É do mundo exterior que o conhecimento precisa vir a nós, pela leitura, audição e contemplação. Wendy Beckett
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sábado, 17 de março de 2012
Teresa promete não conversar mais com os homens, mas somente com os anjos
"Esta divina prisión
del amor com que yo vivo
ha hecho a Dios mi cautivo
y libre me corazón;
y causa em mim tal pasíón
ver a Dios mi prisionero,
que muero por que no muero".
Santa Teresa d'Ávila.
Poucas esculturas são tão eloquentes em espiritualidade quanto o Êxtase de Santa Teresa, de Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) um dos maiores escultores do século XVII, representando a experiência mística de Santa Teresa de Ávila trespassada por uma seta de amor divino por um anjo. Na festa de Pentecostes, em 1556, ela teve seu primeiro êxtase: "Não quero que converses com os homens, mas com os anjos". A obra, que faz essa alusão, foi realizada para a capela do cardeal Federico Cornaro. Esculpida durante o período de 1645-1652, seguindo as tendências do estilo barroco.
Meu corpo, assim como de todo mundo, se degrada com o tempo. De um modo geral, a morte se aproxima. Para alguns de forma muito breve ou para outros mais demorada e nem por isso menos sofrida. No meu caso, ela me assedia há muito tempo e já cheguei a alimentar a ilusão das sete vidas. Digo ilusão, porque evidentemente não creio que se estabeleça um número definido para os livramentos.
Por isso, há uma necessidade ontólogica de se entender a morte e o sentido da vida. Busquei nesses versos e na escultura de Santa Teresa inspiração para entender tanto amor a Deus, que a vida já não lhe importa. "Muero por que no muero", diz. Chega um momento que os santos já não bastam e a fé já não anima. Mais dífícil ainda é ter a mesma perseverança de outros grandes santos ou doutores da Igreja, assim como Teresa: não mais pensar em si e nem se preocupar consigo.
"Essa deve ter sido também a origem do empenho de São Domingos e de São Francisco em reunir almas para que o Senhor fosse louvado. E eu vos digo que não deviam ser pequenos os seus sofrimentos, esquecidos que estavam de si mesmos".
Teresa é um caso de santa que aprecio há muitos anos e é uma exceção dentre as minhas preferências, porque acredito que os santos convertidos deram uma contribuição muito maior ao cristianismo do que aqueles que nasceram santos. Ela nasceu santa e seus constantes êxtases, seus milagres e sua aliança com Deus se radicalizavam a cada momento no carmelo, num encantamento que vinha do exemplo, da poesia e, sobretudo, da sua prosa. Dizia que não era somente pobre de espírito. Era louca de espírito. Sua briga com o demônio, conforme lembra o padre Nando, é como se batesse com um cabo de vassoura: "Y una higa para todos los demónios que ellos me temerán a mi! Tengo ya más miedo a los que que tan grande le tienen al demónion que a él mismo".
Nasceu em 28 de março de 1415, numa quarta-feira santa. Submetida a uma criação católica severa, em vista de uma família que tentava esconder a ascendência judaíca, despertou muito cedo o desejo de correr o mundo para evangelizar, sendo influenciada por um de seus 11 irmãos. Gostava de romances de cavalaria e chegou a se apaixonar por um primo, numa das raras passagens relatadas em sua biografia em que viveu o conflito entre a sensualidade e o sentido da honra. Esse sentido, mais do que a religão, é apontado como o que de fato teria impedido de seguir até o fim os apelos de sua afetividade e de seu corpo. Com a morte de sua mãe, em 1528, a ascese e mística chegam ao extremo. Seu corpo foi mantido e transfigurado na "Esposa de Cristo".
