É do mundo exterior que o conhecimento precisa vir a nós, pela leitura, audição e contemplação. Wendy Beckett
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quarta-feira, 23 de maio de 2012
Alegrias de uma noite mágica que devem ser compartilhadas
A imperfeição é um peso enorme para a humanidade. Se uma pessoa escreve um "a", mas não puxa a perninha o que posso pensar? A letra de médico ou aquela do repórter apressado para colher a informação pode representar, mesmo sabendo que estamos indo ao extremos dos extremos, num receituário criminoso, no caso do doutor, ou num injusto ataque à moral, como acontece com os chamados "historiadores do presente", os jornalistas.
É bem verdade que a caneta e o papel caminham para o desuso breve, em vista das planilhas eletrônicas, do uso do computador, mas ainda não é a realidade atual. O que tem sido comum em ambos os casos é a incompetência e a presunção disfarçadas nas mal traçadas linhas. Isso vale para ambas as categorias. E como se parecem na arrogância, na demonstração de falsos saberes e falsos talentos. Médico que é cantor, jornalista que tanto fala eloquentemente sobre a extração de petróleo no pré-sal quanto dos quadros de Miró fazem parte da mesma mistura de dons, que a loucura confunde numa auto estima, que por não representar realmente grande valor, ou será admirada por meia dúzia bajuladores ou simplesmente repudiada e ridicularizada.
Isso funciona em muitos casos e eu poderia vestir a carapuça se não fosse a grande fé no meu espírito, agora relutante em subonar-me às ilusões. Errando o "a", enaltecendo o que considerava genial fiz apenas parte do cortejo dos bobos alegres. Mesmo escrevendo no computador, continuo susceptível a errar, confundir palavras e magoar e padecer do destino da falibilidade. Mas eis que agora descobri São Paulo, e daí tenho uma visão. É como se eu estivesse escutando falar aos Efésios "não saia da sua boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graças aos que a ouvem".
Assim, continuarei admirando e falando dos quadros de Miró... Não posso, seria uma blasfêmia não compartilhar meu deslumbramento pelo concerto de cordas de Bach. Meu Deus, por que perdi tanto tempo contemplando e buscando saber sobre as fraquezas humanas, fuçando nas redes sociais como o mais hipócrita fofoqueiro deste começo de século?... Quanto tempo foi perdido, quando são os exemplos de fortaleza de seus artistas que mais enaltecem sua obra criadora e nos faz aceditar que a perfeição é possível?
Uma noite calma e silenciosa se avizinha e mais uma vez sinto que há música na quietude. Seus doces metais, flautas, harpas e violinos se misturam, se intercalam... param, por algum momento para que seja introduzido um solo de algum outro instrumento que somente identifico pela beleza. Eouvindo aquilo que edifica, minha alma se enche de alegria.
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quarta-feira, 9 de maio de 2012
Diante de Daniel, os leões tiveram que jejuar
Uma das passagens mais belas da Bíblia encontra-se no livro de Daniel. Trata-se de um profeta, que na sua ascese antecedeu a Cristo, detém uma história pessoal de renúncia radical à sua humanidade e por mais mítica que possa parecer é plena de ensinamentos. Tanto nos deparamos com os demônios para nos enganar e desvirtuar, assim como o Criador foi sábio em fazer com que seus interlocutores, os seus anjos, mostrassem o caminho da virtude, da vitória do bem sobre o mal.
Naturalmente que esse é um papo muito parecido com o do pregador evangélico, mas para quem lê muitos livros, assiste muitos filmes, contempla quadros e embora não seja raro o deslumbramento, há poucos momentos em que encontramos a transcedência, um rumo a seguir, um exemplo -embora muito difícil de ser seguido - que nos fortalece, nos torna um vencedor diante dos inimigos.
Daniel foi proibido pelo rei Nabucodonosor de rezar. Então, ele rezava três vezes ao dia. Para tentá-lo pela gula, lhe ofereciam os melhores manjares. Daniel simplesmente rejeitava. Quando foi posto ao sacríficio dos leões, não encontraram mais um homem em carne. O profeta havia se transformado em espírito. Então, aconteceu de também ter sido rejeitado pelas feras.
Verdade? Mentira? Chegamos a um momento na história de nossa vida que nos vimos numa encruzilhada. Faltam-nos os amigos, os familiares já não nos consolam, o mundo secular é insufiente. Então, eis que surgem sinais místicos, que redimem. Em algum momento, se pode pensar em Daniel. E o que importa se agora só lhe habita o espírito? Quem irá sentir falta? São muitas perguntas. Mas o mistério da fé melhor que seja permeado por mais dúvidas do que por certezas.
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sábado, 7 de abril de 2012
Egito e Vietnã ensinaram que não se deve baixar a guarda em datas religiosas
É difícil pensar em guerra no dia de hoje, mas não é um pensamento absurdo, principalmente se olharmos um pouco para nossa identidade religiosa e um pouco mais para trás. Mais importante do que o Natal, a Páscoa é a maior festa religiosa para os católicos. Afinal, trata da ressurreição de Jesus Cristo, celebrada amanhã, como prova da vitória sobre a cruz. Ontem, o Papa Bento XVI lembrou que a cruz tem um significado ôntico, pois significa o sofrimento que passa todo ser humano e isso não tem sido diferente no presente com a crise econômica internacional, provocando desemprego e desesperança.
Para os católicos, a Páscoa é a esperança concretizada de que se passará da tristeza para a alegria. Deus enviou seu filho à Terra para que morresse pelos nossos pecados. Por tanto, todo o período da Semana Santa é um chamado para a reflexão da dor e da sua superação, por meio da promessa.
Se o Brasil fosse tão católico quanto no passado, se os seus inimigos fossem mais explícitos e beligerantes esse seria o momento ideal para um ataque. Mas isso não é sequer cogitado pelo Ministério da Defesa ou por qualquer pessoa sã.
O jejum da Sexta-feira Santa, a obrigação de não se comer carne, as igrejas sem missas e a procissão sem cânticos, com marcações esporádicas das matracas são tradições que perdem adeptos a cada momento e não ecoam nos sentimentos do grosso da comunidade católica.
