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Muito me alegra pela sua visita. É um blog pretensioso, mas também informativo

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Para bem aquilatar a natureza dos povos é preciso ser príncipe

Nicolau Maquiavel – O Príncipe 
Maquiavel escreveu:

Ao Magnífico Lourenço, Filho de Pedro de Médici
Freqüentemente, é costume dos que desejam para si as boas graças de um Príncipe,
dar-lhe as coisas que lhe são mais caras, ou com as quais o vêem agradar-se; deste modo,
inúmeras vezes, eles são mimoseados com cavalos, armas, tecidos bordados a ouro, pedras
valiosas e demais ornamentos dignos de sua grandeza. Querendo eu ofertar a Vossa
Magnificência uma prova qualquer de minha obrigação, não encontrei, entre as minhas
posses, nada que mais prezado me seja ou que tanto estremeça. quanto o conhecimento das
ações dos grandes homens adquiridos por uma longa experiência das coisas atuais, e uma
repetida lição das antigas; as. quais, tendo eu, com muito afinco, detidamente estudado,
examinado-as, remeto agora a Vossa Magnificência, reduzidas a pequeno volume. E não
obstante considere esta obra indigna da Presença de Vossa Magnificência, não menos confio
em que, por humanidade desta, deva vir a ser aceita, visto que não lhe posso fazer regalo
maior do que lhe propiciar a faculdade de adquirir em tempo mui breve o aprendizado de tudo
quanto, em tão dilatados anos e à custa de tantos atropelos e perigos, hei conhecido. Não
enfeitei esta obra e não a enchi de períodos sonoros nem de palavras empoladas e floreios ou
de nenhuma espécie de lisonja ou ornamento externo com que usam muitos descrever ou
enfeitar as próprias obras; pois não desejei que nenhum outro fosse seu ornato e a torne
agradável a não ser a variedade da matéria e a gravidade do assunto. Menos desejo que por
presunção se tenha o fato de um homem de baixa e ínfima condição discorrer e regular a
respeito do governo dos príncipes; visto como, aqueles que desenham os contornos dos países
postam-se na planície para apreender a natureza dos montes, e para apreender a das planícies
sobem aos montes, do mesmo modo que para bem aquilatar a natureza dos povos é preciso ser
príncipe. e para aquilatar a dos príncipes é preciso ser povo. Receba. portanto, Vossa
Magnificência este pequeno presente na tenção em que o mando. Se for esta obra considerada
e lida cuidadosamente, conhecerá Vossa Magnificência o meu sincero desejo que atinja
aquela grandeza que a Fortuna e demais qualidades lhe asseguram. E se Vossa Magnificência,
do píncaro de sua altura, voltar alguma vez os olhos para baixo, conhecerá quão sem motivo
aturo uma enorme e continuada má fortuna.
Texto completo: http://www.fae.edu/pdf/biblioteca/O%20Principe.pdf

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Oscar pode premiar hoje a classe e o bom gosto ingleses

Natalie Portman (divulgação)
Até um tempo atrás não havia quem discordasse ser A Rede Social o grande vencedor do Oscar este ano. A ideia de chegar à geração do Facebook, com o aval da crítica de Hollywood, parecia favas contadas, inclusive ganhando o Globo de Ouro. Até que, num belo dia, aparece o Discurso do Rei, que tem sotaque inglês, elenco inglês, espírito inglês e, acredito que ganhará.E porque  apoio e defendo especialmente quase tudo que os ingleses produzem (aqui abro um parêntese: no âmbito politico, há uma lei em que Tony Blair jamais voltará à política, ao contrário do Brasil, onde não se aposentam Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula). A  surpresa ficará por conta se o vencedor não for nenhum dos dois.
Eu creio que o prêmio de Melhor Atriz vai para Natalie Portman, em Cisne Negro. Não quero que desistam do acompanhamento da festa, que será transmitida pela Globo, a partir de zero,e pela TNT, a partir das 21 horas. Natalie na interpretação da bailarina paranóica já ganhou todos os prêmios possíveis até agora, incluindo o Globo de Ouro e Spirit Awards. Atriz de origem israelense me chamou a atenção na atuação da pequena Matilda, no filme o Profissional de Luc Bresson, e  no personagem da misteriosa Alice, de Closer.
O prêmio de melhor ator deverá ficar com Colin Firth, que interpreta George VI, pai da Rainha Elisabeth II, em o Discurso do Rei. Também até agora ganhou todos os prêmios na sua categoria: Globo de Ouro, Bafta, e foi indicado ao Oscar no ano passado por Direito de Amar. Melhor documentário e melhor filme estrangeiro sempre me trouxeram decepções e percepções de gostos estranhos interferindo na escolha, por tanto não me interassam tanto.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O superlativo das paixões aparece no romance Gabriela, Cravo e Canela



