtiva de crianças, pais e professores. Na terceira edição, a tendência é que essa participação cresça em termos de quantidade e qualidade.


O coordenador ressalta que o apoio da Prefeitura à Feira é um complemento ao conjunto de políticas de literatura, livro e leitura para a cidade, cujo objetivo é tornar Fortaleza uma cidade de leitores e leitoras. "Colaborando com um evento popular, no coração da cidade - a Praça do Ferreira, estamos democratizando o acesso da população a esse bem social precioso que é o livro e a essa atividade enriquecedora que é a leitura", frisa.


Ao todo, serão selecionadas 36 editoras brasileiras do segmento de literatura infantil e juvenil. Elas dividirão a Praça do Ferreira com uma programação cultural que festejará 12 novos lançamentos literários. Serão ofertados ainda 32 minioficinas para a criançada, 16 oficinas de Fanzines para jovens, oito oficinas sobre leituras e contação de histórias para professores e quatro Programa Leituras Favoritas, com escritores convidados - encontro entre leitores e escritores ou ilustradores, além de contação de histórias todos os dias do evento.


Dando continuidade à edição 2012, será realizado um programa de doação de livros infantis para crianças e adolescentes de escolas públicas, através do Vale Leitura. A ideia é distribuir cinco mil livros para este público. As escolas poderão se inscrever no início do mês de de agosto.


Outro destaque da III Feira do Livro Infantil são as oficinas para professores e jovens, com tendas armadas no Passeio Público e na Praça dos Leões. As oficinas serão coordenadas pelos Agentes de Leitura, através da Secultfor.


Alem dos descontos de cerca de 30% em livros expostos e bons lançamentos, nesta 3ª edição o evento trará grandes nomes da literatura brasileira e atrações musicais de peso, que estão pré-agendados. Toda a programação será gratuita.


:: SERVIÇO
III Feira do Livro Infantil de Fortaleza
Data: 29 de agosto a 1º de setembro de 2012
Horário: 8h às 21h
Local: Praça do Ferreira


As editoras interessadas devem em participar devem solicitar a ficha de inscrição através do e-mail: flivrofortaleza@gmail.comEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email


Mais informações - 3252.3343

Fonte: Assessoria de imprensa

sábado, 10 de março de 2012

América do Sul vai às compras no mercado internacional de armas (final)