Minha atração por Santa Teresa também está por ter sido escritora. Chegou a escrever um romance e experimentou o primeiro fracasso humano. O segundo seria ocasionado pela loucura ao ser presdestinada à santidade. Mas por toda sua personalidade, espiritualidade, onde prega que a misericórdia divina resplandece por meio do dom e da prática da oração, é considerada a "Mãe dos Espirituais", conforme está inscrito na estátua da santa na igreja de São Pedro, em Roma.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Cupido e Psique e a clássica história do amor que nunca satisfaz
Há uma curiosa história de amor entre Psique (Alma) e Cupido (Eros). Psique era uma linda mulher, que não somente despertava o ciúme de suas duas irmãs, como de Vênus. Esta não compreendia como os mortais poderiam render tantas homenagens e reverência àquela mulher, quando na verdade ela era de fato a grande deusa. Portanto, ordenou a seu filho Cupido, que lhe atingisse com uma de suas setas, de sorte que se apaixonaria pelo mais feio dos homens.
Ocorreu que, deslumbrado pela formosura e encanto de Psique, Cupido se atrapalha e acaba se ferindo com a ponta de uma de suas lanças. Apaixona-se pela mulher e, para fugir dos castigos de sua mãe, ele a leva para seu palácio, onde desfruta de luxo e de mágicas noites de amor.
No entanto, Cupido nunca poderia deixar ver seu rosto. Certo dia, curiosa para saber que tipo de amante havia desposado, Psique acende a lamparina e deixa ver o homem louro e igualmente belo tomado pelo sono e pela fadiga após a noite de intensa paixão. Sem querer deixa que o azeite caia sobre o corpo do amado, que o acorda e, então, foge, deixando-a só e desprovida de todos os bens materiais.
Por fim, pede a Zeus, que intervenha e conceda a imortalidade a Psique, o que é atendido pelo pai, pois entende que o filho muito lhe ajudou em suas conquistas e que também poderia ser útil no futuro.
A história também reflete bem a distinção que Freud faz entre o amor genital e o amor oriundo da "finalidade inibida". O primeiro é que se materializa entre o casal na sua plenitude. O segundo provém das relações familiares e os deveres para com esses laços. Ambos tipos de amores, para Freud, são insatisfatórios para causar o bem estar, embora propiciem grandes prazeres e a necessidade de se fazer parte do tecido social ou do rebanho, respectivamente.
O casal é o tema da escultura em mármore de Antonio Canova (1757-1822), intitulada Cupido e Psique, que se encontra no museu do Louvre, em Paris. Chama a atenção que as asas do amante ainda não estão recolhidas, o seu olhar apaixonado e a suavidade e delicadeza dos corpos. Canova ficou notório em fazer monumentos públicos, túmulos e estátuas.
Ocorreu que, deslumbrado pela formosura e encanto de Psique, Cupido se atrapalha e acaba se ferindo com a ponta de uma de suas lanças. Apaixona-se pela mulher e, para fugir dos castigos de sua mãe, ele a leva para seu palácio, onde desfruta de luxo e de mágicas noites de amor.
No entanto, Cupido nunca poderia deixar ver seu rosto. Certo dia, curiosa para saber que tipo de amante havia desposado, Psique acende a lamparina e deixa ver o homem louro e igualmente belo tomado pelo sono e pela fadiga após a noite de intensa paixão. Sem querer deixa que o azeite caia sobre o corpo do amado, que o acorda e, então, foge, deixando-a só e desprovida de todos os bens materiais.
Por fim, pede a Zeus, que intervenha e conceda a imortalidade a Psique, o que é atendido pelo pai, pois entende que o filho muito lhe ajudou em suas conquistas e que também poderia ser útil no futuro.
A história também reflete bem a distinção que Freud faz entre o amor genital e o amor oriundo da "finalidade inibida". O primeiro é que se materializa entre o casal na sua plenitude. O segundo provém das relações familiares e os deveres para com esses laços. Ambos tipos de amores, para Freud, são insatisfatórios para causar o bem estar, embora propiciem grandes prazeres e a necessidade de se fazer parte do tecido social ou do rebanho, respectivamente.