"Já chegara alterado ao bar, e ali continuava a beber. Isso se passava exatamente uma vez por ano, e só uns poucos sabiam ser a forma como ele comemorava a morte de um irmão, fuzilado numa parada em Barcelona, muitos anos atrás. Ainda agora, porém, mais de 20 anos passados, fechava a oficina e embebedava-se no dia do aniversário da parada e das mortes na rua. Jurando voltar à Espanha para explodir bombas e vingar o irmão".
O trecho é do livro Gabriela, Cravo e Canela, mais conhecido por exaltar a sensualidade de uma mulata, tangida para Ilhéus por conta da seca. O texto é um dos raros momentos que marca o interesse de Amado pela Política, depois de ter rompido com o Partido Comunista.
Foi o primeiro romance que li de Jorge Amado, aos 13 anos. Muito antes de Sônia Braga encarnar o papel da protagonista, na adaptação de Dias Gomes, e me fez não apenas a criar gosto pela leitura de seus demais romances, como me despertou a vontade de conhecer a Bahia, assim como aconteceu com o pintor Caribé e o etnólogo Pierre Verger.
Muitos de seus últimos romances, como Tereza Batista Cansada de Guerra, Dona Flor e seus dois maridos e Tieta do Agreste  já são obras derivativas e, como se comenta, escritas sob encomenda até para salvar amigos editores da falência. Jorge amado, com suas qualidades e defeitos, não pode reclamar do reconhecimento internacional. Também, por ter enveredado pelo caminho do best seller, não poderia se queixar do não reconhecimento pelo Prêmio Nobel.
Recomendo a leitura e a releitura de Gabriela, Cravo e Canela. São bem escritas as cenas de amor de Nacib e a cozinheira, que - se não fosse a libido exagerada - seria a Amélia da Literatura.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ministro da Defesa sente a pressão internacional

"Nunca confie na probabilidade do inimigo não estar vindo, mas dependa de sua própria prontidão para o reconhecer. Não espere que o inimigo não ataque, mas dependa de estar em uma posição que não possa ser atacada". 


Foi com esse conceito, retirado de A Arte da Guerra, de Sun Tzu,  que o  ministro da Defesa Nelson Jobim concebeu  "o coração da sociedade estratégica" entre Brasil e França, protocolada formalmente pelo ex-presidente  Lula e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, no dia 7 de setembro de 2009.
Por enquanto, não há nenhum sinal de presença inimiga, quer descendo os Andes e adentrando a selva amazônica, quer pelo Atlântico, onde se encontra as maiores reservas de petróleo da Nação (cerca de 90% da produção nacional), mais precisamente na bacia de Campos, e um ataque, aí sim, pararia o País. Além disso, o Brasil possui dimensão continental e, por sua natureza, torna quase impossível o sucesso de uma invasão, assim como seria para os Estados Unidos e, historicamente provado, para a Rússia.
Mas seria por isso que os brasileiros deveriam deixar para lá as fronteiras do lado Oeste e não se preparar no lado Leste, em vista da cobiça internacional, que chegará ao pico com a escassez do petróleo e a instabilidade do mundo árabe? A resposta para essas perguntas foi um acordo militar com a França, onde se incluía a compra de caças. 
A titular de Exteriores da França, Michèle Alliot-Marie, que esteve até terça-feira passada no Brasil, ouviu a resposta de que a compra está suspensa, dentro dos cortes orçamentários realizados pela presidente Dilma. Tallvez leve mais de um ano, talvez a França fique de fora da compra dos caças. Talvez o Brasil percebeu o tamanho do lençol: ou se cobre bem a cabeça, ou se cobre bem os pés.
O orçamento de Defesa para este ano era de R$ 15 bilhões (equivalente a US$ 8,8 bilhões), mas com os cortes decididos pelo Governo ficará em R$ 11 bilhões (US$ 6,4 bilhões).Michèle saiu daqui acreditando que as vendas estão apenas suspensas e que o Brasil não recuará no plano selado por Lula e Sarkozi, afirmaram fontes oficiais.  Ela não saiu da França acreditando que teria uma resposta diferente. Duvido que o serviço de inteligência seja inepto. Talvez, o símbolo maior é que a pressão internacional ingressa num capítulo interessante para suscitar questionamentos sobre o que é necessário para o Brasil. Isso antes que o inimigo nos surpreenda.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ronda da Noite carrega um fardo de mistérios holandeses



