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segunda-feira, 30 de abril de 2012

V Mostra Petrucio Maia acontece em quatro bairros de Fortaleza

Fortaleza se prepara para um grande encontro entre compositores, cantores, instrumentistas e grupos musicais com o público da cidade. O mês de maio chega trazendo a quinta edição da Mostra de Música Petrúcio Maia, promovida pela Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) e pela Associação dos Produtores de Cultura do Ceará (Prodisc). O evento congrega 40 artistas/bandas, selecionados via edital público, representando um olhar sobre a atual produção musical da capital cearense, em toda a sua diversidade de estéticas, formações e propostas.
A Mostra, que este ano acontece em quatro bairros de Fortaleza, um a cada final de semana, terá início dia 11 de maio. Para melhor produção e divulgação do evento, a organização da Mostra optou por transferir os shows que serão realizados no Shopping Solidário Bom Mix, e abririam a Mostra nos dias 4 e 5 de maio, para os dias 1 e 2 de junho, no mesmo local. Os shows deste polo congregam as bandas de rock selecionadas para a Mostra Petrúcio Maia.



As demais datas e os demais polos permanecem sem alterações. Dias 11 e 12 de maio, no CUCA Che Guevara, na Barra do Ceará, a programação privilegia o rap e o hip-hop, além de incursionar pelo reggae e pela música eletrônica. Nos dias 19 e 20 de maio, a música instrumental ganha destaque no Passeio Público, Centro de Fortaleza, confirmando a vocação do espaço para a exibição de nossos grandes instrumentistas, como vem acontecendo nos últimos anos, através dos shows promovidos pela Secultfor todos os sábados ao meio-dia. Por fim, nos dias 25 e 26, no calçadão da Praia de Iracema, nas proximidades do Estoril, um mix de estilos e vozes se encarrega de encerrar o evento em grande estilo, acolhendo cantores, compositores e grupos representantes de nossa diversidade musical.



A V Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia serve de seletiva local para a programação da Feira da Música, a se realizar em agosto, e tem por objetivo principal dar mais visibilidade à produção autoral e independente de músicos, intérpretes e bandas atuantes em Fortaleza. Bem como aproximar mais a população de seus próprios artistas, exercitando o direito à cultura e à cidade, em uma relação mediada por apresentações musicais em espaços públicos.



Além de passar de dois para quatro polos, a Mostra Petrúcio Maia também amplia este ano o número de artistas/grupos selecionados, de 30 para 40 (10 a cada pólo, sendo cinco shows por dia, sempre aos sábados e domingos). A Comissão de Seleção para o evento, encarregada de apontar os participantes, entre os 181 inscritos para a Mostra, foi formada por Nelson Augusto (jornalista, radialista, crítico musical e apresentador de programas sobre música cearense), Heriberto Porto (flautista, arranjador, diretor musical, produtor musical, integrante dos grupos Syntagma e Marimbanda e professor do Curso de Música da Universidade Estadual do Ceará - UECE), Marcos Sampaio (jornalista, crítico musical e repórter de Cultura do jornal O Povo), Dalwton Moura (jornalista, crítico musical e coordenador de Políticas para a Música da Secultfor, como representante da Secretaria) e Alejandro Vargas (produtor musical, como representante da Prodisc). De acordo com o regulamento da Mostra, a Comissão de Seleção levou em conta os critérios de qualidade artística, originalidade, conteúdo literário (letras), melodia e histórico dos artistas/grupos.

 

sábado, 28 de abril de 2012

Ode ao amor do mar é o poema à flor da pele de Barros Pinho



Ode ao Amor do Mar


(José Maria Barros Pinho (1939-2012)

Gosto do mar
pelo absurdo
sensual
de suas sereias

pelo encrespar
do vento
no ventre
de peixes
abomináveis

pelo lésbico
despudor
das ondas
violentando
as águas

gosto do mar
absorvendo
sol
na máscara
de bronze
dos pescadores

gosto do mar
mistério azul
das mulheres-marinhas
visivelmente estranguladas

gosto do mar
concupiscente
e paradoxal
em seus horrores.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Bizet e Proust nos libertam da sordidez e da pequenez humanas

"Num lento ritmo ela o encaminhava primeiro por um lado, depois por outro, depois mais além, para uma felicidade nobre, ininteligível e precisa. E, de repente, no ponto aonde ela chegara e onde ele se preparava para segui-la, depois da pausa de um instante, ei-la que bruscamente mudava de direção e num movimento novo, mais rápido, miúdo, incessante e suave, arrastava-o consigo para perspectivas desconhecidas. Depois despareceu. Ele desejou apaixonadamente revê-la uma terceira vez. E ela com efeito reapareceu, mas sem falar mais claramente, e causando-lhe uma volúpia menos profunda. Mas, chegando em casa, sentiu necessidade dela, como um homem que, ao ver passar uma mulher entrevista um momento na rua, sente que lhe entra na vida a imagem de uma beleza nova que á maior valor à sua sensibilidade, sem que ao menos saiba se poderá algum dia reaver aquela a quem já ama e da qual o nome ignora". Essas são descrições mais belas que vi sobre uma música, contida em Em busca do Tempo Perdido, nos Caminhos de Swann, de Marcel Proust. Poderia ser minueto em mi bemol maior, de Bizet (o mesmo autor de Carmen), como também Sonata ao Luar, de Beethoven. Ninguém sabe ao certo. O certo é quanto essa melodia me desarma e me liberta de tantos pensamentos sórdidos. Que essa sensação seja extensiva a todos os sensíveis.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Secretaria de Cultura promove homenagem a Monteiro Lobato


Na segunda edição do Cultura na Praça, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará faz  uma homenagem a um dos principais escritores que descreveu os costumes e lendas do folclore de um Brasil plural, Monteiro Lobato. Contação de histórias, oficinas de origami, teatro, a sonoridadedas crianças da Casa Esperança, oficina de Roi-Roi, exposição das obras de Monteiro Lobato e o ônibus da Biblioteca Volante, fazem parte da programação desta sexta, 27, das 10h às 17h, na Praça do Ferreira. As atividades alusivas ao Dia Nacional do Livro Infantil valoriza e reafirma o compromisso da Secult em disseminar iniciativasde arte, cultura, educação e cidadania para os fortalezenses com atividades programadas pela Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel

Com acervo composto por cerca de 3000 livros, distribuídos entre literatura infanto-juvenil, obras de referência e obras gerais, o ônibus da Biblioteca Volante abre a programação do Cultura na Praça convidando o público presente a conhecer uma composição de obras que inclui a produção de escritores e editoras cearenses, contemplando todas as faixas de idade. Dentro deste universo das viagens literárias, haverá contação de histórias, realizada pelos servidores, Tamires Diego e Luis Carlos, do setor braile da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel e exposição das obras de Monteiro Lobato.

O contato com aliteratura dá asas à imaginação das crianças na oficina de origami de Fátima Siqueira onde o papel reciclado, ganha formas,junto ao conceito da sustentabilidade na arte. A brincadeira segue viagem na oficina de Roi- Roi, ministrada por Ranilson? transformando madeira em jogo divertido para a criançada.

A diversão continua com a música das crianças da Casa da Esperança e com o teatrinho sobre o mosquito da Dengue, realizado pelos funcionários da Biblioteca, e com mostra de documentários do cineclube do Sobrado Dr.José Lourenço em comemoração aos 286 anos de Fortaleza. A ação pulsante do Cultura na Praça já é parte integrante das manifestações culturais da Praça do Ferreira com dia certo no calendário cultural da cidade, a ultima sexta-feira de cada mês,promovendo um encontro com as artes do Ceará.


