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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poesia é um benefício público

Pablo Neruda tem fama de ser bom poeta, mas com livros intragáveis, a exemplo de Canto Geral. Tanto assim, que havia inspirado os versos da música de Chico Buarque, "devola o Neruda que você me tomou e nunca leu". Ele é um poeta maravilhoso e nos ensina que o ofício é gerar pratos de cerâmica, mesmo que feitos por mãos rudes
Meu primeiro livro! Sempre sustentei que a tarefa do escritor não é misteriosa nem mágica, mas que, pelo menos a do poeta é uma tarefa pessoal, de benefício público. O que mais se parece com a poesia é um pão ou um prato de cerâmica ou uma madeira delicadamente lavrada, ainda que por mãos rudes. No entanto creio que nenhum artesão pode ter, como o poeta tem, por uma única vez durante a vida, esta sensação embriagadora do primeiro objeto criado por suas mãos, com a desorientação ainda palpitante de seus sonhos. È um momento que não voltará nunca mais. Virão muitas edições mais cuidadas e belas. Chegaram suas palavras vertidas na taça de outros idiomas como um vinho que cante e perfume em outros lugares da terra. Mas esse minuto de arrebatamento e embriaguez, com som de asas que revoluteiam e de primeira flor que se abre na altura conquistada, esse minuto é único na vida do poeta. (Confesso que vivi, p. 53).

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