"Todo homem tem sua história". Afirmou Shakespeare, em Henrique IV. Essa frase serve para ilustrar parte da compreensão possível da Pintura a "Ronda da Noite", de Rembrandt, tida por Bob Haak, como aquela que carrega um fardo histórico do que qualquer outra de origem holandesa. Começa pelo fato de que há uma divergência histórica, afirmando que foi essa obra que levou o pintor ao ostracismo e a privação de bens materiais, que é a forma mais cruel de se punir os homens criativos e subversivos. Uma outra é que houve reconhecimento, de fato, de sua obra, em várias manifestações públicas contemporâneas. Ronda da Noite guarda mistério e um fardo até no aspecto de não se saber ao certo, porque a ronda. Seria uma convocação para receber alguma cabeça coroada? O mérito está nas figuras populares, que assumem ares de protagonistas, nobres anônimos, pois, afinal, todo homem tem sua história.

A Ronda da Noite, 1642
Rijksmuseum, Amesterdã

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Orcec apresenta concerto dedicado à música cearense

A dica é do Roberto César:

A Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho (Orcec) oferece, neste mês de fevereiro, dois momentos que prometem encantar a cidade de Fortaleza. As séries Concerto Universitário e Concerto Solidário apresentam um repertório tipicamente cearense, em concertos abrilhantados por convidados especiais.
O Concerto Universitário acontece no próximo dia 23 de fevereiro, às 19h, no Teatro Celina Queiroz, da Universidade de Fortaleza (Unifor), com entrada franca. Já o Concerto Solidário está agendado para o dia 24 de fevereiro, igualmente às 19h, no Palco Principal do Theatro José de Alencar, também aberto ao público.
O programa dos concertos será aberto com a peça “Frevilhando”, do compositor e regente da noite, maestro Paulo Leniuson, um prenúncio de que o Carnaval está chegando. Segue, então, com músicas marcantes de uma fértil parceria entre os compositores Pingo de Fortaleza e Tarcísio José de Lima. Os dois prestigiam a festa como músicos convidados.
“Baião de Cordas, para violão e arcos”, “Cantares, para violão e arco”, “Belo Monte, para violão e arcos”, “Caminho de Luz, para violão e arcos”, “Veredas e Sertões / Terceira Missa pelos Mártires de Canudos, para violão e arcos”, “Boqueirão, para arcos e violão ad libitum”, “Solo Feminino, para orquestra de arcos”, “Maculelê, para violão e arcos”, todas composições de Pingo de Fortaleza, com arranjos de Tarcísio José de Lima.
O Concerto Universitário forma plateia para a música de concerto no ambiente acadêmico, e é realizado mensalmente, sempre com apresentações abertas à comunidade universitária. A participação de alunos, professores e funcionários das instituições de ensino são uma constante, assim como a convite a instrumentistas e cantores que ajudam a promover e divulgar o repertório de músicas de concerto.
O Concerto Solidário é marcado pela difusão da música erudita em seus mais variados períodos, bem como de sua comunhão com outros estilos, inclusive a música popular. Sempre aberta ao público, a série forma plateia para a música de concerto e estimula o público a frequentar a mais tradicional casa de espetáculos do Ceará, o Theatro José de Alencar.
A Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho é uma ação da Associação Artística de Concertos do Ceará (AACC), com o apoio do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult).

