Pesquisar este blog

Olá

Muito me alegra pela sua visita. É um blog pretensioso, mas também informativo
Mostrando postagens com marcador Pierre Verger. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pierre Verger. Mostrar todas as postagens

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O superlativo das paixões aparece no romance Gabriela, Cravo e Canela



"Já chegara alterado ao bar, e ali continuava a beber. Isso se passava exatamente uma vez por ano, e só uns poucos sabiam ser a forma como ele comemorava a morte de um irmão, fuzilado numa parada em Barcelona, muitos anos atrás. Ainda agora, porém, mais de 20 anos passados, fechava a oficina e embebedava-se no dia do aniversário da parada e das mortes na rua. Jurando voltar à Espanha para explodir bombas e vingar o irmão".
O trecho é do livro Gabriela, Cravo e Canela, mais conhecido por exaltar a sensualidade de uma mulata, tangida para Ilhéus por conta da seca. O texto é um dos raros momentos que marca o interesse de Amado pela Política, depois de ter rompido com o Partido Comunista.
Foi o primeiro romance que li de Jorge Amado, aos 13 anos. Muito antes de Sônia Braga encarnar o papel da protagonista, na adaptação de Dias Gomes, e me fez não apenas a criar gosto pela leitura de seus demais romances, como me despertou a vontade de conhecer a Bahia, assim como aconteceu com o pintor Caribé e o etnólogo Pierre Verger.
Muitos de seus últimos romances, como Tereza Batista Cansada de Guerra, Dona Flor e seus dois maridos e Tieta do Agreste  já são obras derivativas e, como se comenta, escritas sob encomenda até para salvar amigos editores da falência. Jorge amado, com suas qualidades e defeitos, não pode reclamar do reconhecimento internacional. Também, por ter enveredado pelo caminho do best seller, não poderia se queixar do não reconhecimento pelo Prêmio Nobel.
Recomendo a leitura e a releitura de Gabriela, Cravo e Canela. São bem escritas as cenas de amor de Nacib e a cozinheira, que - se não fosse a libido exagerada - seria a Amélia da Literatura.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

No Candomblé mostramos festivamente a nossa personalidade

O Candomblé ganhou maior atenção de intelecutais brasileiros e estrangeiros, a partir da obra de Jorge Amado, como afirma o etnólogo frânces Pierre Verger. Ele percebia essa manifestação religiosa como uma ferramenta importante que auxiliou o negro a vencer a baixa alta estima, resquício da herança escrava, e também uma maneira eficiente de se enfrentar os problemas da vida. A entrevista foi concedida ao jornal O Globo, na festa de seus 90 anos. O texto completo pode ser localizado no site: http://www.pierreverger.org/




O candomblé é muito importante do ponto de vista da psicanálise, com uma grande vantagem. Na psicanálise há o psicodrama, as pessoas são levadas a representar publicamente o que está escondido em sua personalidade, mostrar seu lado mais vergonhoso. Isso é horrível. No candomblé é o  contrário, isso ocorre em clima de festa, a gente pode mostrar o que é e ser admirado, porque afinal de contas não é a pessoa que está fazendo ou dizendo aquelas coisas, é o orixá.
Mesmo para as pessoas que não têm origem africana, o candomblé é importante, porque permite  que elas sejam elas mesmas, em vez de adotar uma forma de viver que nada tem a ver com sua natureza. Há uma coisa muito interessante no candomblé: em princípio, um orixá é um antepassado da família, que às vezes se apodera da pessoa, em então ela cai no santo , com se diz , sem fingir, numa possessão verdadeira. Quem não tem sangue africano, como eu, infelizmente não é possuído pelo orixá. Há um caso único, que noa sei explicar, de uma pessoa sem raízes africanas que pe possuída pelo santo. É uma francesa Giselle Cossard, que é mãe de santo de um terreiro muito respeitado, nos arredores do Rio. Há pessoas sem sangue africano que também caem no santo, entram em transe. Mas é um transe de expressão, e não de possessão.  O orixá é uma espécie de arquétipo do comportamento da gente. Quando se apossa de uma pessoa, ela revela o que está em seu inconsciente, passa a exprimir sua personalidade verdadeira.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Verger revelou um mundo mágico e pleno de dignidade dos povos africanos

Foto de Pierre Verger (by Consciência Negra)


















Grande composição de Pierre Fantubi Verger, etnólogo francês. Faz parte de sua experiência profissional como fotógrafo, com destaque para a cultura negra. Na foto, a aristrocracia tribal é destacada sob um gigantesco Baobá, árvore cultuada para ritos de iniciação.
Pierre Verger aportou na Bahia, onde foi se encantando pelo Candomblé  por conferir dignidade aos descendentes de escravos. Lá percebeu que as relações raciais eram as mais fáceis até então conhecida, não obstante sua vasta experiência como viajante do mundo. Para ele, Xangô, Iemanjá, Oxossi, entidades conhecidas como orixás, não eram somente nomes de prédios da Capital baiana, como motivo de orgulho para os negros.
Frequentava os terreiros mais tradicionais de Salvador, embora dissesse que não tinha religião por temperamento. No entanto, sua obra, incluindo fotografias, audivisuais e um livro sobre fitoterápicos ,deram importante contribuição para o estudo da cultura afro-brasileira.