Curiosamente, a não indiferença com a data até se justificaria historicamente no aspecto militar. Foram nos momentos de fervor religiosos que grandes potências sofreram baixas consideráveis, quando se pensavam no respeito à fé.
Primeiro foi a Guerra do Yom Kippur, quando forças egípcias atacaram israelenses na primeira linha de defesa, ao longo do canal de Suez, com chuvas de granadas. Isso aconteceu no chamado Dia do Perdão, maior feriado judeu, onde a tônica é a reconciliação incondicional, em 6 de outubro de 1967.
Foi uma retaliação à Guerra dos Seis Dias, que contou com o apoio da Síria, mesmo país que está sendo execrado na atualidade pela repressão cruel com os opositores do regime. A surpresa deveria deixar lições para os países beligerantes. Mas não foi isso o que aconteceu.
Anos depois, durante a guerra do Vietnã, as forças norte-americana baixaram a guarda no que foi chamado maior ataque daquele País a forças americanas. Detalhe: também aconteceu durante o feriado religioso vietnamita que jamais se pensaria em tamanha desobediência aos preceitos ao Tet, maior feriado do ano, ocorrendo em torno de tarde de janeiro a início de fevereiro.
O arquiteto da ofensiva foi o general Vo Nguyen Giap, principal responsável pela fragorosa derrota norte-americana em 1975. Poderia ter sido um mito, mas é difícil encontrar citações sobre seus feitos mesmo na internet. Os Estados Unidos nunca o perdoaram. É muito provável que o generais ianques tenham pensando: ah, vamos relaxar. Hoje, os comunistas estarão rezando. Não é uma contradição?
No Brasil, mais precisamente no Ceará, aconteceu no dia 1º deste ano, o momento mais grave na segurança pública. Quando se comemorava o Dia da Confraternização Universal, a Polícia promoveu a maior greve de sua história. Não houve conflitos fatais, mas não deixou de ser uma ação traumatica, que implicou, inclusive, na vinda de forças do Exército para intervir na segurança pública, um ato que não acontecia desde a retomada da democracia.
Tudo isso serve para entender que não há mais determinismo, quer filosófico, como assim pensava o marxismo, quer religioso, como prega o livro de Eclesiaste.
Temos um mundo não apenas menos apegado a normas e preceitos, mas muito menos religioso.
Baixar a guarda é somente para os incautos. No livro de São Mateus, diz que se o pai de familia soubesse que hora o ladrão chegaria a sua casa, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua morada. Se o espírito da paz reinasse na Semana Santa não haveria tantos assassinatos e acidentes de trânsitos fatais em maior número do que no período de Carnaval. São Mateus sugere que devemos orar e vigiar.
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sábado, 17 de março de 2012
Teresa promete não conversar mais com os homens, mas somente com os anjos
"Esta divina prisión
del amor com que yo vivo
ha hecho a Dios mi cautivo
y libre me corazón;
y causa em mim tal pasíón
ver a Dios mi prisionero,
que muero por que no muero".
Santa Teresa d'Ávila.
Poucas esculturas são tão eloquentes em espiritualidade quanto o Êxtase de Santa Teresa, de Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) um dos maiores escultores do século XVII, representando a experiência mística de Santa Teresa de Ávila trespassada por uma seta de amor divino por um anjo. Na festa de Pentecostes, em 1556, ela teve seu primeiro êxtase: "Não quero que converses com os homens, mas com os anjos". A obra, que faz essa alusão, foi realizada para a capela do cardeal Federico Cornaro. Esculpida durante o período de 1645-1652, seguindo as tendências do estilo barroco.
Meu corpo, assim como de todo mundo, se degrada com o tempo. De um modo geral, a morte se aproxima. Para alguns de forma muito breve ou para outros mais demorada e nem por isso menos sofrida. No meu caso, ela me assedia há muito tempo e já cheguei a alimentar a ilusão das sete vidas. Digo ilusão, porque evidentemente não creio que se estabeleça um número definido para os livramentos.
Por isso, há uma necessidade ontólogica de se entender a morte e o sentido da vida. Busquei nesses versos e na escultura de Santa Teresa inspiração para entender tanto amor a Deus, que a vida já não lhe importa. "Muero por que no muero", diz. Chega um momento que os santos já não bastam e a fé já não anima. Mais dífícil ainda é ter a mesma perseverança de outros grandes santos ou doutores da Igreja, assim como Teresa: não mais pensar em si e nem se preocupar consigo.
"Essa deve ter sido também a origem do empenho de São Domingos e de São Francisco em reunir almas para que o Senhor fosse louvado. E eu vos digo que não deviam ser pequenos os seus sofrimentos, esquecidos que estavam de si mesmos".
Teresa é um caso de santa que aprecio há muitos anos e é uma exceção dentre as minhas preferências, porque acredito que os santos convertidos deram uma contribuição muito maior ao cristianismo do que aqueles que nasceram santos. Ela nasceu santa e seus constantes êxtases, seus milagres e sua aliança com Deus se radicalizavam a cada momento no carmelo, num encantamento que vinha do exemplo, da poesia e, sobretudo, da sua prosa. Dizia que não era somente pobre de espírito. Era louca de espírito. Sua briga com o demônio, conforme lembra o padre Nando, é como se batesse com um cabo de vassoura: "Y una higa para todos los demónios que ellos me temerán a mi! Tengo ya más miedo a los que que tan grande le tienen al demónion que a él mismo".
Nasceu em 28 de março de 1415, numa quarta-feira santa. Submetida a uma criação católica severa, em vista de uma família que tentava esconder a ascendência judaíca, despertou muito cedo o desejo de correr o mundo para evangelizar, sendo influenciada por um de seus 11 irmãos. Gostava de romances de cavalaria e chegou a se apaixonar por um primo, numa das raras passagens relatadas em sua biografia em que viveu o conflito entre a sensualidade e o sentido da honra. Esse sentido, mais do que a religão, é apontado como o que de fato teria impedido de seguir até o fim os apelos de sua afetividade e de seu corpo. Com a morte de sua mãe, em 1528, a ascese e mística chegam ao extremo. Seu corpo foi mantido e transfigurado na "Esposa de Cristo".