Serviço:
Concerto Universitário
Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho
Músicos convidados: Pingo de Fortaleza e Tarcísio José de Lima
Dia 23 de fevereiro, às 19h
Teatro Celina Queiroz, da Unifor
Avenida Washington Soares, 1321, Bairro Edson Queiroz.
Entrada franca

Concerto Solidário
Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho
Músicos convidados: Pingo de Fortaleza e Tarcísio José de Lima
Dia 24 de fevereiro, às 19h
Theatro José de Alencar
Entrada franca

Mais informações
AACC: 85 3252.3378
Roberto César Lima: 85 8828.6405

Carlos Drummond fala da gratuidade e do desinterssado amor

Carlos Drummond de Andrade escreveu:

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Canoa Quebrada mantém tradição do culto da lua às quartas-feiras


canoa
Upload feito originalmente por marcus peixoto
O lual de Canoa nunca perdeu seu brilho e magia. Às quartas-feiras, não importa a fase da lua, uma grande pedida para quem se encontra naquele trecho litoral Oeste do Ceará é descer as falésias e curtir o reggae à beira mar. Uma fogueira e, mais do que isso, o aconchego da galera do bem fazem diminuir o frio. Muito bom também a seleção de música do dj, inclusive redescobrindo Bob Marley na interpretação de seus fãs, que finalmente e felizmente reconheceram o patamar elevado desse gênero musical no âmbito da arte.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Una furtiva lacrima fala da tristeza pelo abandono da amada



"Una Furtiva Lacrima é uma das belas inspirações ".  Afirma o Dictionnaire des Opéras, ao mesmo tempo em que ressalta que O Elixir do Amor tem uma "partitura das mais agradáveis compostas pelo compositor de Bérgamo no gênero cômico". L´Elisir d'Amore é Ópera em dois atos, de Gaetano Donizetti, que teve sua estreia no Teatro Della Canobbiana, Milão, em 1832. No Brasil, sua primeira apresentação aconteceu no Rio de Janeiro, em 1844. Nemorino é um jovem camponês, que para conquistar uma rica fazendeira compra de um charlatão um elixir do amor, acreditando que realizaria o enlace. Nemorino fica rico, sua amada desmaia em seus braços e o charlatão também fica rico da noite para o dia. Tudo muito engraçado, mas é tocante Pavarotti, assim como fazia Caruso, demonstrar toda uma expressão de tristeza e sofrimento pelo abandono da amada.

Maiakovsky compõe poema cheio de dor e esperança

Vladimir Maiakovski
Vladimir  Maiakovsky, o poeta russo que se suicidaria com um tiro no peito no dia 14 de abril de 1930, aos 36 anos, produziu, em 1926, um poema em homenagem ao também poeta e amigo Serguei Iessienin – que se matara três dias depois do Natal de 1925.

“A Serguei Iessienin”


Você partiu,
como se diz,
para o outro mundo.
Vácuo. . .
Você sobe,
entremeado às estrelas.
Nem álcool,
nem moedas.
Sóbrio.
Vôo sem fundo.
Não, lessiênin,
não posso
fazer troça, -
Na boca
uma lasca amarga
não a mofa.
Olho -
sangue nas mãos frouxas,
você sacode
o invólucro
dos ossos.
Sim,
se você tivesse
um patrono no "Posto"(1) -

ganharia
um conteúdo
bem diverso:
todo dia
uma quota
de cem versos,
longos
e lerdos,
como Dorônin(2).
Remédio?
Para mim,
despautério:
mais cedo ainda
você estaria nessa corda.
Melhor
morrer de vodca
que de tédio !
Não revelam
as razões
desse impulso
nem o nó,
nem a navalha aberta.
Pare,
basta !
Você perdeu o senso? -
Deixar
que a cal
mortal
Ihe cubra o rosto?
Você,
com todo esse talento
para o impossível;
hábil
como poucos.
Por quê?
Para quê?
Perplexidade.
- É o vinho!
- a crítica esbraveja.
Tese:
refratário à sociedade.
Corolário:
muito vinho e cerveja.