Há povos que são como os animais. Os latinos, por exemplo, assemelham-se às raposas. Por não serem providos de força superior, usam ardis para capturar suas presas. Chegam a fingir mortas. São assim os italianos, espanhois, franceses e os portugueses, e as pessoas de suas antigas colônias. Já os anglo saxônicos, não. Como são muito fortes, os norte-americanos, ingleses e alemães não precisam de simulações e fingimentos. Usam a robustez para se sobrepor na cadeia alimentar. Esses são os leões.
Essa introdução é para dizer porque o general Figueiredo, então chefe do Comando Militar da Amazônia (hoje na reserva), dizia que uma das formas de se defender dos ataques de uma força de maior vigor seria as forças terrestres adotarem a estratégia da guerra de guerrilhas. Deu certo no Vietnã, na Baía dos Porcos, em Cuba, porque incita o patriotismo e faz com que a população em número bem maior subjulgue o invasor.
Ele chegou a lembrar o Iraque, fazendo algumas comparações na reportagem Fronteiras Ameaçadas, publicada pelo Diário do Nordeste em 2004. Os ataques terroristas resultaram em caos e não há como dizer que o desfecho da guerra foi positivo para os iraquianos.
O fato é que a guerrilha, tão apregoada pelo PC do B, que chegou a adotá-la no Araguaia durante os Anos de Chumbo, é vista como uma forma rudimentar e desesperada e não está à altura do aparato tecnológico que os países detêm, formados por raposas e leões. O Brasil tem que se armar. Tem que investir em planejamento para longo prazo e, sobretudo, a curto prazo, como é o caso da aviação.
Mas aqui há uma polêmica. Quais os aviões mais confiáveis, os da Boeing dos Leões, os mesmos que rejeitaram as aeronaves da Embraer, ou as raposas dos Rafalis franceses, que produzem gente com o mesmo tecido de Jérome Valcker, que esnoba, insulta e pensa que tudo se resolve com um ardiloso e arrependido pedido de desculpas?
O deputado federal Chico Lopes, do PC do B, conversando, ontem, comigo na Praia do Futuro, durante o aniversário do secretário João Ricardo do Procon, acredita ainda que a opção mais viável são os caças franceses, porque há um compromisso de transferência de tecnologia. Entende que o Ministro da Defesa deveria ser o Aldo Rebelo, porque o partido sempre apoiaria as forças armadas mais fortes e com maior investimento em pesquisa. Ele defende melhores soldos. "Sabe quanto ganha um general com um céu e todas as estrelas em cada ombro?" Indagou-me. "Ganha R$ 15 mil Esse é o Exército mais barato do mundo", afirmou o parlamentar. Por tanto, entende que não se deveria economizar dinheiro para se chegar aos fins em defesa da soberania nacional.
Concordo. Com relação aos caças, penso diferente. Acho que o obstáculo na compra dos aviões da Embraer era só o pretexto que faltava para o Brasil tender para os Rafalis. No livre mercado, a compra é para o fornecedor que vende o melhor produto e o mais barato. Se o Congresso Norte-americano é protecionista e está preocupado com o emprego dos seus nativos, por que os nossos políticos não passam a adotar igual conduta? Mas não. Estão preocupados com o caixa dois, com os mensalões, com a partilha de cargos ou então a presidente Dilma não terá a base aliada que tanto precisa. No caso dos franceses, quem garante que haverá tansferência de tecnologia? Vão criar cobras para poder picá-los? Vão nos aparelhar de tecnologia para que roubemos depois seus potenciais clientes? Prefiro acreditar nos leões. Os vários milhões de dólares que se ganhariam com a venda dos aviões brasileiros (com tecnologia norte americana) são uma economia de palitinhos, no âmbito da macro economia, comparada com o que se enconomizaria com os caríssimos produtos da Dassault e, vale à pena ressaltar, somente adquiridos até agora pela Índia.