Serviço: Cultura naPraça

Local: Praça doFerreira

Horário: das 10h às17h.


Para solicitar aBiblioteca Volante no seu bairro e na sua cidade:

e-mail:bibliotecavolante@secult.ce.gov.br

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Prefeita de Fortaleza lança amanhã Plano Municipal de Cultura

prefeita de fortaleza by marcus peixoto

prefeita de fortaleza, a photo by marcus peixoto on Flickr.
A Prefeita Luizianne Lins lança amanhã, dia 26, no Paço Municipal, o Plano Municipal de Cultura, a partir de 17h30min. O Plano será lançado juntamente com o Mapa da Cultura de Fortaleza. O objetivo é oferecer um um instrumento de gestão de médio e longo prazos, no qual o poder público assume a responsabilidade de implantar políticas culturais com base em programas, projetos e ações firmados por lei e que vão além da vigência de um mandato temporário. Portanto, trata-se de uma peça de planejamento estratégico, com duração decenal, que organiza, regula e norteia a execução da Política Municipal de Cultura. O Plano utilizará como documento-base as diretrizes reunidas na esfera da IV Conferência Municipal de Cultura e sua aprovação caberá, em última instância, ao Conselho Municipal de Política Cultural.


Em parceria com o Minc, que por sua vez conta com o apoio técnico da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão (Fapex), a Secultfor está à frente do processo de elaboração do Plano em âmbito municipal, mas sua construção se dará por meio da mobilização da sociedade civil, por meio de seminários, audiências, consultas públicas, fóruns, plenárias, ambientes virtuais e etc. Assim, emerge como instrumento de pactuação institucional e política, envolvendo governantes, agentes públicos e sociais, comunidade artístico-cultural e sociedade em geral. Operando como cartas de navegação para nortear os rumos da política cultural, estabelece estratégias e metas, além de definir prazos e recursos necessários a sua implementação. Depois de elaborado, o Plano de Cultura deve ser encaminhado para aprovação junto à Câmara Municipal de Fortaleza, a fim de que, transformado em lei, adquira a estabilidade de política de Estado.


O projeto Mapa da Cultura de Fortaleza consiste na criação de um site aberto ao agrupamento e relacionamento de agentes, espaços, instituições e eventos e/ou ações ligados à cultura. Trata-se de uma interface descritiva, visual e colaborativa, com várias camadas de informação, que podem ser cruzadas ou visualizadas individualmente. O objetivo principal é consolidar um ambiente virtual que instrumentalize o Sistema Municipal de Cultura e contribua efetivamente com a elaboração, o desenvolvimento e o acompanhamento das políticas culturais de Fortaleza.


Em sua primeira etapa de gradual consolidação, o Mapa da Cultura absorve o trabalho de mapeamento realizado entre 2010 e 2011 de agentes e instituições culturais localizados na Regional I de Fortaleza. É uma primeira base de dados para se chegar paulatinamente ao mapeamento colaborativo das outras regionais da cidade.

Fonte: Assessoria de imprensa

terça-feira, 24 de abril de 2012

Canto da Iracema festeja seus 13 anos de existência

Ricardo Black prestigia a festa
A revista cultural Canto da Iracema completa 13 anos. Para comemorar estes anos de atuação, acontece no dia 26 de abril, a partir das 19h, no anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, uma verdadeira reunião das artes cearenses.
No evento multicultural, performances teatrais – Carri Costa-, intervenções de artes plásticas - Zé Tarcisio, Audifax Rios, Ronaldo Cavalcante , Caetano Barros, Maira Ortins, Barrinha, Gerson Ypirajá.; e shows de grandes nomes da música cearense - Isaac Cândido, Ricardo Black, Kátia Freitas, David Duarte, Eugenio Leandro, Projeto Timbral e outros) e exposição do acervo de edições anteriores da revista. Realizado pelo Instituto Sociocultural Canto da Iracema, o evento também objetiva a preservação e difusão cultural e homenageia o produtor cultural, jornalista e ex-secretário de Cultura de Fortaleza, Cláudio Pereira, falecido em 2010. A entrada é um 1 kg de alimento, que será doado à Associação dos Moradores do Poço da Draga – Ampodra, o público presente receberá o CD comemorativo – Canto da Iracema 13 anos – contendo canções de artistas cearenses.
Durante o evento será instalado um painel | tela medindo 4x1,5m em que artistas plásticos convidados desenvolverão uma arte exclusiva durante o evento, a obra será disponibilizada para ser leilão através da internet, a qual terá sua renda revertida, – 50% para a Ampodra e 50% para o Instituto Canto da Iracema. A revista cultural Canto da Iracema teve sua primeira edição em abril de 1999.
O informativo circulava na Praia de Iracema, o qual ganhou respaldo junto aos moradores, frequentadores, intelectuais, artistas e formadores de opinião. Após reformulações em 2007, com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil | BNB e Prefeitura Municipal de Fortaleza, a publicação retornou com a missão de informar a respeito da cultura cearense, buscando contribuir para a formação da nova geração de leitores. Em formato revista, aumentou sua tiragem, que, além de permanecer entre seu fiel público, vem conquistando novos leitores dos mais variados segmentos da sociedade fortalezense, além daqueles que visitam nossa cidade.
Em 2010 o Canto da Iracema foi contemplado no prêmio Edgar de Alencar, categoria Revista, no Edital de Literatura da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult). A revista figura no Anuário Literário do Ceará 2010–2011, editado pela da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).
São colaboradores da revista: Audifax Rios, Oswald Barroso, Nilze Costa e Silva, Hélio Rôla, Airton Monte, Alano Freitas, José Tarcísio, Fátima Bandeira, Calé Alencar, Eugênio Leandro, Fátima Moura Fé, Mano Alencar, Joaquim Cartaxo, Professor Pinheiro, Kazane e outros iracemitas.
Serviço Canto da Iracema - 13 anos Música, teatro, artes plásticas e exposição de acervo Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura Dia 26 de abril A partir das 19h Entrada: 1kg de alimento



Informações: (085) 9993 7430 – 9978 9559 Informações para a imprensa Joanice Sampaio 085 - 8631 2139 | 9109 1706

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nada é para sempre ecoa sons das águas e florestas na dureza de rochas e corações


Existem pessoas que pedem ajuda e, com a nossa insenbilidade, essa é negada. Outros simplesmente não querem ajuda, embora saibamos que sem ela rumarão rapidamente para a auto-destruição. Por fim, têm aqueles que ajudamos, mas não na medida devida e isso resulta em mais uma ação malograda. É mais ou menos isso, que apreendemos quando assistimos "Nada para é para Sempre". No início do século XX, em Missoula, Montana, a família MacLean é comandada pelo reverendo MacLean (Tom Skerrit) e sua mulher (Brenda Blethyn), rígido na educação de seus filhos, Norman (Craig Sheffer), intelectual e romântico, e Paul (Brad Pitt), um endonista. Por sinal, jornalista. A trama sobre quem precisa de ajuda e quem pode ajudar é muito complexa para falar aqui, porque não vou querer tirar o gosto de quem pretende assistí-lo. Mas gostaria de contribuir para levar a uma compreensão ou de um exercício intelectual e, sobretudo, espiritual. A trama extrapola a ficção, para abordar a autobiografia do escritor Norman MacLean, que busca dar um estilo para uma vida medíocre e trágica. Mas voltemos a questão principal quem se interessa em ajudar aqueles que sofrem? O intelectual Norman, que teve o privilégio de sair de Montana e estudar Literatura, ou o pastor que percebe a pequenez humana diante dos grandes apelos da carne e da resignação, que antecede a revolta? Também assistimos a queixumes, mas não com ações efetivas sobre o que fazer. Esse é o caso Jessie Burns (Emily Lloyd), a amada de Norman, que também tem um irmão mais do que desenraizado, um homem sem bússola. Entre prostitutas, jogadores, as alternativas mais fáceis para se obter prazer, há uma natureza exuberante, com seus rios de água fluindo e suas florestas que fazem ecoar poesias à toa. Mas as perguntas permanecem, por que isso não basta para uma ideia de felicidade, se isso for pedir muito, mas de uma vida que nos alegra e nos faça vencer a melancolia, a sordidez e a monotonia.Em meio à beleza, existem infernos interiores e exteriores. Há um desfecho para toda essas indagações. Seriam saídas individuais ou coletivas? Melhor deixar a dúvida porque sei que alguém pode se interessar ainda por este bom filme. Em cartaz na Warner.