Sim,
se você trocasse
a boêmia
pela classe;
A classe agiria em você,
e Ihe daria um norte.
E a classe
por acaso
mata a sede com xarope?
Ela sabe beber -
nada tem de abstêmia.
Talvez,
se houvesse tinta
no "Inglaterra"(3);
você
não cortaria
os pulsos.
Os plagiários felizes
pedem: bis!
Já todo
um pelotão
em auto-execução.
Para que
aumentar
o rol de suicidas?
Antes
aumentar
a produção de tinta!
Agora
para sempre
tua boca
está cerrada.
Difícil
e inútil
excogitar enigmas.
O povo,
o inventa-línguas,
perdeu
o canoro
contramestre de noitadas.

E levam
versos velhos
ao velório,
sucata
de extintas exéquias.
Rimas gastas
empalam
os despojos, -
é assim
que se honra
um poeta?
-Não
te ergueram ainda um monumento -
onde
o som do bronze
ou o grave granito? -
E já vão
empilhando
no jazigo
dedicatórias e ex-votos:
excremento.
Teu nome
escorrido no muco,
teus versos,
Sóbinov(4) os babuja,
voz quérula
sob bétulas murchas -
"Nem palavra, amigo,
nem so-o-luço".
Ah,
que eu saberia dar um fim
a esse
Leonid Loengrim!(5)
Saltaria
- escândalo estridente:
- Chega
de tremores de voz!
Assobios
nos ouvidos
dessa gente,
ao diabo
com suas mães e avós!
Para que toda
essa corja explodisse
inflando
os escuros
redingotes,
e Kógan(6)
atropelado
fugisse,
espetando
os transeuntes
nos bigodes.
Por enquanto
há escória
de sobra.
0 tempo é escasso -
mãos à obra.
Primeiro
é preciso
transformar a vida,
para cantá-la -
em seguida.
Os tempos estão duros
para o artista:
Mas,
dizei-me,
anêmicos e anões,
os grandes,
onde,
em que ocasião,
escolheram
uma estrada
batida?
General
da força humana
- Verbo -
marche!
Que o tempo
cuspa balas
para trás,
e o vento
no passado
só desfaça
um maço de cabelos.
Para o júbilo
o planeta
está imaturo.
É preciso
arrancar alegria
ao futuro.
Nesta vida
morrer não é difícil.
O difícil
é a vida e seu ofício.

(Tradução de Haroldo de Campos)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Suavidade de um rosto infantil esconde o lado libidinoso da nobreza



Os especialistas em Leonardo da Vinci são unânimes ao afirmar que esse é o retrato de Cecilia Galerani, amante de Lodovico Sforza, duque de Milão. É quase certeza, mas não definitiva. Há símbolos na Pintura que tentam confundir os segredos de alcova. Além do rosto altivo e casto, o arminho era considerado, nos primeiros séculos Depois de Cristo, como arquétipo da pureza e da castidade. Então, por que não duvidar das intenções do patrono? Gênios como Leonardo tornaram a pintura mais difícil para os artistas modernos. Se antes não havia concorrência com a fotografia, a arte passou a ser mais exigente nos tempos contemporâneos. Dama com Arminho, de 1484, Cracóvia, Muzeum Narodove

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Johnny Bravo só se importa com garotas

Série terminou em 2002


Em cada episódio de Johnny Bravo havia sempre referências a orgulho e coragem. Tudo mentira, o personagem do desenho animado, que encantou a garotada no final da década de 1990 e meados de 2000, só se importava com garotas. A série que era apresentada pelo Cartoon Network, criado por Van Partible, mostrava outros valores de heróis infantis, que a vaidade convivia com outras falhas do caráter humano, mas ainda havia inocência. Como o fato de Johnny ser um bom filho e uma criancice nata: um homem de 20 anos, usando sempre óculos escuros, e exibindo ostensivamente seus músculos, tinha a mentalidade de uma criança de seis anos. Muito engraçado e deixou saudades

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Victor de Castro expõe a Geometria do Caos em Fortaleza

 Radicado na Suíça, o artista visual cearense Victor de Castro chega a Fortaleza para apresentar a sua exposição individual “Geometria do Caos”, com curadoria de Solon Ribeiro, no Centro Cultural Banco do Nordeste (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108).
Gratuita ao público, a mostra será aberta na próxima quinta-feira (dia 17), às 18 horas. Dentro da programação de abertura, acontecerá, às 20 horas, a performance “Aqui se acabam todas as diferenças”, com Victor de Castro, Uirá dos Reis e Reginaldo Dias. A exposição ficará em cartaz até o próximo dia 20 de março (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 10h às 20h).