Toda a América do Sul está indo às compras por armas e o mercado mais promissor são os EUA. Não devemos sentir melindres por isso. A Embraer continuará sendo uma empresa forte e não lhe faltará mercado. Não deixaremos de vender produtos de alta tecnologia, porque o Brasil se emepenhou para isso. Esse é o caso do agronegócio. O nosso país não esconde o know how de produzir grãos fartamente nos trópicos, graças as pesquisas da Embrapa, mas é aqui que temos terras, água e o clima tropical. Não vamos deixar de vender petróleo obtido em águas profundas. Esse manejo é totalmente made in Brazil e contamos com uma receita federal e um sistema eleitoral que nos destacam no mundo moderno.

América do Sul vai às compras no mercado internacional de armas (I Parte)



Há duas verdades inquestionáveis. Uma é a estabilidade deste lado do hemisfério, que permite séculos seguidos de paz e quase nenhuma preocupação como os vizinhos. A última guerra que o Brasil se envolveu foi a do Paraguai, que durou de 1864 a 1870. Outra assertiva é que o tamanho tem importância e conta sim. A dimensão territorial brasileira praticamente inviabiliza uma invasão, assim como a história demonstrou com outros países gigantes, como os Estados Unidos, Rússia, Canadá e China.
Contudo, os observadores dos serviços de inteligência não têm deixado passar o crescente interesse por armas na América do Sul. O Chile possui, hoje, uma das melhores marinhas do Continente e sua eficiência na Antártida garantiu a sobrevivência de muitos marinheiros brasileiros, após o incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz, no dia 25 passado. Seu preparo, no entanto, é específico para situações de conflitos.
No lado da Amazônia, existem a Colômbia, que não poupou recursos para modernizar suas Forças Armadas e, com isso, incitar que situação parecida acontecesse com a Venezuela. Em 2004, escrevi um caderno especial para o Diário do Nordeste, com o título Fronteiras Ameaçadas, que revelei a existência de um contigente militar de apenas 934 homens para vigiar a área fronteiriça. De lá para cá, a Colômbia já bombardeou território equatoriano e expandiu ainda mais as bases norte-americanas, ainda na gestão de Barack Obama.
Não digo que o Brasil não fez nada e, muito menos, que não deve fazer. O fato de não ter havido conflitos até agora não significa que não terá. É impossível imaginar que um militar brasileiro seja fadado a cumprir toda uma carreira sem se envolver sequer num conflito real (aqui não vale mencionar missões de paz). Nos Estados Unidos, um militar não passa dois anos que não seja mobilizado para o campo de batalha, seja onde for.
O tamanho do Brasil também não é motivo para que deixe suas fronteiras desguarnecidas, porque a invasão colombiana, especialmente motivada pelo narcotráfico ainda é a mais séria ameaça à nossa soberania pelo lado oriental, mesmo as Farcs não sendo tão medonhas como propagavam há oito anos. O que não entendo, e isso será o tema de minha reflexão amanhã, é porque o País não aproveita este momento superavitario de sua economia e investe da indústria de defesa e segurança nacional, expandindo o mercado de trabalho e assegurando a integridade de nossas inestimáveis fortunas, particularmente na Amazônia Azul, onde há as maiores reservas petrolíferas na camada do pré-sal. Não digo que essas ações não estejam sendo executadas, mas não consigo me convercer do contrário: de que essas se apresentam incipientes diante das urgentes demandas, decorrentes da riqueza e do poder, que se refletem no fato de alçarmos o sexto lugar entre as economias mundiais.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sobrado Dr. José Lourenço recebe projeto Crítica com a Dança