Minha atração por Santa Teresa também está por ter sido escritora. Chegou a escrever um romance e experimentou o primeiro fracasso humano. O segundo seria ocasionado pela loucura ao ser presdestinada à santidade. Mas por toda sua personalidade, espiritualidade, onde prega que a misericórdia divina resplandece por meio do dom e da prática da oração, é considerada a "Mãe dos Espirituais", conforme está inscrito na estátua da santa na igreja de São Pedro, em Roma.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Unilab recebe mais 300 novos alunos de países de língua portuguesa
Aula inaugural na Unilab. Fotos: Marcus Peixoto |
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), com um campus instalado em Redenção, a 63 quilômetros de Fortaleza (CE), deverá estar recebendo 300 novos alunos estrangeiros de países africanos e do Timor Leste. As aulas começam no segundo semestre deste ano. A instituição se propõe a abrir espaço para o livre e amplo intercâmbio de conhecimento e cultura entre o Brasil e os países de expressão portuguesa.
A experiência, que chega ao seu segundo ano, demonstra o quanto tem valido os esforços de cooperação solidária, em oferecer a outros países, principalmente africanos, o desenvolvimento por meio de "formas de crescimento econômico, político e social entre os estudantes, formando cidadãos capazes de multiplicar o aprendizado", assim como é dito no site oficial da Unilab.
A escolha por Redenção, um Município localizado na chamada região do carrasco do Maciço do Baturité, teve uma simbologia própria. Trata-se da primeira cidade brasileira a abolir a escravidão. Só não fica bem claro este ponto de vista para os alunos assim que chegam porque não ha cidadãos negros, não apenas naquela localidade quanto em todo o Ceará. No caso de Redenção, há de se lembrar quando houve a abolição, existia apenas um escravo cativo, numa rara senzala da região onde se instalaram engenhos de cana de açúcar.
No caso do Ceará, a explicação é que não houve uma migração africana expressiva por conta da própria condição econômica do Estado, onde as estiagens frequentes, não permitiam a prosperidade da agricultura e, desse modo, a aquisição da mão de obra escrava tornava-se inviável.
No entanto, a Universidade voltada para os estudantes de língua portuguesa encontra nos africanos seus maiores usuários. O interesse pelos estudos anima e enche de esperança seu alunos, como Eduardo, 21 anos, de Guiné Bissau, que afirma sonhar em poder voltar para seu País e oferecer uma vida melhor para si e sua família. Eduardo, assim como os demais africanos, falam das dificuldades de adaptação. Uma delas é ser minoria negra num estado de mestiços e pardos. Uma outra foi a alimentação. Contudo, nada que o desejo de crescer e usufruir de conhecimentos e oportunidades não seja superior.
A Universidade oferece uma grade voltada para assuntos de primeira ordem em países como Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné Bissau, tais como Adminstração Pública, Agronomia, Ciências Humanas, Ciências e Matemática, Enfermagem, Engenharia de Energias e Letras. Os alunos fazem suas refeições e dormem no próprio campus. Há uma discipliana rígida, comandada por um experiente coordenador africano, para impedir brigas e rixas tribais ou para assuntos que saiam do controle e que são comuns a qualquer lugar onde se promova a reunião de jovens, homens e mulheres: namoros e bebedeiras.
Padre Clóvis Cabral |
Por ocasião de sua aula inaugural, quando estive presente, houve a participação do padre jesuíta Clóvis Cabral, filho de uma ialorixá baiana, sendo um dos mais controvertidos religiosos brasileiros. Já na sua ordenação, contou-se com a participação de integrantes do candomblé, onde se misturam cultos católicos e afrobrasileiros.
Ele falou do racismo e da limitação intelectual brasileira, em ter produzido grandes líderes negros, a exemplo de Nelson Mandela, Agostinho Neto, Samora Marchal e Martin Luther King. "Durante muito tempo, causava muita isada a piada de que negro só era gente quando se batia na porta do banheiro e este respondia: tem gente", disse o padre, que estampava uma camisa com a figura do São Jorge Guerreiro, que no Candomblé equivale a Oxóssi. Sobre os orixás, lembrou que foi a forma mais democrática dos negros se igualarem aos brancos. "Veja que somente aqui se fala em Oxóssi, Xangô, Oxalá. Nos seus países africanos não existem esse culto específico para cada deus afro", afirmou padre Clóvis.
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sábado, 11 de fevereiro de 2012
Haendel nos mostra as palavras que choram e as lágrimas que falam
Palavras que choram. Lágrimas que falam. Assim diz esse comovente oratório de Handel, ao tratar de Judas o Macabeu ("Judas, o Martelo"). Semelhante a uma ópera, a obra tem um profundo sentido religioso ao retratar passagem do primeiro livro de Macabeus, narrando a guerra de libertação comandada pelo líder fervoroso pela inviobilidade do santuário e dos costumes hebreus. Ele era filho do sacerdote judeu Matatias. Ao liderar a revolta dos Macabeus contra o Império Selêucida (167-160 a.C.), se faz uma pregação sobre a intevenção de Deus na solução das contendas e na premiação dos justos contra os ímpios, tal como afirmam os primeiros versículos do livro dos Salmos.
As ações ocorrem quando Antíoco IV Epifanes chegou ao trono do Império Selêucida e subjulgou os povos dominados. Ele determinou a helenização e impôs os rituais religiosos aos Judeus em Jerusalém, profanando seus templos, e ameaçando-os de pena de morte. A guerra de libertação comandada por Judas Macabeu é sustentada por aparições celestiais e vencida graças à intervenção divina.O oratório nos chama a uma reflexão religiosa, querendo nos lembrar que mesmo a perseguição e a ira do inimigo podem ser compreendidas como permissão de Deus, ainda pleno de sua misericórdia, para aperfeiçoar o homem do pecado.