O casal é o tema da escultura em mármore de Antonio Canova (1757-1822), intitulada Cupido e Psique, que se encontra no museu do Louvre, em Paris. Chama a atenção que as asas do amante ainda não estão recolhidas, o seu olhar apaixonado e a suavidade e delicadeza dos corpos. Canova ficou notório em fazer monumentos públicos, túmulos e estátuas.
sábado, 29 de outubro de 2011
Reverência à Monarquia é maior do que à República em Fortaleza
Quem primeiro, pelo menos até onde eu sei, que percebeu essa realidade foi o jornalista Frederico Fontenele Farias: Em Fortaleza, há mais reverência aos personagens da Monarquia do que da República. Isso pode ser verificado nos nomes de praças, avenidas e monumentos das principais áreas de Fortaleza, tais como praça Pedro II, em frente à Catedral Metropolitana de Fortaleza, Avenida do Imperador, Rua Princesa Isabel, Dona Leopoldina, todas no Centro. Enquanto isso, a República tem, num dos raros lampejos de referência, a Rua Marechal Deodoro, onde fica a sede da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), no Benfica, que no passado foi chamada de Rua da Cachorra Magra.
A transição da monarquia para a República foi sem traumas, ódios e sem derrubadas de estátuas, a exemplo do que aconteceu com os monumentos a Lenin e Stalin, na Rússia, ou a memorável queda da escultura de Sadam, por força da invasão no Iraque. A explicação plausível é que a nossa mudança de regime não representou numa alteração do sistema capitalista e, por conseguinte, na mudança de status das classes sociais. Os pobres continuaram pobres e os ricos até mais ricos.
É sabido que os primeiros presidentes brasileiros, os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto eram devedores da remanescdente aristrocracia portuguesa. Por isso, não houve nenhuma perseguição ao imperador deposto. Ao contrário, as homenagens se espalharam por quase todo o Brasil.
Essa estátua é do artista Auguste Maillard, sendo fundida em Paris, por H. Gonot. Foi inaugurada em 1913 e tornou-se a terceira erigida na Capital. Está localizada na praça que leva o mesmo nome, ao lado dos principais equipamentos históricos, como a Sé, O quartel da 10ª Região Militar (onde também abriga o forte de Nossa Senhora da Assunção, que deu origem a Fortaleza) e a os prédios antigos da Avenida Conde d'Eu.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Jonas, o profeta desobediente, é também o mais popular
"Eu clamei minha súplica ao Senhor Meu Deus e Ele me atendeu". Os versículos compõem o Livro de Jonas, no Antigo Testamento, considerado um profeta menor mas um dos mais populares. Tanto assim, que ocupa papel de destaque entre os 12 Profetas, conjunto de esculturas barrocas do artista Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, produzidas em pedra-sabão entre 1795 e 1805, em Minas Gerais. A escultura fica à esquerda e sobre o prolongamento do mesmo muro que conduz a outro profeta muito conhecido, Daniel.
A popularidade de Jonas se deve, no meu modo de entender, porque chegam a ser cômicas suas peripécias para converter os ninivitas, assim como sua oração e seu apostolado desobediente se tornaram recorrentes na Bíblia. Por decisão de Deus, Jonas é convocado a converter Nívive. No entanto, ele desobedece e se dirige a Társis. No mar, há uma grande tempestade. Depois, é jogado às águas e engolido por uma baleia, passando três dias no ventre do mamífero. Por fim, chega a Nínive e as pessoas se dobram diante da ordens de Deus. Jonas, então, briga com o Criador, porque sabia ser Ele misericordioso e bondoso. No Novo Testamento, há também uma parábola que se refere a dois filhos, cujo pai pede que trabalhem na vinha. Um diz que vai e acaba não indo. O que diz que não não vai, termina por fazer a vontade do Pai. Por fim, a desobediência é vista não com palavras, mas com ações.