O Sobrado Dr. José Lourenço, equipamento cultural da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, recebe entre os dias 13 e 16 de março, o projeto "Crítica com a Dança", contemplado pelo Prêmio Klauss Vianna de Dança 2011 da Fundação Nacional da Arte- Funarte do Ministério da Cultura-Minc. O evento contará com o encontro "Conversas para Dançar” , que realizará sessão pública, quinta-feira,15, das 16h às 18h30, no espaço do Café do Sobrado.

Durante a sessão pública, uma das colaboradoras do projeto, Candice Didonet, apresentará o trabalho “Um estudo da materialidade das palavras” (Prêmio Novos Coreógrafos - Novas Criações: Site Specific, Centro Cultural São Paulo, 2010), que consiste na escrita de palavras com materiais coletados em percursos de deslocamento entre lugares externos e internos do Sobrado, sugerindo caminhos para leituras e visualizações enquanto ação coreográfica.

O objetivo do projeto é mobilizar a reflexão no campo da dança, a partir da relação criação e crítica, com a colaboração de artistas e pesquisadores envolvidos com a produção artística e reflexão política em dança contemporânea no Nordeste e no Brasil, como Angela Souza (Fortaleza/CE), Candice Didonet (Salvador/BA, São Paulo/SP), Janaína Lobo (Teresina/PI) e Marcelo Sena (Recife/PE).

Fonte: Assessoria de imprensa

quarta-feira, 7 de março de 2012

Engraçadinha encerra publicações que homenageiam Nelson Rodrigues



"Nelson é o maior escritor mundial. Se não fosse o idioma, que bem poderia ter sido o Espanhol, seria consagrado no mundo todo, assim como deveriam ter sido Guimarães Rosa e Machado de Assis". A afirmação é do psiquiatra e escritor Airton Monte, ao prestar sua homenagem no Sobrearte pelo centenário de Nelson Rodrigues.
Segundo Airton Monte, como todo artista esteve muito à frente de seu tempo. Por tanto, não lhe cabe os rótulos de direitista ou racista. "Wagner era racista, anti-semita, mas deixou uma obra fabulosa", compara. No caso do romancista e teatrólogo, diz que a peculariedade  maior na sua bibliografia é a ênfase que deu aos dramas familiares. "Nelson trouxe a família de classe média para dentro da sua dramaturgia ou para suas crônicas", diz o psiquiatra e escritor. Daí que temas tabus como incestos, obsessões, abortos, traições das mulheres e dos homens são recorrentes na vida real até hoje.
Nelson Falcão Rodrigues, dramaturgo, romancista e jornalista brasileiro, nasceu no Recife, PE, em 23 de agosto de 1912. Rui Castro nos conta, em O Anjo Pornográfico, que quando Nelson estava com cinco anos de idade, seu pai, deputado e jornalista do Jornal do Recife, por problemas políticos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi trabalhar como redator parlamentar do jornal Correio da Manhã. Por envolvimento em questões políticas, o pai de Nelson foi preso e o jornal que ele dirigia silenciado pelo governo durante oito meses. Ao sair da prisão, Mário resolveu fundar seu próprio jornal: A Manhã. Foi nesse jornal que Nelson Rodrigues, com apenas treze anos de idade, iniciou sua carreira jornalística como repórter de polícia e esportivo. Além dele, trabalhavam no jornal seus irmãos mais velhos, Milton, Roberto e Mário Filho.
Foi nesse jornal que aconteceu uma tragédia familiar e que marcaria toda a vida de Nelson. A publicação de uma notícia sobre uma mulher que estaria praticando adultério, esta tomada pelo ódio e desejo de vingança adentrou a redação e atirou no seu irmão Roberto. Não valeram as manchetes do dia seguinte classificando a mulher de meretriz. A ferida nunca cicratrizaria.  Pouco mais de dois meses depois, ainda em decorrência da morte do filho, Mário Rodrigues sofre uma trombose cerebral e morre aos 44 anos de idade.