Na Bíblia, aparece outro Judas, o Iscariores, que traiu Jesus. Este deu fim à sua vida e ao lado de Sansão são os dois únicos suícídios revelados no Antigo e Novo Testamentos. O primeiro condenado por Deus o segundo abençoado.
Ao lado de Bach, Händel foi o grande compositor dos oratórios, que embora pontuados com coros e solos, a exemplo do estilo operísticos, não são encenados. Aqui temos uma versão completa transmitida pela televisão espanhola.
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Sim, Teófilo, sei que a dor é bem maior que a sentida por Alfred Prufrock
Sim, Teófilo, sei que a dor é bem maior que a sentida por Alfred Prufrock. Portanto, não me alongarei em mais hermetismo que disfaça o torpor. A vida é breve e não há nenhuma compensação em prolongarmos o teu, o meu ou o nosso calvário. As chagas e as cicratrizes não desaparecem. Vão se somando pelo corpo, às vezes queridas como marcas de guerra. Outras se assemelham a gado marcado para o abate.
Quero me desculpar porque saí às pressas de tua casa, quando ouvi entoar teus desesperados gritos, com sons estridentes de Viskningar Och Rop, do Bergman. Não foi indiferença. Eu tinha raiva e naquela tarde procurei me resignar, pois era preciso manter viva a todo custo aquela chama. A todo custo aquela chama não podia apagar. Por isso, me desviava o pensamento, evocava os tempos das mulheres que entravam e saíam da tua casa, dos aromas que exalavam do aconchego do lar: a almíscar, a alfazema, a cannabis, o álcool e, agora, prenuncia-se o do enxofre.
Havia elegância para tuas conquistas e as parceiras retribuiam com a felicidade dos saciados. Tanta satisfação, euforia e êxtase não seria pecado? Escarnecia. Enquanto se falava dos livros sobre como vencer os tormentos, viveste todas as pedogogias, todas as estratégias vivendo. Sóbrio ou não, procurava ensinar essas manobras. Dizia-se comandante de nuvens e das tempestades. Fantasiava poderes que não tinha, apenas para ser mais didático.
Evocava o escárnio contra os boçais, dos avarentos e daqueles que não sabem chorar, como eu. Tu sabes que nunca choro e nem me faço de vítima. Recordo bem quando uma tragédia anterior e parecida com a tua se abateu sobre nós. Como um infante, estavas à frente. Muito antes, muito antes, tentei tornar mais vivos, mesmo que isso me custasse um preço caro, os impasses noturnos naquela antiga casa, quando ainda adormecido, adolescente, o sorriso de cordeiro sempre disponível, disse-me sério e triste: que sofrimento.
Aprendi muito pouco sobre as ordens que foram dadas aos apóstolos, sobre os princípios que deveriam nortear a igreja primitiva. Porém, mal saí dos livros de Moisés. Não se somavam apenas 12 mandamentos. Existiam mais de 700 preceitos. Mais desculpas? Como disse, não vou me alongar.
Lembro-me muito bem dos dias que finquei pregos grossos nas estacas tão logo proferia ofensas contra o meu irmão. Lembro-me quando os retirei dos troncos de árvores mutiladas, tão logo meu ódio foi aplacado, na retórica do perdão. E forte ainda são as lembranças deixadas pelas marcas do ferro violando furiosamente a jurema. Existem o perdão e as estampas sequeladas do mal que não se desfaz.
Oh, talvez me lembre de Long Day's Journey Into Night, de Eugene O'Neal. Há muitas rotas de fuga, como a rudeza, a vulgaridade, o hedonismo. A música de pequenas acordes e repetidos bordões. A fantasia berrante e os sabores de limão, ácido e vinho. Mas seria mais pertinente nesta ocasião, rogar para o livro que fale dos céus, das virgens, dos querubins, do manjar...Torá? Alcorão? Livro de Vedas?
Como católico, melhor que peça a intervenção de Maria, Agostinho, Inácio, Francisco, Marta, Paulo, Mateus, João, Lucas, Paula Francinete, Luzia, Mônica, Cecília, Madalena, Tiago, Rita de Cássia, Afonso, Bernardo, João da Cruz, Teresinha, Clara, Bárbara, João Bosco, Bento, Rosa, Luiz e todos aqueles que morreram na crença e na certeza da salvação, redenção e na ressurreição. Em nome de Jesus.
Quero me desculpar porque saí às pressas de tua casa, quando ouvi entoar teus desesperados gritos, com sons estridentes de Viskningar Och Rop, do Bergman. Não foi indiferença. Eu tinha raiva e naquela tarde procurei me resignar, pois era preciso manter viva a todo custo aquela chama. A todo custo aquela chama não podia apagar. Por isso, me desviava o pensamento, evocava os tempos das mulheres que entravam e saíam da tua casa, dos aromas que exalavam do aconchego do lar: a almíscar, a alfazema, a cannabis, o álcool e, agora, prenuncia-se o do enxofre.
Havia elegância para tuas conquistas e as parceiras retribuiam com a felicidade dos saciados. Tanta satisfação, euforia e êxtase não seria pecado? Escarnecia. Enquanto se falava dos livros sobre como vencer os tormentos, viveste todas as pedogogias, todas as estratégias vivendo. Sóbrio ou não, procurava ensinar essas manobras. Dizia-se comandante de nuvens e das tempestades. Fantasiava poderes que não tinha, apenas para ser mais didático.
Evocava o escárnio contra os boçais, dos avarentos e daqueles que não sabem chorar, como eu. Tu sabes que nunca choro e nem me faço de vítima. Recordo bem quando uma tragédia anterior e parecida com a tua se abateu sobre nós. Como um infante, estavas à frente. Muito antes, muito antes, tentei tornar mais vivos, mesmo que isso me custasse um preço caro, os impasses noturnos naquela antiga casa, quando ainda adormecido, adolescente, o sorriso de cordeiro sempre disponível, disse-me sério e triste: que sofrimento.