Texto do artista Victor de Castro sobre a exposição
“O meu âmbito com esse projeto é desafiar o limite das categorias que constituem uma coleção de imagens. Tentar fragmentar a idéia da série em um elemento ou em conjuntos de elementos, dois, três, e daí por diante.
O mundo no qual vivemos se baseia na ordem arbitrária da linguagem. O que ando experimentando me leva a crer em um outro tipo de linguagem, algo que releva da coleção, da assemblage, da aglomeração, da justaposição, de um cavalgamento, de uma transgressão da ordem em vigor.
Neste trabalho focalizo minha atenção em elementos, fatos do cotidiano real ou de um cotidiano imaginário, inconsciente. Ao fio do tempo comecei a constituir o que chamo de um arquivo vivo de imagens. Essas imagens me interessam pelo fato de sofrerem uma mudança considerável de status, uma vez isoladas pela fotografia.
São cenas do cotidiano, paisagens, objetos, pessoas, detalhes que nos passam desapercebidos, visto que nossa atenção está sendo sempre bombardeada com imagens, imagens e mais imagens.
E como a nossa capacidade de leitura, a meu visto, está sendo aos poucos reduzida ao que conseguimos enxergar a um primeiro nível superficial, desejo voltar à interpretação, proporcionar uma outra forma de leitura. Uma leitura polifônica, que se baseia em eixos, formais e semânticos, sem que essa suscite uma ordem linear, arbitrária ou narrativa.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Redonda preserva suas imponentes falésias


Redonda
Upload feito originalmente por marcus peixoto
Exuberante paisagem de Redonda, praia de Icapuí, no litoral Leste do Ceará. O município é um dos últimos redutos de captura da lagosta e são notórias lutas dos pescadores artesanais, contra a ação predadora da pesca industrial, principal com o uso de compressores. A imagem bucólica ocorre pela elevada depressão de suas falésias e da mata de restinga que recai até a praia.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Fundação Itaú Social fará doação de 16 milhões de livros infantis

child reading the book
Divulgação


A campanha nacional de incentivo à leitura para crianças do Itaú e da Fundação Itaú Social.  Devido ao sucesso da iniciativa, que já distribuiu 8 milhões de livros infantis, a açãp foi prorrogada. A iniciativa nacional do Ler Faz Crescer incentiva a leitura para crianças de até seis anos . No ttotal serão doados 16 milhões de livros infantis.
Para receber gratuitamente um kit com quatro livros, os interessados devem se inscrever no www.com.br.br/lerfazcrescer . Escolas e orghanizações sociais que desejam realizações ações de leituras com suas crianças podem a area Fale do Conosco do site para solicitar quantidades maiores de kits,
  Pais, educadores, voluntários de instituições sociais e demais pessoas que aderirem à mobilização têm acesso gratuito a kits com quatro livros de histórias infantis, um folheto com dicas para contar histórias e um adesivo para ajudar a disseminar a ideia.


   

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tannhäuser se cansa da beleza sedutora de Vênus



Tannhäuser, Ópera em três atos de Richard Wagner, conta a história de amantes das artes, principalmente a música e a poesia, participantes de competições de trovadores num castelo que ficava próximo ao monte de Vênus. Segundo a tradição, essa montanha era habitada por Holanda, a deusa da Primavera, que com o tempo passou a ser identificada com a deusa do amor. Tannhäuser é aprisionado no monte, e passado algum tempo se cansa da beleza de Vênus e pretende voltar ao mundo dos mortais. O fato é que não consegue ser perdoado pelo Papa. O desfecho é trágico. Mas a abertura é linda e como disse Nietzsche: capaz de fazer chorar