Na obra de Aleijadinho, nota-se que a escultura de Jonas também foi esculpida em um único bloco, apesar de sua grande dimensão, com grande expressão dramática, olhando para o Céu, na suposição de agradecimento. Ao seus pés, a cabeça da baleia.
No pergaminho nas mãos de Jonas encontra-se uma citação bíblica em latim que afirma:
"Engolido por uma baleia, permaneço três dias e três noites no ventre do peixe; depois venho a Nínive." (Jonas 2).
terça-feira, 19 de julho de 2011
Arte pulsa visionária e veemente das mãos de Arthur Bispo do Rosário
O fotógrafo Antonio Duarte havia me advertido. Não é o tempo que destrói nossa memória. Essa se dissipa pelo excesso de informações. Com essa desculpa (esfarrapada?) não posso atribuir a autoria da frase de que há loucos geniais, mas seria louco acreditar que tudo um louco produz é genial. Van Gogh era um louco genial. Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) também. Ele viveu durante 50 anos no hospital psiquiátrico Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro.
Entre 1939 e 1989, esteve internado com diagnóstico de esquizofrenia e paranoia. Começou a produzir durante os ateliês de arte destinados à terapia dos internos. Arthur Bispo não gostava de fazer as refeições junto com os outros pacientes e não ia ao refeitório. Pegava a bandeja, ou alguém a levava para ele, e ia para bem longe.
Sempre ficava atento a colheres, utensílios perdidos por outros pacientes e daí surgiam de suas mãos obras que se aproximavam da pop art, que, a partir de 1959, ganhava força com o movimento contrário a arte não figurativa. Nos Estados Unidos, artistas surgiam com representações trazendo estrelas de cinema, garrafas de refrigerantes, dentre outros, numa forma em que dava a aparência de vulgarização do surrealismo. Arthur Bispo, com esculturas e instalações realizadas a partir de sucatas e lixo, foi redescoberto pelo crítico Frederico Morais na década de 80, e, então, se passou a fazer comparações com os trabalhos do artista Marcel Duchamp (Fonte, 1917).
Arthur Bispo viveu no contexto da tentativa de humanização dos hospícios. O aproveitamento da sublimação e das percepções desordenadas foram muito bem trabalhadas pela psicanalista jungiana Nise da Silveira, que tanto valorizou a arte como teve a sensibilidade de introduzir animais domésticos (cachorros e gatos) na convivência com os pacientes. Contemporânea das terapias do eletrochoque e da lobotomia, implantou nos manicômios formas de tratamento que não apenas ofereciam outro meios de ocupação para os doentes, como propiciavam a vasão de gênios, os quais iriam constituir o Museu do Inconsciente.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Rodin e Sarkozy
Foto: Facebook |
Mudando de assunto e falando do mesmo assunto. Não podemos falar em fraude, nem uma arte menor, mas um sentimento de libertação do julgo imperialista que não foi totalmente assimilado passado um ano. Assim foi o Ano da França no Brasil. Aqui, no Masp, houve mostras de artistas franceses e, por falar em escultura, de Rodin.
Ao mesmo tempo, teve a visita de Nicolas Sarkozy, que veio para participar das comemorações do dia 7 de setembro e celebrar um acordo militar milionário, mas ainda em pendência, inclusive em tribunais internacionais, como é o caso dos aviões suecos e norte-americanos.
A Escrava Grega
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Foto: Yale University Art Gallery |
A Escrava Grega, do artista norte-americano Hiram Powers, tem um leve olhar para a esquerda. Nota-se que está acorrentada e também os historiadores afirmam de se tratar de uma cristã. Há uma atmosfera de superioridade sobre as adversidades, como se vencesse as tempestades.
Ao contrário do que poderia imaginar, a escultura é do século XIX e possui algumas variações e inspirou diversos artistas, quanto de sentimento de adoração e egocentricidade, daquele que possui a escrava.
Não se vê imagens de dor, apesar da corrente, que chega a ser sutil diante da nudez.
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