domingo, 22 de abril de 2012

Mulheres vestem amarelo no Barroco, Rococó e no Art Noveau

Podem não ser variados, mas existem suficientemente para impressionar e provocar admiração pela preferência da cor. Trata-se dos vestidos amarelos escolhidos por artistas que vão desde o Barroco, passando pelo Rococó, até o Art Noveau. Homens vestidos de amarelos podem soar de extremo mau gosto, mas com a natureza feminina ganha auras de candura, beleza e ostentação, principalmente a cor dourada, muito utilizada como luz em cenários para realçar riqueza e poder.
Talvez hoje o amarelo não seja a cor da moda, principalmente considerando os tons escolhidos pelos artistas da alta costura. Talvez seja considerada muito espalhafatosa. No entanto, sempre há uma personalidade, especialmente, mulher, que subverte esses conceitos e daí emprestam seu carisma e autoridade para a renovação da cor. Quem não se lembra do vestido amarelho da rainha Elisabeth, da Inglaterra, no casamento do príncipe William?

Um dos quadros que mais me alegra - e capaz de afastar alguns tipos de melancolia - é a Alaudista, de Orazio Gentileschi, de 1610, que se vê uma jovem adorável a tocar inocentemente. Trata-se de uma obra do estilo barroco e que se contrapõe ao Alaudista de Caravaggio (1596), mostrando um um rapaz com expressões lascivas.
A vida nem sempre foi dourada ou muito menos cor de rosa para os Gentileschi. Sua filha, Artemisia, também pintora foi estuprada por um amigo do pai. A revolta e o ressentimento permearam sua obra, tais como o auto retrato, onde aparece tensa ou até mesmo violenta e com pérfida, em Judite ao mater Holofernes, dando um significado terrível do que é matar outro ser humano.  


Igualmente cândido, é a Jovem Leitora (1776), de Jean-Honoré Fragonard, obra prima do rococó. A exemplo de Orazio, há uma atmosfera de paz e tranquilidade e, sobretudo, pela obtenção de prazeres, quer provenientes da música, como é o caso da Auladista, quer pela leitura, absorta e desprotegida do exterior, como mostra a adolescente.



Sobre a Jovem Leitora, Wendy Beckett, escreveu: "A suavidade de A Joovem Leitora, esse encanto quase a Renoir, não deve impedir que vejamos sua força e solidez. Há um enquadramento geométrico para a maciez da adolescente e a capacidade de transceder a decoração", afirma. Ela ressalta que o pintor é mais profundo do que parece. Concordo.Tudo concorre para uma extrema harmonia da modelo e o seu entorno: o livro, a almofada, o cabelo preso e a mão direita posta suave sobre a parte inferior do vestido, com detalhes de babados brancos.




Por fim, temos O Retrato de Adele Bloch-Bauer I, que  é uma pintura de Gustav Klimt completada em 1905. O artista empregou três anos para completar este retrato, que é um expoente da Art Noveau e segue características semelhantes ao O Beijo. A obra foi realizada em Viena e encomendada por Ferdinand Bloch-Bauer.






Adele Bloch-Bauer tornou-se na única modelo pintada em duas ocasiões por Klimt quando completou um segundo quadro, Retrato de Adele Bloch-Bauer II, em 1912. Adele indicou no seu testamento que os quadros de Klimt deveriam ser doados à Galeria do Estado da Áustria.Em 1925 Adele faleceu de meningite.

sábado, 21 de abril de 2012

Pound se apresenta sem rebuscados artifícios


Saudação segunda
Ezra Pound

Fostes louvados, meus livros,
           porque eu acabara de chegar do interior;
Eu estava atrasado vinte anos
           e por isso encontrastes um público preparado.
Não vos renego,
           Não renegueis vossa progênie.

Aqui estão eles sem rebuscados artifícios,
Aqui estão eles sem nada de arcaico.
Observai a irritação geral:

"Então é isto", dizem eles, "o contra-senso
            que esperamos dos poetas?"
"Onde está o Pitoresco?"
            "Onde a vertigem da emoção?"
"Não ! O primeiro livro dele era melhor."
            "Pobre Coitado ! perdeu as ilusões."

Ide, pequenas canções nuas e impudentes,
Ide com um pé ligeiro !
(Ou com dois pés ligeiros, se quiserdes !)
Ide e dançai despudoradamente !
Ide com travessuras impertinentes !

Cumprimentai os graves, os indigestos,
Saudai-os pondo a língua para fora.
Aqui estão vossos guisos, vossos confetti.
Ide ! rejuvenescei as coisas !
Rejuvenescei até The Spectator.
          Ide com vaias e assobios !

Dançai a dança do phallus
          contai anedotas de Cibele !
Falai da conduta indecorosa dos Deuses !

Levantai as saias das pudicas,
          falai de seus joelhos e tornozelos.
Mas sobretudo, ide às pessoas práticas -
Dizei-lhes que não trabalhais
          e que viverei eternamente.

(tradução de Mário Faustino)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cobain conta porque quis se suicidar e porque odeia a todos


Publicar cartas de suicidas é, para muitos, algo mórbido. No caso de Kurt Cobain, astro do punk rock, há também o fato de se levar em conta  os mimados que morrem. Aqui o princípio é como se forma a desesperança. Como as cartas ainda podem representar um desejo de mudança, quando nenhum outro esforço é útil ou ncessário.
Não são apenas desabafos. São histórias que nos levam à reflexão não sobre drogas, riquezas, mas sobre a indole do homem, atávica, conhecida já no Antigo Testamento, de fazer o mal para os outros e para si próprio.