Aprendi muito pouco sobre as ordens que foram dadas aos apóstolos, sobre os princípios que deveriam nortear a igreja primitiva. Porém, mal saí dos livros de Moisés. Não se somavam apenas 12 mandamentos. Existiam mais de 700 preceitos. Mais desculpas? Como disse, não vou me alongar.
Lembro-me muito bem dos dias que finquei pregos grossos nas estacas tão logo proferia ofensas contra o meu irmão. Lembro-me quando os retirei dos troncos de árvores mutiladas, tão logo meu ódio foi aplacado, na retórica do perdão. E forte ainda são as lembranças deixadas pelas marcas do ferro violando furiosamente a jurema. Existem o perdão e as estampas sequeladas do mal que não se desfaz.
Oh, talvez me lembre de Long Day's Journey Into Night, de Eugene O'Neal. Há muitas rotas de fuga, como a rudeza, a vulgaridade, o hedonismo. A música de pequenas acordes e repetidos bordões. A fantasia berrante e os sabores de limão, ácido e vinho. Mas seria mais pertinente nesta ocasião, rogar para o livro que fale dos céus, das virgens, dos querubins, do manjar...Torá? Alcorão? Livro de Vedas?
Como católico, melhor que peça a intervenção de Maria, Agostinho, Inácio, Francisco, Marta, Paulo, Mateus, João, Lucas, Paula Francinete, Luzia, Mônica, Cecília, Madalena, Tiago, Rita de Cássia, Afonso, Bernardo, João da Cruz, Teresinha, Clara, Bárbara, João Bosco, Bento, Rosa, Luiz e todos aqueles que morreram na crença e na certeza da salvação, redenção e na ressurreição. Em nome de Jesus.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Que o Dia do Perdão também faça parte de nosso calendário
A literatura sempre destacou os personagens vingativos. Os piedosos pouco prosperaram em qualquer manifestação artística. Na política, é impensável a clemência. Quando uma guerrilheira nicaraguense católica foi indagada porque ainda continuava na luta armada, respondeu. "Eu apanhei numa face. Então, resolvi dar a outra. Apanhei, na outra. O que mais eu poderia fazer?".
Na filosofia, houve um longo período de indiferença, que permeou todo o pensamento dos estóicos e epicuristas, chamado de ataraxia (ausência de preocupação), sinônimo de verdadeira felicidade individual. Consistia na indiferença diante da dor, chegando a um tal estado de espírito que nada atingiria o ser. Essa postura durou até Sócrates, quando através da máxima "Conhece a ti mesmo" subverteu o contemplativismo, impondo a racionalidade, o sentido de que o autoconhecimento leva ao respeito e a compreensão do outro.
Até então, a Filosofia não falava em perdão. O próprio Sócrates via o ato da sua condenação como uma consequência natural da infração das leis, mas fez do episódio uma ocasião para que houvesse o entendimento de que a aceitação da morte, por envenenamento, era um testemunho de como entendia a Filosofia e a vida.
Antes de Aristóteles, o homem estava voltado para dentro de si mesmo. Diógenes vivia dentro de um tonel, não se importando com o que os outros achavam da sua exposição às intepéries. Mais tarde, descobriria a importãncia de que o "olhar do outro é aquilo que me desnuda".
Voltando a Aristóteles, ao afirmar que o homem é um animal político deve-se entender que o homem é um animal social. Aliás, a sociedade existe bem antes do homem. Esse é um passo importante para a racionalidade humana, que somente mais tarde impõe limites e barreiras no pensamento e na forma de agir, como forma de acomodaçáo social e de convivência universal.
O sentido do perdão, propriamente dito, será encontrado na filosofia ocidental, na escola patrística, com Alberto Magno e Santo Tomaz de Aquino. Mesmo assim, a Igreja Católica prega uma coisa e vive outra. Somente agora, o Papa Bento XVI perde perdão aos judeus pelas perseguições do passado. Ainda falta o mea culpa com relação aos que morreram na fogueira ou pela cumplicidade na escravidão.
Enquanto isso, os judeus avançaram. Assim como entende com rigor a necessidade do repouso ao sétimo dia, porque tanto o homem quanto a natureza devem repousar. Com o mesmo rigor, criaram o Dia do Perdão, o Yom Kippur, que é o máximo em humanidade. Não sendo judeu, aprecio e endosso que pelo menos um dia na vida deveria ser para o perdão.
Na filosofia, houve um longo período de indiferença, que permeou todo o pensamento dos estóicos e epicuristas, chamado de ataraxia (ausência de preocupação), sinônimo de verdadeira felicidade individual. Consistia na indiferença diante da dor, chegando a um tal estado de espírito que nada atingiria o ser. Essa postura durou até Sócrates, quando através da máxima "Conhece a ti mesmo" subverteu o contemplativismo, impondo a racionalidade, o sentido de que o autoconhecimento leva ao respeito e a compreensão do outro.
Até então, a Filosofia não falava em perdão. O próprio Sócrates via o ato da sua condenação como uma consequência natural da infração das leis, mas fez do episódio uma ocasião para que houvesse o entendimento de que a aceitação da morte, por envenenamento, era um testemunho de como entendia a Filosofia e a vida.
Antes de Aristóteles, o homem estava voltado para dentro de si mesmo. Diógenes vivia dentro de um tonel, não se importando com o que os outros achavam da sua exposição às intepéries. Mais tarde, descobriria a importãncia de que o "olhar do outro é aquilo que me desnuda".
Voltando a Aristóteles, ao afirmar que o homem é um animal político deve-se entender que o homem é um animal social. Aliás, a sociedade existe bem antes do homem. Esse é um passo importante para a racionalidade humana, que somente mais tarde impõe limites e barreiras no pensamento e na forma de agir, como forma de acomodaçáo social e de convivência universal.
O sentido do perdão, propriamente dito, será encontrado na filosofia ocidental, na escola patrística, com Alberto Magno e Santo Tomaz de Aquino. Mesmo assim, a Igreja Católica prega uma coisa e vive outra. Somente agora, o Papa Bento XVI perde perdão aos judeus pelas perseguições do passado. Ainda falta o mea culpa com relação aos que morreram na fogueira ou pela cumplicidade na escravidão.