A luta da mulher em busca de ser dona de seu destino



Excelente documentário realizado pela televisão italiana, contando parte da vida e obra de Simone de Beauvoir, escritora e romancista francesa. Autora do controvertido livro o Segundo Sexo, lançado quando tinha 41 anos, chegou a ser ridicularizada e insultada pela presunsão da mulher, em ser dona de seu próprio destino. Sua biografia é uma das ricas que poderia ser formada na carreira de uma intelectual: ativista contra a ocupação nazista na França, precursora do movimento feminista e companheira inseparável do filósofo Jean-Paul Sartre.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pablo Neruda fica embriagado de palavras e ativa ilações de poesias


Pablo Neruda (imagem da internet)










Pablo Neruda escreveu:


Vocábulos amados... Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho...São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema... Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então as revolvo, agito-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites em meu poema como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda... Tudo está na palavra... Uma idéia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e que lhe obedeceu... Têm sombra, transparência, peso, plumas, pêlos, têm tudo o que se lhes foi agregado de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes... São antiqüíssimas e recentíssimas. Vivem no féretro escondido e na flor apenas desabrochada... (Confesso que vivi, p.57-8)

Musical Você não consegue parar! de volta aos palcos


Divulgação

A trama passeia pela vida de Tracy Turnblad, moradora de Baltimore, que sonha em participar da Galera Mais Legal de um programa de TV para jovens. A protagonista enfrenta problemas por ser “diferente”: é gordinha. Com influência da dança dos negros, também desprezados, Tracy entra no programa e se torna um ídolo adolescente.
“Você não consegue parar!” é um musical que abusa da alegria. As situações cômicas vão guiando o espectador na luta a favor da igualdade entre gordos e magros, negros e brancos. As canções animadas vão envolver a plateia, que vai sentir vontade de dançar junto com os atores.
Serviço
Espetáculo: Você não consegue parar!
Dias
: Sábados ( 12, 19 e 26), às 20h.
          Domingos ( 13, 20 e 27), às 20h30min
Local: Teatro Sesc Emiliano Queiroz (Av. Duque de Caxias, 1701, Centro)
Ingressos: R$ 10,00 (inteira); R$ 5,00 (meia)
Classificação: Livre
Contatos: Glauver Souza (8826.1418) e Pedro Guimarães (8817.9966)
--
Pedro Guimarães
Ator Profissional - 1037 DRT/CE
Jornalista diplomado - UFC (2010)
(85) 8817.9966

A dica é da nossa amiga e colega Klycia Fontenele


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Última fotografia de Luciano Carneiro antecipa imagens celestiais

A revista O Cruzeiro e o Jornal do Brasil deram grande impulso ao fotojornalismo brasileiro ao destinar um espaço destacado nas reportagens para as fotografias, até então usadas como acessórios do texto. Entre os principais nomes desse período estão Jean Manzon, Luiz Carlos Barreto, Indalécio Wanderley, Ed Keffel,, José Medeiros, Peter Scheier, Flávio Damm e Marcel Gautherot e o cearense Luciano Carneiro, que se notabilizou como jornalista internacional, cobrindo guerras e eventos importantes, como a recuperação dos registros da Guerra de Canudos. Nessa sua última cobertura, ele estava em casa, na véspera de um plantão de final de semana. Há quem diga que os fotógrafos daquele tempo (só daquele tempo?) ficavam apreeensivos com ligações em plantões, pois sempre havia a possibilidade de uma que diminuia a autoestima de um profissional de seu nível: fazer o factual, mostando corpos semi-nus na areia da praia de Copabacana. Ao contrário disso, a ligação falava sobre a festa de debutantes, a primeira a acontecer em Brasília desde a sua inauguração. A revista Cruzeiro documento esse último trabalho:


Terminada a cobertura e empenhado em passar o Natal com a família, tomou o avião de regresso ao Rio na têrça-feira, dia 22. A um minuto do aeroporto do Galeão, houve o choque do “Viscount” da VASP (em que viajava) pelo “Focker” da FAB. Luciano Carneiro e os demais trinta-e-um ocupantes do aparelho comercial pereceram. No meio dos destroços, foram encontradas, depois, suas duas máquinas fotográficas e a maleta de material. Tudo quebrado e os filmes expostos à luz. Teòricamente, aquêles negativos já não conteriam imagens. Entretanto, a Revista entrou em contato com as autoridades e mobilizou até o Ministro da Justiça, para que a Polícia liberasse, imediatamente, o material recolhido. Isto foi conseguido. Encaminhados os filmes ao laboratório, com surprêsa se verificou que não estava perdido o derradeiro trabalho do repórter. Ainda com marcas provocadas pelo desastre, as fotos colhidas por Luciano Carneiro ali estavam, mostrando o desfile das debutantes. Quis o destino, por um caprichoso jôgo de espelhos, que êle também figurasse numa das fotos