Para Boddah

Falando como um simplório experiente que obviamente preferiria ser um efeminado, infantil e chorão. Este bilhete deve ser fácil de entender. Todas as advertências dadas nas aulas de punk rock ao longo dos anos, desde minha primeira introdução a, digamos assim, ética envolvendo independência e o abraçar de sua comunidade, provaram ser verdadeiras.
Há muitos anos eu não venho sentindo excitação ao ouvir ou fazer música, bem como ao ler ou escrever. Minha culpa por isso é indescritível em palavras. Por exemplo, quando estou atrás do palco, as luzes se apagam e o ruído ensandecido da multidão começa, nada me afeta do jeito que afetava Freddie Mercury, que costumava amar, se deliciar com o amor e adoração da multidão - o que é uma coisa que totalmente admiro e invejo.
O fato é que não consigo enganar vocês, nenhum de vocês. Simplesmente não é justo para vocês e para mim. O pior crime que posso imaginar seria enganar as pessoas sendo falso e fingindo que estou me divertindo 100 por cento. Às vezes acho que eu deveria acionar um despertador antes de entrar no palco. Tentei tudo que está em meus poderes para gostar disso (e eu gosto, Deus, acreditem-me, eu gosto, mas não o suficiente).
Me agrada o fato de que eu e nós atingimos e divertimos uma porção de gente. Devo ser um daqueles narcisitas que só dão valor as coisas quando elas se vão. Eu sou sensível demais. Preciso ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que tinha quando criança.
Em nossas últimas três turnês, tive um reconhecimento por parte de todas as pessoas que conheci pessoalmente e dos fãs de nossa música, mas eu ainda não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que tenho por todos.
Existe o bom em todos nós e acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que chego a mim sentir mal. O triste, sensível, insatisfeito, pisciano, pequeno homem de Jesus. Por que você simplesmente não aproveita? Eu não sei! Tenho uma esposa que é uma deusa, que transipira ambição e empatia e uma filha que me lembra demais de como eu costumava ser, cheio de amor e alegria, beijando todo mundo que encontra porque todo mundo é bom e não vai fazer mal a ela. Isto me aterroriza a ponto de eu mal conseguir funcionar.
Mal posso suportar a idéia de Frances se tornando o triste, autodestrutivo e mórbido roqueiro que virei. Eu tive muito, muito mesmo, e sou grato por isso, mas desde os sete anos de idade passei a ter ódio de todos os humanos em geral. Apenas porque parece muito fácil se relacionar e ter empatia. Apenas porque eu amo e sinto demais por todas as pessoas, eu acho. Obrigado do fundo de meu nauseado estômago queimando por suas cartas e sua peocupação ao longo dos anos. Eu sou mesmo um bebê errático e triste! Não tenho mais a paixão, então lembrem, é melhor queimar do que se apagar aos poucos. Paz, Amor, Empatia.

Kurt Cobain

Frances e Courtney, estarei em seu altar. Por favor, vá em frente, Courtney, por Frances. Pela vida dela, que vai ser tão mais feliz sem mim. EU TE AMO, EU TE AMO!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Entrevista destaca conflitos internacionais abordados pelo Diário do Nordeste

Na tarde de ontem, a TV Diário levou ao ar uma entrevista de 15 minutos com este jornalista e autor do blog. Foi uma oportunidade de falar sobre mais de três décadas da minha carreira e, sobretudo, a satisfação de ter realizado trabalhos que me enobreceram e são motivos de orgulho. Quanto a isso não há dinheiro que pague.
Além da satisfação pessoal, a entrevista com Paulo Oliveira, este sim um fenômeno de comunicação que tanto enriquece o nosso jornalismo, pude falar de conflitos internacionais, envolvendo o Brasil, dos quais fui uma testenhuma da história, além do meu primeiro romance, a Igreja da Luz Vermelha.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Programa de formação docente promove concerto de música erudita



A Casa de Artes, atividade do Programa de Formação Docente da Universidade Federal do Ceará, promove hoje a partir das 19h30min, no foyer do Theatro José de Alencar, a apresentação “Serenata”, do Quarteto Arcadia, grupo de música antiga e erudita.


Criado por quatro estudantes e professores da Universidade Estadual do Ceará, o Quarteto pesquisa, interpreta e realiza performances de música erudita. É formado por Marcos Maia (violão e alaúde), Jorge Santa Rosa (viola da gamba e contrabaixo), Leandro Cavalcante (voz - tenor) e Rodrigo Soares (flautas). A apresentação é gratui-ta e as inscrições podem ser feitas através do link http://is.gd/JF3InJ.


A CASa de Artes é um espaço de formação e apreciação estética na Universidade e, mensalmente, promove apresentações artísticas com debates e discussões. Para saber mais sobre a CASa de Artes, basta acessar o site www.casa.ufc.br.


Mais informações com o Prof. Vitor Duarte, Coordenador da CASa de Artes, pelo telefone 8557.9596.


Fonte: Prof. Vitor Duarte, Coordenador da CASa de Artes - (fone: 85 8557 9596)

Fortaleza recebe evento de capoeira angola que tem como tema a ancestralidade



Dos dias 19 a 22 de abril, o SESC Colônia Ecológica de Iparana – Caucaiarecebera o "V Abril pra Angola – No Caminho da Ancestralidade”.
O evento é realizado pelo Òrun Àiyé - Centro de Cultura Popular e Afrobrasileira em parceria com o Instituto de Consciência Global (Janus), tem o patrocínio do Banco do Nordeste e apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Oficinas de Capoeira Angola; africanidade baseada na Lei 10.639; culinária ancestral; danças maranhenses; percussão e danças populares fazem parte da programação, que também conta com rodas, samba, tambor de crioula, mostra de vídeos, fogueira da memória com contação de historias Africanas e Afrobrasileiras, palestras e festa Afro.
No primeiro dia de evento, após o credenciamento que ocorrerá no Teatro da Universidade Federal do Ceará (UFC), os participantes vão conferir como foi o “IV Abril Para Angola: Da Senzala a Casa Grande”, que aconteceu na Paraíba, em 2011.
Logo mais será a abertura da mostra de vídeo: Capoeira uma Cultura Ancestral de Paz, do Ministério da Cultura. A noite, a partir das 19h30, será a abertura do evento com uma roda de mestres seguido por um jantar ancestral no Espaço Consciência Corporal e Ancestralidade Africana (Rua Magistrado Pompeu, 385, Cocó).
Nos demais dias os Mestres convidados: Cabello e Boca Rica da Bahia, Meinha de São Paulo e Marron do Rio de Janeiro trarão sua experiência e conhecimentos para o V Abril pra Angola.
“Nas oficinas de Capoeira serão abordados os temas africanidade, brasilidade, expressão corporal, musicalidade, ancestralidade, fundamentos e tradições”, afirma mestre Rafael Magnata, organizador do evento. “O tema da ancestralidade é vivenciado pelos capoeiristas diariamente. Essa arte tipicamente brasileira nos proporciona saberes que devem ser compartilhados”, completa.
Serviço:
V Abril pra Angola - No Caminho da Ascestralidade
Data: De 19 a 22 de abril
Local: Dia 19: Credenciamento - Teatro da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Abertura do evento, a partir das 19h30, na Rua Magistrado Pompeu, 385, Cocó.
Demais dias (20 a 22): SESC Colônia Ecológica de Iparana – Caucaia
Mais informações: Mestre Rafael Magnata – (85) 87377864 / 96550930.

Centro Cultural do Crea-CE recebe exposição Olhares Diversos



No próximo dia 19 de abril (quinta-feira), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará lança, a partir das 19h30min, a exposição Olhares Diversos, que reunirá obras de 12 artistas plásticos cearenses. O lançamento acontece no Centro Cultural do Crea-CE, localizado na sede do Conselho, à Rua Castro e Silva, 81, Centro. A exposição segue até o dia 31 de maio - com horário de visitação das 14h às 18h, de segunda a sexta -, sob a curadoria de Carlos Macedo e Descartes Gadelha, que também terão obras expostas.

Desde sua criação, em dezembro de 2010, esta é a sexta exposição que o Centro Cultural da Crea-CE recebe, sendo também mais uma iniciativa apoiada pelo presidente do Conselho, Engenheiro Civil Victor Frota, em prol da cultura e da revitalização do Centro de Fortaleza. Serão expostas cerca de 30 obras dos artistas Antunys, A. Rocha, Aucilene Cândido, B. Melo, Carlos Macedo, Descartes Gadelha, Ed. Rocha, Elias Cândido, Pacelli, Silvio Rabelo, Vlamir de Souza e Zediolavo.