Enquanto isso, os judeus avançaram. Assim como entende com rigor a necessidade do repouso ao sétimo dia, porque tanto o homem quanto a natureza devem repousar. Com o mesmo rigor, criaram o Dia do Perdão, o Yom Kippur, que é o máximo em humanidade. Não sendo judeu, aprecio e endosso que pelo menos um dia na vida deveria ser para o perdão.
sábado, 14 de janeiro de 2012
Fé arrasta multidões de católicos em romarias pelo sertão Nordestino
Para quem conhece o interior do Nordeste não há como não perceber a mistica que move a vida das pessoas. Já não são mais "pobres coitados" tangidos por um visionário como Antônio Conselheiro, em Canudos. A realidade atual é que o milagre não somente é possível como essencial para se vencer o sofrimento. Profetas e profecias abundam.
Certo ou errado, o tempo não tem diminuido o fevor religioso, não obstante o crescimento das igrejas evangélicas e a luta que trava contra a idolatria. Mesmo assim, novos santos e, incrívelmente, novos milagres somente aumentam o rebanho que acorre para as cidades que se transformaram em grandes santuários religiosos.
Nesta coletânia de fotografias, procurei fazer flagrantes de uma noite e madrugada nervosas, por conta da pressa em mandar o material para a edição de sábado do Diário do Nordeste. Mesmo assim, ofereço aos leitores alguns momentos de como se manifesta esse ritual de devoção a são Francisco.
Canindé é destino da segunda maior peregrinação no mundo devotada a São Francisco (superada apenas pela peregrinação em direção a Assis, na Itália, terra natal do Santo). Na semana de 26 de setembro a 4 de outubro (dia de São Francisco), cerca de 2,5 milhões de pessoas visitam a cidade; embora haja peregrinos de todas as classes sociais, a imensa maioria é de pessoas humildes.
A devoção dos fiéis é tão forte que o Vaticano elevou a Igreja de São Francisco de Canindé ao status de Basílica, reservado apenas aos principais destinos de peregrinos cristãos em todo o mundo; Canindé é considerada o maior santuário franciscano no continente americano.
A maioria dos fiéis demonstra sua fé e seus agradecimentos por meio de uma expressão típica da cultura religiosa nordestina, os ex-votos, objetos feitos geralmente em madeira, que representam o resultado positivo da promessa ou pedido atendido pelo santo.
Muitas celebrações a São Francisco acontecem no anfiteatro da Praça do Romeiro. A Praça conta ainda com museu, zoológico e parque ecológico. O visitante vai encontrar ainda artesanato baseado em artigos religiosos como terços, fitinhas, velas, medalhas e imagens.
A romaria ao Santuário de São Francisco em Canindé se destaca pelo caminho que o fiel deve percorrer. Mas em vez dos cenários do Velho Mundo, o peregrino tem diante de si a paisagem sertaneja. Ao longo do percurso, iniciado em Fortaleza, o viajante conhece a fauna e a flora do semi-árido, tomar banho em açudes e riachos, e desfrutar da hospitalidade das fazendas da região.
Certo ou errado, o tempo não tem diminuido o fevor religioso, não obstante o crescimento das igrejas evangélicas e a luta que trava contra a idolatria. Mesmo assim, novos santos e, incrívelmente, novos milagres somente aumentam o rebanho que acorre para as cidades que se transformaram em grandes santuários religiosos.
Nesta coletânia de fotografias, procurei fazer flagrantes de uma noite e madrugada nervosas, por conta da pressa em mandar o material para a edição de sábado do Diário do Nordeste. Mesmo assim, ofereço aos leitores alguns momentos de como se manifesta esse ritual de devoção a são Francisco.
Canindé é destino da segunda maior peregrinação no mundo devotada a São Francisco (superada apenas pela peregrinação em direção a Assis, na Itália, terra natal do Santo). Na semana de 26 de setembro a 4 de outubro (dia de São Francisco), cerca de 2,5 milhões de pessoas visitam a cidade; embora haja peregrinos de todas as classes sociais, a imensa maioria é de pessoas humildes.
A devoção dos fiéis é tão forte que o Vaticano elevou a Igreja de São Francisco de Canindé ao status de Basílica, reservado apenas aos principais destinos de peregrinos cristãos em todo o mundo; Canindé é considerada o maior santuário franciscano no continente americano.
A maioria dos fiéis demonstra sua fé e seus agradecimentos por meio de uma expressão típica da cultura religiosa nordestina, os ex-votos, objetos feitos geralmente em madeira, que representam o resultado positivo da promessa ou pedido atendido pelo santo.
Muitas celebrações a São Francisco acontecem no anfiteatro da Praça do Romeiro. A Praça conta ainda com museu, zoológico e parque ecológico. O visitante vai encontrar ainda artesanato baseado em artigos religiosos como terços, fitinhas, velas, medalhas e imagens.
A romaria ao Santuário de São Francisco em Canindé se destaca pelo caminho que o fiel deve percorrer. Mas em vez dos cenários do Velho Mundo, o peregrino tem diante de si a paisagem sertaneja. Ao longo do percurso, iniciado em Fortaleza, o viajante conhece a fauna e a flora do semi-árido, tomar banho em açudes e riachos, e desfrutar da hospitalidade das fazendas da região.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Bertrand Russell explica porque não vê sentido em acreditar em Deus
"O fato de que uma crença tem um bom efeito moral sobre um homem não é uma evidência qualquer em favor de sua vedade". A afirmação é do filósofo e matemático Bertrand Russell (1872-1970), durante o debate transmitido em 1948, pela rádio BBC, com o padre jesuíta F.C. Copleston. Parte do debate se encontra disponível na Coleção Os Pensadores, da editora Abril. O religioso inicia definindo Deus como um ser pessoal supremo - distinto do mundo e criador do mundo. A definição é aceita.