V.S Naipaul é considerado o mestre do romance e a nova voz do terceiro mundo

Reprodução

Quando V.S Naipaul ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, de 2001, houve quem considerasse a repetição da excentricidade da academia sueca em  premiar escritores desconhecidos. Na lista foram passados em branco desde Marcel Proust até Jorge Amado. Mas já na década de 1980, a revista Newsweek o considerou como o "Mestre do Romance". Na mesma década, li os Mímicos e fiquei maravilhado com uma nova visão do terceiro mundo, que fosse além do realismo fantástico de Gabriel García Marquez. Foi escritor das grandes viagens e da convicção de que, no jornalismo, as opiniões e comentários passam e deixam vulneráveis seus escritores. Ao contrário disso, enaltecia a informação.  Ele falava com compaixão e ao mesmo tempo conferia a ironia ao patamar mais elevado, além da paródia, do  escárnio e da covardia de se dizer as coisas de frente. "Não estou interessado em atribuir culpa", afirmou o escritor nascido e criado em Trinidad Tobago, e de família indiana.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Os contrapontos de vida e morte no quadro os Embaixadores

Jean  de Dinteville, embaixador francês na Inglaterra, e seu amigo bispo de Lavaur, George de Selve são os modelos desse imponente quadro, em que revela a confiança e a segurança das personalidades retratadas. Chamam a atenção uma caveira e a corda quebrada do alaúde. Como uma fotografia, há uma identificação imediata com a variedade de objetos musicais, astronômicos e e um relógio do tempo. Pintura de  Hans Holbein, especialista em retratos de rainhas e reis, sendo considerado o pintor oficial da corte inglesa no periodo de Henrique VIII. Em exposição permanente no National Galery, de Londres.
Os Embaixadores (1533)





sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Loucura que levou a morte de Virgínia Woolf




Virginia, por Marissa Nadler:
The waves rush against the folds of my face /As I start to drown /The waves rush against the folds of my face /As I start to drown / Oh, Virginia / Virgina, Virginia / Die
In winter the water / will wash [?] the waterside /In winter the water /will wash [?] the waterside / Oh, Virginia / Virgina, Virginia / Die
With the rocks in your pockets / You walk up above the waterside  / With the rocks in your pockets / You walk up above the waterside /Oh, Virginia / Virgina, Virginia / Die
The waves rush against the full of my face / As I start to fall / The waves rush against the full of my face / As I start to fall / Oh, Virginia / Virgina, Virginia /Falls

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A loucura como tema na Literatura no século XIX

Machado de Assis (Reprodução)


 
O programa Conversas Filosóficas, do Centro Cultural Banco do Nordeste (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - fone: (85) 3464.3108), traz a Loucura como tema na sua próxima edição, que acontecerá no dia 19 de fevereiro (sábado), a partir das 16 horas. Desde Platão, passando por Erasmo de Roterdã e chegando na redescoberta de Michel Foucault, a Loucura flerta com a Filosofia de forma às vezes sutil, às vezes nem tanto. 
No debate, o professor Rúsvelin Oliveira Câmara Filho vai expor um determinado percurso da Loucura na Literatura do final do século XIX e início do século XX, através da análise das obras de Anton Tchecov (Enfermaria nº 6), Machado de Assis (O Alienista) e Lima Barreto (O Triste Fim de Policarpo Quaresma). O expositor convidado é formado em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com pós-graduações em Ensino de História (Faculdade Farias Brito) e em Administração Escola (Universidade Salgado de Oliveira - RJ).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: * Markus Markans (produtor do programa Conversas Filosóficas) - (85) 8726.9203 / 9972.9837 - biglupus@yahoo.com * Crisóstomo da Cunha (coordenador do Conversas Filosóficas) - (85) 3464.3175 / 8696.0565 - facrisostomoc@bnb.gov.br