Sentimentos do mundo

“Olhares Diversos” traz uma explanação sobre os vértices artísticos de alguns dos algozes culturais do nosso estado, que, através de um olhar sensível e difuso, produzem uma gama de aspectos oriundos de cada maneira de construção da arte. Pela tradução do curador Carlo Macêdo, a exposição trata de um “breve, sensível e importante sobrevoo à produção artística cearense, a partir daqueles que, sem alarde, desenvolvem seus engenhos, seus sentimentos do mundo”.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Theatro José de Alencar e a Casa de Artes apresentam nesta terça:Quarteto Arcadia



O Theatro José de Alencar e a Casa de Artes da Universidade Federal do Ceará apresentam nesta terça, 17, às 19:30h - o Quarteto Arcadia - no Foyer do Theatro.
O Quarteto Arcadia é um grupo musical que visa desenvolver e resgatar a perfomance da música antiga de concerto mesclando aspectos contemporâneos à sonoridade dos períodos estéticos medieval, renascentista e barroco. O grupo desenvolve um trabalho de pesquisa voltado à música antiga e às influências da cultura Armonial (as raízes ibéricas da Europa Medieval) na música nordestina.
Integrantes:
O Grupo é formado por quatro integrantes entre professores e estudantes da Universidade Estadual do Ceará(UECE); Rodrigo Soares (flauta transversa e barroca) Leandro Calvacante(tenor), Marcos Maia(violão) e Jorge Santa Rosa (viola da gamba)

domingo, 15 de abril de 2012

Canudos resiste nos poemas em cordel de Babi Guedes



"Canudos, a Saga do Povo Nordestino" é um libelo da luta do povo contra a opressão e motivo de maior orgulho da região pelo espírito da resistência e a força da mística. Essa é a leitura que desprende do livro escrito pelo poeta, cordelista e compositor Babi Guedes, relançado no mês passado pela Ensinamento Editora, dentro do projeto Cesta Básica da Cultura e do Abastecimento (CBCC), com apoio da Lei Rouanet.

A publicação gira sobre os conflitos entre o Exército brasileiro e os seguidores de Antônio Conselheiro, com ênfase ao período compreendido entre 1896 e 1897. A campanha somou quatro ofensivas militares, sendo estes literalmente humilhados até a quarta e última investida vitoriosa sobre o povoado.

Babi Guedes é o nome artístico de Potengy Guedes Filho, cearense, 58 anos, e residente na aldeia Tapeba Jandaiguaba. Além de escritor e cordelista, é cantor, compositor mamulengueiro e artesão.

Sensibilidade

Sensível à arte e ávido pela cultura popular, foi instigado a escrever sobre Canudos e a saga de Antônio Conselheiro, tendo por principal fonte de inspiração o Livro "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Ficou entusiasmado com a fibra e a mística da história ocorrida nos sertões baianos, tendo como protagonista principal um cearense, nascido em Quixeramobim.

Fortes como os trovões anunciando as primeiras chuvas no sertão, os versos têm som, cheiro e sabor da terra. O tema, contudo, não poderia ficar restrito para um grupo de pessoas. Daí que Babi teve a ideia de recontar Canudos, com a poética do cordel, entendendo que assim obteria mais fácil compreensão. Seu intuito foi mais além. Acabou criando mais de 1.200 sextetos, com métrica e rima, que permitem que sejam cantados numa cadencia melódica.

O poeta explica que a escolha pela rima não é porque é fácil ou difícil, mas porque se faz necessária. Do mesmo modo, é cuidadoso com a distribuição do enredo, que conta desde o nascimento de Antônio Mendes Maciel, nome de batismo de Antônio Conselheiro, sua peregrinação pelas cidades do Nordeste, a aridez do solo, a política que beneficiava o opressor, a República que negava os valores da Igreja Católica e, numa crescente comoção, a resistência dos penitentes reunidos em Canudos, ou Belo Monte, que naquela época chegou a ser a segunda cidade mais importante da Bahia, perdendo apenas para a Capital Salvador.

As estrofes, intercaladas por desenhos bico de pena, do ilustrador Valdério Costa, contam a história do nascimento do fundador da comunidade, que tentava reviver um cristianismo primitivo, radical.

Em seguida, o leitor é remetido a inteirar-se sobre a predestinação ao sofrimento e a perseguição. O ponto catalizador foi sua rejeição à República, especialmente pela ruptura com a Igreja Católica e os excessos cometidos pelas forças repressoras na cobrança de impostos. Isso fazia com que se tomasse terras e propriedades, de um povo já tão destituído de bens.

Enquanto isso, difundia-se naquele meio a vinda de dom Sebastião, espécie de rei louco português, que para os lusitanos iriam recuperar a autonomia nacional, perdida para a Espanha, enquanto que para os sertanejos brasileiros significaria o restabelecimento da Monarquia. Uma promessa que era alimentada com superstições e pelo delírio de uma terra agonizante.

Isso atraiu seguidores e uma fúria de crueldade que resultou no massacre de mais de 20 mil sertanejos e o incêndio de todas as casas do arraial. Mas tudo isso aconteceu não sem dificuldades, conforme conta o livro. O povo de Canudos numa região inóspita, de difícil acesso e que tinha a natureza com maior aliada para inibir a investida do invasor. O lugar, também conhecido como o Raso da Catarina, era o mesmo que servia de esconderijo para Lampião e seu bando, quando não encontravam mais nenhum outro refúgio.

Ao todo, foram quatro expedições contra o arraial, que tinha como principal afronta o fato de crescer em adeptos e na ruptura com instituições governamentais. O livro é encontrado na cesta básica, oferecido pelo governo federal, que além de alimentos, inclui revistas, CDs e outros produtos culturais. Este é o segundo livro de Babi. O primeiro foi da Borduna à Cibernética, escrito no início desta década. Na obra de Babi, conta-se sobre os sermões, firmados no Evangelho e na comunhão; a promessa da redenção, alcançada com orações e penitência. Mas eis que Canudos sucumbiu.

Mais informações:

Babi Guedes, Aldeia Tapeba Jandaiguaba - Caucaia
Região Metropolitana de Fortaleza
Telefones: (85) 9700.0184 e
(85) 8595.9025

MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Palestra sobre Arthur Bispo do Rosário e Raimundo Camilo no Sobrado Dr. José Lourenço

Bispo do Rosário (Divulgação)
No dia 14 de abril, às 10h, o Café do Zé, programação permanente do Sobrado Dr. José Lourenço, contará com a presença da curadora de artes, psicanalista e documentarista Flávia Corpas, que debaterá sobre Arthur Bispo do Rosário e Raimundo Camilo: arte em questão e outros desdobramentos.
A partir das primeiras décadas do século XX, as obras produzidas por pessoas consideradas loucas passaram a chamar a atenção de artistas, críticos de arte e psiquiatras. No Brasil, dois casos atuais ajudam a circunscrever a ambígua e complexa relação entre a arte oficial e produções artísticas independentes desta: Arthur Bispo do Rosário, artista consagrado e amplamente reconhecido pelo universo da arte contemporânea, e Raimundo Camilo, artista cearense, cujas obras começaram a ser expostas, a partir de 2005, e que, atualmente, compõem os acervos duas coleções nacionais e três internacionais.
Flavia Corpas desenvolve pesquisa de doutorado sobre Arthur Bispo do Rosário, na PUC/RJ. Fundou, no Rio de Janeiro, a Livre Galeria, espaço dedicado às artes visuais e suas articulações com os campos da literatura, poesia, teatro, cinema, ilustração, psicanálise e filosofia. É organizadora do livro “Arthur Bispo do Rosário: arte além da loucura”, de autoria de Frederico Morais, que será lançado em novembro deste ano.