Nesta entrevista tramistida pela televisão em 1959, também pela BBC, praticamente repete o que comentou anteriormente, tendo como foco de que seria uma grande desornestidade e traição à integridade intelectual aceitar uma religião somente porque ela é útil.
Nesse sentido, Russell torna mais claro qual é o papel da crença do que a aposta de Pascal. "Se você diz que não acredita em Deus e se Ele existir, então você pode se dar mal. Se você diz que Deus não existe e Ele não existe, ninguém perde e ninguém ganha. Se você diz diz que Deus existe e Ele realmente existe, então todos saem ganhando. Se você diz que Deus existe e Ele não existe você não perde nada".
Esse é o conceito oportunista que Russell encontra e acha que a moral pode vir de uma postura lógica, assim como preconizava Kant. No entanto, o que ele descarta, e é vital para o crente, é a graça, que se manifesta como um milagre ou não na vida das pessoas. Como uma força sobrenatural, essa independe de religiões e está acima do bem e do mal que essas podem fazer, ao contrário do que o filósofo inglês afirma.
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Na guerra da selva, não é preciso ser bom homem para ser bom soldado
Por causa de uma dívida de R$ 40 mil, referente a venda de um carro, um homem entra numa loja do devedor e atira à queima roupa. O morto pouco tempo teve para compreender que seu dia tinha chegado ao fim, já às vesperas do final do ano. Afinal, quem atirava era o filho do dono de uma loja de revendas de automóveis, aquele que manteve empenhada a palavra de que seria pago, mas num gesto frio não se compadeceu em ceifar a vida de quem considerou como um traidor da confiança. Porém, numa ironia do destino, porque não é comum isso acontecer, rapidamente equipes de policiais em motocicletas ao ouvirem o disparo, cercaram e prenderam o assassino e o comparsa que conduzia o veículo da fuga, numa ação espetacular - e rara - de prisão em flagrante.
Nunca vi tanta televisão como nestes últimos dias de mais repouso, mesmo que a contragosto. Por exemplo, vi o Papa Bento XVI, que disse em sua primeira encíclica que era pecado advinhar, concluir sua homilia natalina afirmando que tanto o preocupava a crise econômica na Europa, quanto a crise da fé. Orou pela paz mundial, por fim. Vi o último comboio dos Estados Unidos abandonar o Iraque. Num instante seguinte, um atentado mata mais mais de 70 pessoas e deixa dezenas de ferido em Bagdá. Os conflitos se agravam na Siria, reconhecendo o Brasil ainda um aliado. O Supremo Tribunal Federal praticamente engaveta o processo do mensalão, causando protestos em vários setores da sociedade. O que fazer? Lá não estão os melhores juristas, aqueles do maior saber da magistratura, mas chegando lá não tem mais para onde ir. Mudo de canal. Procuro os da televisão fechada e assisto, olha que coincidência, "Os homens que encaravam as cabras", que conta sobre um grupo de soldados norte-americanos para-normais, que eram treinados para destruir seus oponentes com o poder da mente. Acaba sendo engraçado, mas de um humor que magoa os iraquianos, os animais e o sentido dos Exércitos. Não é possível que nada na literatura ou no cinema não contrarie a máxima chinesa de que se não é preciso bom ferro para se fazer pregos, também não são necessários bons homens para se fazer bons soldados.
Por fim, olhei para dentro de mim mesmo e vi a batalha que travava pela minha saúde. Como Al Capone, não posso mudar as condições. Apenas as enfrento sem recuar. Assim como Deus fez erguer o Exército dos Ossos Secos, dando-lhe fibra, carne e vida, como diz o Livro de Ezequiel, assim vamos enfrentando os inimigos, ocultos ou não, com moral alta, fortalecido pela esperança e fé e, sobretudo, sendo um reconhecedor das batalhas já vencidas, como um predestinado para a vitória.
As batalhas acontecem muito mais facilmente do que aquelas que conseguimos perceber. Há uma tendência natural do homem para o combate, como se fossem infindáveis as motivações. Na vida real, ou na televisão há um mundo cruel que luta renhidamente. Algumas bombas caem com efeito pirotécnico. Algum sangue derramado, quando não o nosso, nos faz lembrar quanto a vida nos foi generosa e nos poupou daquela tragédia. Mas que a felicidade não nos chegue por esse mesquinho preço. Enquanto isso, vou pensando como Kant: "Duas coisas nunca deixam de me causar espanto e admiração:o céu estrelado lá no alto e a lei moral dentro de mim".
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quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Santo Tomaz de Aquino condena a luxúria, mas tolera a prostituição
"Aqueles que estão na autoridade toleram corretamente certos males, a fim de que certos bens não sejam perdidos, ou que certos males não sejam incorridos: assim diz Agostinho. Se você abole prostitutas, o mundo será convulsionado com luxúria". A afirmação é de Santo Tomaz de Aquino (1225-1274) na Summa Theologica, em que discorre sobre a prática da prostituição.
Em síntese, o dominicano aceitava a prostituição como necessária, numa compreensão deixada para os estudiosos da Filosofia, de que havia uma acomodação dos pensadores com males comuns de suas respectivas épocas. Daí que Aristóteles tolerou a escravidão e a Igreja Católica não repreendia o tráfico de escravos. Também durante séculos se cultuou o sacrificio humano. A explicação era que a compaixão estaria embotada por uma super exposição.
Interessante notar, como assinalou Bertrand Russell, que "filosficamente, o sistema tomista talvez não seja tão importante como poderia sugerir a sua influência histórica. Sofre com o fato de que suas conclusões são inexoravelmente impostas de antemão pelo dogma cristão". Dai a questão é, se ele afirma que a luxúria é pecado mortal, porque entende que a prostituição deva ser permitida pelo Estado? Há uma inclinação utilitarista?
A foto ao lado é de Natinho Rodrigues, em 13 de janeiro deste ano, por volta das 2 horas da madrugada. Foi feita com uma máquina Sony Cyber. A ideia era fazer flagrantes de pontos de prostituição na Praia de Iracema, que de coração afetivo e berço da boemia cearense transformou-se em área degradada e marginal. Um desses locais foi verificado exatamente em frente à Delegacia de Proteção ao Turista.