Assim como foi precoce a carreira de jornalista, Nelson também constituiu família muito cedo. Escondido casou-se com Elza. Com os filhos nascendo, tinha que escrever avidamente. Em maio de 1941, Nelson Rodrigues produz sua primeira peça: A mulher sem pecado.
Mantive o primeiro contato com a obra de Nelson da forma errada; através das adaptações de suas peças para o cinema, que incluíam Vestido de Noiva, Toda Nudez será Castigada e A Dama da Lotação (esta com ainda estonteante bealdade Sônia Braga). Mas não se firmavam como cinemas refletores da alma rodriguiana. Pelo contário, atolava o cinema brasileiro ainda mais num nível escatológico e, como era moda na época, na onda pornô soft.




Tempos depois, li seus livros de crônicas e acompanhei pela televisão as versões feitas pela TV Globo. Em cada história, uma tara, uma capacidade inimaginável do instinto dominar o homem. O drama passional percorre quase todas as tramas e muitas vezes a esperança dos protagonistas dá lugar ao desespero ou até mesmo a morte.
Nelson Rodrigues morreu no dia 21 de dezembro de 1980. Dois meses depois, Elza cumpriu o seu pedido de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide, sob a inscrição: Unidos para além da vida e da morte. E só.

Vestido de Noiva inicia série de homenagens a Nelson Rodrigues



"A mulher normal, equilibrada, é capaz de amar dois, três, quatro ao mesmo tempo. O amor múltiplo é uma exigência sadia de sua carne e sua alma". Essa é uma das milhares (e são milhares mesmo) de frases de efeito de Nelson Rodrigues, que se fosse vivo completaria em agosto próximo 100 anos de idade. Vários movimentos culturais em todo o País estão programando atividades, inclusive reeditando suas obras, que incluem romance, contos e teatro.
Há quem diga que se Nelson Rodrigues falasse um idioma mais conhecido internacionalmente, como o espanhol por exemplo, teria alcançado uma projeção que até hoje não esteve à sua altura. Foi uma das mentes mais férteis de sua geração e ainda não superada. A inteligência de suas assertivas desconcertava a moral da época quando escrevia seus artigos para jornais e os textos para o teatro. Em cada uma delas, havia uma forma de chocar, desestruturar conceitos mas nunca sem uma pitada de coerência."A Europa é uma burrice aparelhada de museus", dizia nos seus ataques anti-colonialistas. "O europeu ou é um Paul Valéry ou uma besta".São frases que tanto angariavam simpatia, quanto inimizades, mas nunca a indiferença. No teatro, viveu tempos de perseguições e hipocrisia. Felizmente, o talento ressurgia e sua voz se tornava mais eloquente do que todo o falso moralismo que se levantava ao contrário.
Nelson Rodrigues teve uma vida muito conturbada, intensa, marcada pela polêmica, pela censura, por casamentos e amantes, pela tragédia, o assassinato do irmão Roberto, a morte prematura do pai, a filha Daniela, cega e com paralisia cerebral, o filho Nelsinho, preso e torturado pelo regime militar, a morte do irmão Paulinho, soterrado com a esposa e filhos, em decorrência de desabamento do prédio onde moravam em Laranjeiras, em fevereiro de 1967 e o suicídio, em dezembro do mesmo ano, de sua cunhada, a viúva de seu irmão Mário Filho.
Em o Anjo Pornógrafico, de Ruy Castro, formou-se um retrato que é apontado dos mais fiéis. Um homem averso à esquerda, embora tivesse um filho preso como terrorista e (por conveniência ou não) considerado como um direitista. Escritor tenaz, chegou a escrever um romance na redação do jornal onde trabalhava, misturando personagens fictícios com reais, inclusive o do escritor Oto Lara Rezende, frequentemente citado em Engraçadinha e na peça Bonitinha, mas ordinária ou Oto Lara Rezende.
Os críticos afirmam que Nelson conseguia expor em suas peças a natureza humana, com domínio do trágico e do grotesco, transmitindo uma visão de mundo quase sempre pessimista e desesperada. Suas peças são consideradas o que se fez de melhor no teatro brasileiro até os dias atuais.
"Nelson Rodrigues ao levar para o palco toda matriz de transgressões, de certo modo salvava a platéia da vivência na carne, deixando-as na latência do imaginário", afirma o escritor e jornalista Carlos Augusto Viana. Daí que do escândalo se transformava em axioma, por mais contudente que pudesse parecer. "O medo mata o desejo, mata o prazer. O palavrão é um estímulo. Na intimidade sexual, a mulher gosta do palavrão". Ou então,
"Não há presidente que não sonhe com os funerais dos chefes de Estado. O defunto presidencial é um exibicionismo ululante".
Hoje, apresento o texto da peça Vestido de Noiva. Amanhã, retomarei outras obras do teatrólogo, que não foi, absolutamente, como dizia: "um autor de muitos originais e sem nenhuma originalidade".

terça-feira, 6 de março de 2012

Criada na UFC a Secretaria de Cultura Artística

Reitoria da Universidade Federal do Ceará
Foi criada a Secretaria de Cultura Artística da Universidade Federal do Ceará  (Secult-Arte-UFC), com o objetivo de trabalhar pela articulação das iniciativas relacionadas às artes na Instituição, incentivando e apoiando ações e projetos, tendo em vista fortalecer a cultura artística, compreendida como dimensão inalienável da vida universitária.

A proposta de criação da Secult-Arte partiu de sugestão da Comissão instituída pelo Reitor Jesualdo Farias, que entendeu ser necessária uma nova postudra política ae administrativa para as artes na UFC. A comissão era presidida pelo  Prof. Elvis Matos  e integrada  pela Profa. Izaira Silvino, pelo Prof. Pedro Eymard, pela Profa. Adelaide Gonçalves, pelo Diretor do Teatro Universitário, Hector Briones, pelo Diretor da Casa de José de Alencar, Prof. João Arruda, pelo Prof. Marcos Vale, da Seara das Ciências, pelo Coordenador de Comunicação Social, Paulo Mamede e pelo Diretor da Casa Amarela Eusélio Oliveira, Wôlney Oliveira.

A questão das artes na constituição da UFC está presente desde os primeiros dias de sua existência, observa o Prof. Elvis Matos e por esta razão, ações institucionais para que seja alcançado um incremento da dimensão artística na universidade, contemplando os diferentes segmentos humanos que nela atuam em seus vários campi, são essenciais na conjuntura próspera que estamos vivendo atualmente na Instituição.

A Secult-Arte funcionará com estrutura composta por um Secretário (a ser nomeado pelo Reitor da UFC), um servidor técnico-administrativo e bolsistas. Segundo o Prof. Elvis Matos, cumpridas as formalidades, a Secretaria deverá começar as atividades o mais breve possível. Elencou como primeiras ações, realizar o primeiro “censo das artes” da UFC; um seminário de reflexão sobre arte; reconstituir a trajetória das artes na Instituição e instituir um bureau de projetos artísticos.