Fonte: Assessoria de imprensa.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mecenato atual é uma forma dissimulada de publicidade subsidiada

Quanto mais converso com os artistas, principalmente escritores e pintores, mais me convenço que não descobrimos uma forma de incentivo real às manifestações culturais e artísticas. Falo, especialmente,  da Lei n° 8.313/1991 (Lei Rouanet), que é uma forma de estimular o apoio da iniciativa privada ao setor cultural. O proponente apresenta uma proposta cultural ao Ministério da Cultura (MinC) e, caso seja aprovada, é autorizado a captar recursos junto a pessoas físicas pagadoras de Imposto de Renda (IR) ou empresas tributadas com base no lucro real visando à execução do projeto.
No papel, é um projeto excelente. O problema é a prática. E aí cito as conversas já matidas com os artistas, que consideram esse tipo de mecenato ardiloso e criador de falsas perspectivas. Pelo menos, essa é a opinião do poeta e cordelista Babi Guedes, que na sua opinião o que existe é uma espécie de publicidade subsidiada. Ou seja, as empresas tendem a apoiar exclusivamente aqueles que já são conhecidos do grande público e o investimento resulta em vantagens para a promoção do órgão ou empresa promotora.
Babi sabe do que está falando porque há mais de uma década vinha tentando editar um livro que narra a Guerra de Canudos, e somente agora encontrou uma forma de viabilizá-lo.
A questão não é sequer o tempo que se leva até se chegar onde chegou. Ele explica que a dificuldade maior está na burocracia, na forma de se comercializar o produto, que mesmo com os incentivos fiscais da Lei, não são compensadores para quem produz arte.
O País do Vale Tudo, tema de uma tele novela da década de 1990, ainda se mantém nos dias de hoje. Os empresários faturam em cima de obras que já despontam para a consagração, a priori de sua qualidade. É o inverso do humanismo existencialista de Sartre. A existência não precede a essência. A essência precede a existência.
Se sairmos para as edições bancadas pelo próprio bolso é quase uma certeza que se encontrará o encalhe. O que um escritor, por exemplo, vai fazer com mil livros, além daqueles que pode comercializar nas noites de lançamento? Ser escritor de uma única edição é uma predestinação, especialmente na nossa realidade.
Tudo isso pode parecer muito amargo, mas o leitor não se iluda: é muito pior do que pode estar parecendo. Não aconselho que se desista, até porque é inútil quando se tem uma determinação de um fanático como Antônio Conselheiro, a frieza de um androide e a loucura de um santo para se manter artista.
Então, prepare-se para conviver num mundo hostil. Veja os duendes que irão rir, explicitamente muitas vezes, de sua obra. Prepare-se para amargar momentos de solidão e delírios noturnos. Os dedos dos inquisidores lhe apontando por mal desvo de energias. Mesmo assim, talvez esteja aqui uma receita e a inspiração para mais uma obra. E aí o artista encontra forças para ir adiante.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

69 artistas de 27 países já se inscreveram na Imprima Sobral 20012

Miragens (Larissa Franco)


Até o último sábado, 69 artistas de 27 países estavam inscritos na Imprima Sobral 2012, mostra internacional de gravuras que acontecerá de 15 de maio a 15 de agosto, na cidade de Sobral, região Norte do Ceará. As inscrições continuam abertas até o dia 15 de abril e podem ser feitas eletronicamente pelo imprima.sobral@gmail.com ou na própria Casa da Cultura de Sobral, na Av. Dom José, 881, CEP 62.010-290 - Sobral/CE Brasil, das 9h às 12h e das 14h às 17h, de segunda a sexta-feira. Os trabalhos devem ser entregues ou postados até a data de encerramento das inscrições na Casa de Cultura de Sobral.

Os artistas que confirmaram suas inscrições, oito são do Brasil, dos quais dois residentes em Sobral, oito são da Turquia, sete da Espanha, seis da Itália, quatro da Argentina, três da Polônia, três da Bulgária, dois dos Estados Unidos, e os demais são da Austrália, Bélgica, França, Canadá, Porto Rico, Alemanha, Cuba, Nepal, Japão, Inglaterra, Colombia, Hungria, Bulgária, Estônia, Macedônia, Kosovo, Rússia e Guiné Bissau, além de mais dez gravadores selecionados pelo professor José Rincón que virá a Sobral ministrar oficina de gravuras aos interessados.


Fonte: Assessoria de imprensa

domingo, 8 de abril de 2012

Confissões de Schimidt encontra um sentido no desabafo da correspondência



Confissões de Schimidt é um filme de orçamento baixo, nos padrões de Holywood. Custou US$ 30 milhões. Avatar teve uma despesa de US$ 500 milhões. Não é um filme excelente, mas bom o suficiente para se debruçar sobre um quadro psicológico que trata das fraquezas humanas. É um caso de se surpreender num filme modesto, sobretudo considerando a boa atuação do elenco, especialmente de Jack Nicholson, que se revela um grande ator, sem que recorra à expressão louca e histriônica como em Estranho no Ninho (apesar da malandragem), o Iluminado e Melhor Impossível.
A história é sobre um homem que aos 60 anos se aposenta e lida rapidamente com a morte da mulher, Helen. Já no início, há um passagem da câmara pelos prédios e pelo semblante melancólico do protagonista que acompanhará por toda a película. Warren Schmidt (Jack Nicholson) é um homem medroso, fracassado e triste. Ele tenta superar o medo fazendo uma travessia pelo meio Oeste norte-americano, partindo de Omaha, em Nebraska. Tal como sugere Goethe, tendo coragem a força está a seu favor. Mas depois descobre que seu ato é incipiente se comparado com os pioneiros que chegaram ao Oeste Norte Americano, passando por adversidades bem maiores.
Também se sente fracassado em seu casamento, na relação com os amigos e na escolha do marido de sua única filha. Busca vencer esses obstáculos, encontrando energias onde já estão quase minguando. Impotente, se vê vencido pela hipocrisia do amigo Ray, a mediocridade da família do marido de Jenny, a filha, e por fim, é tomado por aguda tristeza.
Assim como se escreve num blog para que uma pessoa ou nenhuma venha a ler, as agruras de sua vida são relatadas em cartas para um garoto de seis anos, chamado Ndugu, que vive na Tanzânia. Resolve contar sobre a aposentadoria, a morte da mulher, o despeito com o genro e o desfalecimento de suas forças. Também lhe envia US 20 dólares por mês. Como diria o jornalista de Iguatu, Honório Barbosa, não importa se você escreve para uma ou 40 mil pessoas. A gratuidade do gesto é que compensa e recupera um sentido, onde se pensa que não há mais nenhum sentido. Está passando este mês no Cinemax.

sábado, 7 de abril de 2012

Egito e Vietnã ensinaram que não se deve baixar a guarda em datas religiosas



É difícil pensar em guerra no dia de hoje, mas não é um pensamento absurdo, principalmente se olharmos um pouco para nossa identidade religiosa e um pouco mais para trás. Mais importante do que o Natal, a Páscoa é a maior festa religiosa para os católicos. Afinal, trata da ressurreição de Jesus Cristo, celebrada amanhã, como prova da vitória sobre a cruz. Ontem, o Papa Bento XVI lembrou que a cruz tem um significado ôntico, pois significa o sofrimento que passa todo ser humano e isso não tem sido diferente no presente com a crise econômica internacional, provocando desemprego e desesperança.
Para os católicos, a Páscoa é a esperança concretizada de que se passará da tristeza para a alegria. Deus enviou seu filho à Terra para que morresse pelos nossos pecados. Por tanto, todo o período da Semana Santa é um chamado para a reflexão da dor e da sua superação, por meio da promessa.
Se o Brasil fosse tão católico quanto no passado, se os seus inimigos fossem mais explícitos e beligerantes esse seria o momento ideal para um ataque. Mas isso não é sequer cogitado pelo Ministério da Defesa ou por qualquer pessoa sã.
O jejum da Sexta-feira Santa, a obrigação de não se comer carne, as igrejas sem missas e a procissão sem cânticos, com marcações esporádicas das matracas são tradições que perdem adeptos a cada momento e não ecoam nos sentimentos do grosso da comunidade católica.
Curiosamente, a não indiferença com a data até se justificaria historicamente no aspecto militar. Foram nos momentos de fervor religiosos que grandes potências sofreram baixas consideráveis, quando se pensavam no respeito à fé.
Primeiro foi a Guerra do Yom Kippur, quando forças egípcias atacaram israelenses na primeira linha de defesa, ao longo do canal de Suez, com chuvas de granadas. Isso aconteceu no chamado Dia do Perdão, maior feriado judeu, onde a tônica é a reconciliação incondicional, em 6 de outubro de 1967.
Foi uma retaliação à Guerra dos Seis Dias, que contou com o apoio da Síria, mesmo país que está sendo execrado na atualidade pela repressão cruel com os opositores do regime. A surpresa deveria deixar lições para os países beligerantes. Mas não foi isso o que aconteceu.
Anos depois, durante a guerra do Vietnã, as forças norte-americana baixaram a guarda no que foi chamado maior ataque daquele País a forças americanas. Detalhe: também aconteceu durante o feriado religioso vietnamita que jamais se pensaria em tamanha desobediência aos preceitos ao Tet, maior feriado do ano, ocorrendo em torno de tarde de janeiro a início de fevereiro.
O arquiteto da ofensiva foi o general Vo Nguyen Giap, principal responsável pela fragorosa derrota norte-americana em 1975. Poderia ter sido um mito, mas é difícil encontrar citações sobre seus feitos mesmo na internet. Os Estados Unidos nunca o perdoaram. É muito provável que o generais ianques tenham pensando: ah, vamos relaxar. Hoje, os comunistas estarão rezando. Não é uma contradição?
No Brasil, mais precisamente no Ceará, aconteceu no dia 1º deste ano, o momento mais grave na segurança pública. Quando se comemorava o Dia da Confraternização Universal, a Polícia promoveu a maior greve de sua história. Não houve conflitos fatais, mas não deixou de ser uma ação traumatica, que implicou, inclusive, na vinda de forças do Exército para intervir na segurança pública, um ato que não acontecia desde a retomada da democracia.
Tudo isso serve para entender que não há mais determinismo, quer filosófico, como assim pensava o marxismo, quer religioso, como prega o livro de Eclesiaste.
Temos um mundo não apenas menos apegado a normas e preceitos, mas muito menos religioso.
Baixar a guarda é somente para os incautos. No livro de São Mateus, diz que se o pai de familia soubesse que hora o ladrão chegaria a sua casa, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua morada. Se o espírito da paz reinasse na Semana Santa não haveria tantos assassinatos e acidentes de trânsitos fatais em maior número do que no período de Carnaval. São Mateus sugere que devemos orar e vigiar.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Fortaleza e Eusébio serão sedes da I Semana de Performance e Pedagogia do Instrumento



De 24 a 28 de abril acontece em Fortaleza e no Eusébio a I Semana de Performance e Pedagogia do Instrumento. Esta será a primeira de uma série de semanas para aperfeiçoamento instrumental e metodologia de ensino dos instrumentos de orquestra. A promoção é do Centro de Ensino Musical Hulda Lage e da Associação Amigos do Piano do Ceará (APICE), com o patrocínio do Governo do Estado do Ceará, por meio da Casa Civil, e apoio cultural do Núcleo de Arte e Cultura do Eusébio (NAEC), Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará (OSUECE) e da PCA Alimentos.

A Semana contará com cursos de violino, viola, violoncelo e contrabaixo, ministrados por Pascal Hotellier (violino e viola) e Fernando Lage (violoncelo) – ambos professores do Conservatório de Briançon, na França - e Regina Medeiros (contrabaixo), titular da Orquestra Eleazar de Carvalho. No conteúdo programático: técnica de arco; afinação e sonoridade; estudos de velocidade de arco; mudança de posição; reportório orquestral e solista.



A abertura será com apresentação da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará (OSUECE) no dia 24, às19 horas, no Theatro José de Alencar. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas. Investimento: R$ 80,00. Os interessados devem enviar e-mail para cem.huldalage@gmail.com para receber a ficha de inscrição, que deverá ser preenchida e enviada preferencialmente até o dia 16 de abril.



Também como parte da programação, no sábado, 28, haverá a audição do projeto Briançon, Tempo de Brasil, e seleção de um bolsista para estudos no Conservatório de Briançon, na cidade francesa localizada na região dos Alpes, durante o ano letivo 2012/2013. Instrumentos: violino, violoncelo, trompa e trompete. Em fevereiro último foram escolhidos, pelo conservatório, três bolsistas cearenses, restando ainda uma vaga a ser preenchida.

Patrocinado pelo Governo do Estado do Ceará, por meio da Casa Civil, o projeto Briançon, Tempo de Brasil já encaminhou, para o Conservatório de Briançon, 15 músicos dos municípios de Fortaleza, Iguatu, Pindoretama, Maranguape, Pacatuba, Tianguá e Várzea Alegre. Anualmente são enviados 04 estudantes para aprofundar os estudos na instituição francesa, durante um ano letivo (10 meses). Ao final dessa temporada, têm a oportunidade de obter o Certificat de fin d'études musicales.


Serviço:
I Semana de Performance e Pedagogia do Instrumento - De 24 a 28 de abril em Fortaleza e Eusébio (CE). Inscrições abertas até o dia 16 de abril. Valor: R$ 80,00. Informações: Centro de Ensino Musical Hulda Lage (Rua Jornalista Cesar Magalhães, 721 – Fortaleza/CE). Contatos: (85)3278-7405, 8866-1431 e 8840-2425.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O amor que renuncia à possibilidade de um amor recíproco



"Por decisão angélica e expressão manifesta dos santos, com a aprovação de Deus e toda esta Comunidade, excomungamos, expulsamos, anatematizamos e maldizemos a Baruch d'Espinosa... Maldito seja no dia e na noite, maldito ao deitar-se e ao levantar-se, maldito em sua saída de casa e em sua entrada. Que jamais Deus o Perdoe. Ordenamos que se dirija a ele por palavra ou por escrito, que ninguém o preste socorro nem favor algum, que ninguém esteja com ele debaixo do mesmo teto nem dele se aproxime a quatro varas de distância, que ninguém leia uma obra composta ou escrita por ele."
Assim foi o decreto de excumunhão de Spinosa da comunidade judaica, que conseguiu ainda o feito de ser perseguido pelos católicos de seu tempo. Tudo isso porque ousou racionalizar a fé, tendo como inspiração a fisolofia de Descartes.
Nascido na Espanha e de origem judaica, poderia ter seguido uma trilha parecida com Teresa d'Ávila, que, por influência de sua família, escondeu suas origens num catolicismo fervoroso, passando depois a uma mística e êxtase somente experimentados pelos santos.
Spinosa, não. A filosofia cartesiana fazia com que acreditasse somente naquilo que poderia experimentar. Aliás, sendo ainda mais radical, defendia que toda a verdade carecia de um suporte matemático. Esse raciocínio, que prenunciava o desenvolvimento das Ciências, era fortemente rechaçado pela igreja da época, fazendo com que conseguisse desagradar a gregos e troianos, por assim dizer.
Mas a lógica racional de Spinosa não durou muito tempo. Já próximo a sua morte, antes de completar 45 anos, ele finalmente se rendeu à espiritualidade. Dizia que não podia barganhar com o amor divino, porque Deus não esperava amor de sua criação, uma vez que era sabedor de sua imperfeição. Spinosa talvez pudesse ser entendido alguém que tenha se rrebaixado, chegado à camada do pré-sal da humilhação moral, mas é no reencontro com o espiritual, que sua filosofia ganha corpo e torna-se uma rreferência para pensadores posteriores, como Kant, que não pode desvincular a filosofia de uma necessidade de se pensar a moral e a ética.