Fonte: Prof. Elvis Matos - presidente da Comissão de Criação da Secult-Arte-UFC -  (fone: 85 3366 9222)
                 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Poetisa clama pelas chamas de mel e os beijos em poemas



Súplica
Maria José Batista


Traz-me palavras chuva miudinha,
nas noites húmidas e quentes,
traz-me a voz do amor, somente,
alma gémea, alma minha.

Traz-me um espelho que adivinhe
a nudez da onda na luz selvagem
que suspensa num sopro de aragem
suavemente no meu seio se aninhe.

Traz-me os astros em alvoroço,
sem rota, as estrelas e as galáxias,
de Nino os concertos e as sinfonias
qualquer coisa, que eu ouço!

Traz-me poesia e música
em suaves acordes de melodia,
a claridade de um novo dia
em fados de aventura. Uma súplica:

Por favor… traz-me o mar e as
ondas verdes, uma nova carícia,
chamas de mel e sal, a delícia
do paraíso e os beijos em poemas,

ou então a ternura…

domingo, 4 de março de 2012

Vaidade e marketing pessoal manipulam retratos da pintura à fotografia

Tomas Morus


Era para ser tudo muito simples: o retrato é a semelhança da pessoa. Mas desde a pintura, passando para as fotografias que são exibidas, hoje, pela internet, há uma grande necessidade de impressionar. Assim, o que deveria ser a imagem real, passa a a ser uma imitação surreal ou mentirosa. O que poderia significar uma identidade se transforma num marketing pessoal.
Essa reflexão não é de agora, pois existia já na arte do retrato, que chegou ao seu apogeu entre os séculos XV e XVI. Naquela época, houve várias tentativas de manipulação dos retratados, para se impor socialmente, compensar suas fraquezas psicológicas e até para se apresentarem mais bonitos do que eram verdadeiramente.
Bia


No caso da pintura, há muitas explicações porque as pessoas ansiavam imortalizar seus corpos. Como a escultura detinha um custo muito elevado, a pintura se constuía num acesso a esse bem de forma menos exclusivista. Claro que existem exceções. Daí que a escolha por personagens nesta mini coletânea é mais uma homenagem à pintura retratista, do que se fazer um culto à personalidade.
Norbert Schneider, em A Arte do Retrato, diz: "A partir do século XV,não foram apenas os príncipes, o alto clero e a nobreza, mas também os membros de outros grupos sociais - comerciantes, artesãos, banqueiros, sábios humanistas e artistas, que posaram para seus retratos, expondo-se literalmente aos olhares públicos. Esse período presenciou também a revolução de vários tipos de retrato, subgêneros que iriam determinar as formas que o retrato viria a assumir nos séculos posteriores. Podemos citar como exemplos o retrato do corpo inteiro, normalmente reservado aos princípes e nobres, os de três quartos e aqueles de mais diferentes ângulos: perfil (uma reminiscência ao estilo de medalha), de busto(...)" e até de costas.
Betty


A escolha se deu livremente e, naturalmente, haverá omissões graves. No entanto, coloco relevantes obras como a Monalisa, e seu sorriso enigmático, que tantas intrepetações já suscitaram nos críticos e nos amantes das artes; o perfil (estilo medalha) de Giovanna Tornabuoni, que morreu no ano em que a pintura ficou concluída; Bia, a filha ilegítima de Cosimo de Médice e, para não se estender muito sobre outras escolhas, a de Betty, de Richter, em que mais se assemelha a uma fotografia. Seu rosto oculto é considerado uma transgressão à pintura, mas é inegável o seu valor pelo detalhamento fotográfico.
Há quem diga que a fotografia tornou os retratados mais reais. Ao contrário da pintura, as imperfeições não mais se corrigiam nos pinceis e nas telas. Dizia-se que as gerações que não a conheceram tiveram contato com a morte duplamente, porque esta nova técnica (que depois chegaria ao patamar da arte) era imparcial, uma ladra, por assim dizer, daquele momento: sem inventar, ou aumentar. As pessoas e as coisas iam se deteriorando com o tempo, mas o registro instantâneo se eternizava. Pelo menos isso existiu genuinamente por algum período do tempo. Também não devemos responsabilizar o photoshop por toda a manipulação que já se fez após os clic da fotografia. O fato é que a vaidade atravessa o tempo e nunca lhe faltou artimanhas e artifícios para que se manifestasse.