Em tempo: O Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará está com inscrições abertas, até 2 de maio de 2012, para o concurso público de professor adjunto em Fortaleza.

As vagas são para os setores de estudo “Ensino de Filosofia” e “Lógica e Filosofia Analítica”, com regime de trabalho de 40 horas semanais e dedicação exclusiva. O candidato, com título de doutor, pode fazer a inscrição de forma presencial, por procuração ou pelos Correios. O endereço da Secretaria do ICA é: Rua Abdnago, s/n, Campus do Pici – Fortaleza-CE – CEP 60455-001, Fortaleza-CE.

A taxa de inscrição é de R$ 183,00 e cada selecionado terá remuneração de R$ 7.333,67. O concurso é regido pelo Edital n° 126/2012, que pode ser lido, na íntegra, no site da Superintendência de Recursos Humanos da UFC: www.srh.ufc.br.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Vila das Artes abriu inscrições para curso de linguagens cênicas




A Escola Pública de Teatro da Vila das Artes abriu inscrições para alunos ouvintes no módulo Linguagens Cênicas Contemporâneas do curso Teatro: Conexões Contemporâneas que será orientado pelo espanhol Óscar Cornago, de 23 a 27 de abril, das 18h30 às 21h45. As inscrições são gratuitas vão até o dia 4 de abril, às 18h. Os interessados devem comparecer na secretaria da Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221, Centro) das 8h às 20h, apresentar o currículo profissional e uma carta de intenção sinalizando as razões de participar do módulo.

Linguagens Cênicas Contemporâneas é modulo que vai apresentar a experimentação no teatro contemporâneo: as fronteiras do real na cena e a busca de impacto, e o teatro e política na contemporaneidade, na reflexão de Óscar, cujos trabalhos têm se concentrado na história e teoria das artes cênicas e sua relação com outras mídias. O pesquisador também desenvolveu o projeto de pesquisa "A teatralidade como um paradigma da modernidade: uma análise comparativa dos sistemas de estética no século XX ".

Sobre Óscar Cornago

É pesquisador do Centro de Humanidades do Conselho Superior de Investigações Científicas de Madri. É doutor em Filosofia pela Universidad Autonoma de Madrid. Completou seus estudos de pós-doutorado no Institut für Theaterwissenschaft da Freie Universität de Berlim e deu cursos e palestras em várias universidades de vários paises, dentre elas a Universidade Humboldt (Berlim), Universidade de Londres, Universidade de Buenos Aires e Universidade do Estado de Santa Catarina. O seu trabalho centra sobre a história e teoria das artes do espetáculo, desde o século XIX, e sua análise em relação a outras mídias. É professor do mestrado em Práticas Culturais Performing e Visual da Universidade de Alcalá de Henares e membro do grupo de pesquisa Artea (arte-a.org) onde coordena o projeto Arquivo Virtual Artes Cênicas.

O curso Teatro: Conexões Contemporâneas é uma das ações de formação da Vila das Artes, equipamento da Prefeitura de Fortaleza, voltado para a formação em artes, apoio a produção, incentivo a pesquisa e difusão cultural.

Confira outros cursos da Vila das Artes.

:: SERVIÇO
Curso de teatro da Vila das Artes recebe Óscar Cornago
Local: Vila das Artes ( rua 24 de maio, 1221, Centro)
Período: 30 de março a 4 de abril de 2012
Informações: 3252-1444

Fonte: Assessoria de imprensa da Vila das Artes

domingo, 1 de abril de 2012

Centenários comemorados por poucos amigos ou convidando todos aqueles que se acham amigos


Cem anos de Nelson Rodrigues, 100 anos da eclosão da Semana de Arte Moderna e 100 anos da morte do Barão do Rio Branco. Estes centenários que ocorrem em 2012 e tão importantes servem não apenas para reparar equívocos nos reconhecimentos de personalidades e movimentos, como também para refletir que rumos tomaram o teatro brasileiro, a arte de modo geral, e a diplomacia.

No Teatro, desconheço qualquer homenagem a Nelson em Fortaleza e no Interior no presente momento. E não é por falta de casas de espetáculos: José de Alencar, Sesc, São José, Shopping Via Sul... são apenas alguns palcos que me vêm à lembrança de imediato. A explicação para que a dramaturgia não tenha obtido maior envergadura é o isolamento da Capital. A cidade mais próxima com população acima de 250 mil habitantes é Sobral. Enquanto isso, Recife, chega a um patamar elevado, pela aproximação com capitais como João Pessoa, Natal, além de cidades importantes como Campina Grande, na Paraíba, e Carpina, em Pernambuco.

Mas isso só justificaria por pouco se falar da dramaturgia de Nelson? Há explicações que não alcanço, mas bem que seria oportuno que se retomassem suas peças, especialmente neste período em que o cinema a teledramaturgia insistem na temática que rende dinheiro fácil e não instiga maior reflexão das classes sociais mais pobres.

O que se aplica para entender a inanição teatral no Ceará estende-se ainda a compreensão da apatia em se debater a Semana de Arte Moderna, um movimento que fez uma semana ter a duração de três dias. Mas o sentido da irreverência, da quebra de padrões e da revolução estão nas suas manifestações originais, em romper com o colonialismo cultural, o academicismo e a tendência de se vencer o eterno complexo de inferioridade diante da Europa, no passado, e dos Estados Unidos, no presente.

Se no caso de Nelson, a justificativa para que se não façam tanto alarde das festas que virão é porque o grosso das comemorações acontece a partir do segundo semestre, em agosto precisamente, no caso da Semana de Arte Moderna e da morte do Barão do Rio Branco, que se celebraram em fevereiro, o impacto ficou restrito a country clubs burocráticos, formados especialmente por mão de obra operária que sobrevive da área cultural, quer na área pública ou privada. Curiosamente, cada vez mais tomando um perfil de que a credencial de acesso, o pré requisito, é a antipatia, o deboche e o desprezo pelos artistas marginais. Infelizmente, o debate não chegou com nenhuma ou quase nenhuma veemência ao meio acadêmico, não obstante o acréscimo nos últimos 10 anos não apenas no número de universidades particulares, como públicas, inclusive chegando ao interior do Estado

Por que tão pouca alusão àqueles que representaram uma nova era para o Brasil na Litetaratura, Teatro, Pintura, Arquitetura e Música? Cadê as referências - e didáticas - de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita, Vicente do Rego Monteiro, Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira), Yan de Almeida Prado, John Graz, Alberto Martins Ribeiro e Oswaldo Goeldi,Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreira, Renato de Almeida, Ribeiro Couto e Guilherme de Almeida Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernâni Braga e Frutuoso Viana?

Por fim, a confusão de meus pensamentos chega ao Barão do Rio Branco, considerado um herói nacional. O homem que, através da diplomacia, demarcou as fronteiras brasileiras, sem necessidades de guerras, mesmo em áreas de litígios, como foi a questão do Rondônia (cuja Capital leva o seu nome). Gostaria que houvesse mais debates nas universidades para discutir os rumos da diplomacia atual, que ora prega o princípio da não indiferença para opinar sobre a crise na Síria, ora nada diz sobre a supressão dos direitos humanos em Cuba e a ausência de liberdade de expressão na China e também no mundo árabe. Ter cara de poucos amigos não significa ser mais inteligente. Mas também, como disse ontem a Folha de São Paulo, querer ser amigo de todo mundo resulta na perda de respeito.