Para o polemista católico, Roberto Cavalcanti, historicamente, prostituição foi tolerada como um mal necessário por toda a Idade Média ao longo de descrições similares à posição de São Tomás. Alguns mesmo pensavam que a disponibilidade da prostituição protegia a integridade das famílias.
"A reação da Igreja esteve por procurar a reforma das prostitutas através de missões de resgate e conventos para penitentes. O Papa Inocêncio III elogiou aqueles que casavam com uma prostituta, e Gregório IX encorajou solteirões a casarem com mulheres arrependidas ou que entrassem no convento. Gradualmente, sistemas de regulação local emergiram e algumas cidades tinham bordéis públicos para taxação. O movimento legal para suprimir a prostituição é relativamente recente na história. Não era assim até o fim do século quinze, visto que a opinião social mudou como um resultado de temor concernindo a dispersão da sífilis que destruiu as populações primeiro do sul, depois do norte da Europa. Os movimentos Protestante e de Reforma Católica contribuíram para pressionar o fechamento de bordéis. Mas pelo fim do século dezessete, a supressão da prostituição mudou as preocupações com limpeza e higiene. A Grã-Bretanha não tornou seus bordéis ilegais até o meio do século dezoito, enquanto os Estados Unidos não aboliram legalmente esses infames distritos da luz vermelha até 1912, em conjunção com a aprovação da Lei Mann do Congresso, proibindo o transporte entre Estados de mulheres para propósitos imorais. O que é interessante a respeito da posição de Santo Tomás sobre a prática da prostituição é o limite que ele põe sobre o estatuto civil para legislar o comportamento. Ele está ciente do papel que a condição moral de uma sociedade toca em conduzir política pública. O estatuto civil pode somente reclamar até onde a moralidade de seus cidadãos possa tolerar. Nisso, Santo Tomás está mais de acordo com as visões políticas modernas e contemporâneas.
"Ele é também contrário à lei reclamar um nível de comportamento moral pessoal além do que é necessário para o bem comum e, neste sentido, é oposto a muitas correntes do politicamente correto que existem hoje. Tolerando a prática da prostituição apesar de registrar sua grave pecaminosidade, Santo Tomás tanto reconhece a condição concreta da humanidade e a necessidade da graça que transcende quaisquer soluções do tecnicismo da política pública. Ele também demonstra um cuidado benevolente para aqueles envolvidos na vida da prostituição por reconhecer seus direitos monetários enquanto ao mesmo tempo estipulasse condições para possível reconciliação com a Igreja. Fazendo isso, evita um hipermoralismo por detestar o pecado, mas amar o pecador".
sábado, 5 de novembro de 2011
Livro de Eli é despido do materialismo para se viver somente a Palavra
"Combati o bom combate, acabei a carreira, mantive a fé". A frase se encontra no livro de São Paulo a Timoteo e é que a mais norteia o filme O Livro de Eli (The Book of Eli, 2010), dirigido pelos irmãos Allen e Albert Hughes, que está em exibição este mês na tv paga, pela HBO. É de fato uma película instigante porque do começo ao fim se remete a um cenário exótico, monocromático, onde não há dúvidas que se parece com a Terra, mas pode também não ser: ela foi destruída como no Apocalipse e há uma briga bárbara pela água e, como diria Sheldon Cooper, pelas últimas latas de atum.
Eli (Denzel Washington)é um andarilho desprovido de ego e um guerreiro contra o hedonismo. Ele tem um objetivo muito claro: levar o livro até um lugar seguro onde possa ser reimpresso, e assim ser criada uma nova ordem na humanidade. Esse é o livro da Biblia, fazendo com que o protagonista leia todos os dias uma passagem. As citações acontecem fora de ordem: há os Salmos e trechos do Gênesis.
No entanto, tem como obstáculo Carnagie (Gary Oldman) - sempre impecável como vilão -, que não mede esforços para tomar posse da obra. Há quem diga que é uma referência a um ex-presidente poderoso, que citava palavras de Deus para invadir países. Carnagie domina uma cidade tomada por ladrões. Na sua caminhada, encontra Solara (Mila Kunis), analfabeta, oprimida e filha da companheira de Carnagie. Assim, busca caminhar junto com Eli e ser a colaboradora na missão.
Aliás, um ponto fraco do filme está na grandeza da inspiração, que se dá ao extrair temas ou citações da Bíblia. Quantos e quantos escritores já recorreram a esse expediente, que deixou de ser uma novidade e até uma limitação criativa? Podemos citar desde José de Alencar, passando pelo autor de best seller Jeffrey Archer (autor de Caim e Abel), até o único Nobel de Literatura de Língua Portuguesa, José Saramago.
Eli é implacável contra seus inimigos e obstinado na missão de preservar o livro até que um dia ele observa que não há porque se apegar à matéria, se ele é detentor na memória de todas as palavras contidas na Bíblia. Se as assimila , por tanto, pode barganhar. Deixa que lhe seja arrebatado em troca de uma sobrevida, de modo a lhe garantir tempo até chegar um lugar indefinido do Oeste, onde as muralhas são vigiadas por guardas armados. No lugar, se tenta recompor uma novo acervo cultural, com livros de Shakespeare, música de Bach, enfim, tudo aquilo que nos dignifica pelo bom gosto e refinamento e que é o oposto do que se encontra no final dos tempos.
Recomendo o filme, porque apesar de guardar os clichês dos filmes de ação, não abre mão de instrumentos que elevaram o cinema à categoria de arte.
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Jonas, o profeta desobediente, é também o mais popular
"Eu clamei minha súplica ao Senhor Meu Deus e Ele me atendeu". Os versículos compõem o Livro de Jonas, no Antigo Testamento, considerado um profeta menor mas um dos mais populares. Tanto assim, que ocupa papel de destaque entre os 12 Profetas, conjunto de esculturas barrocas do artista Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, produzidas em pedra-sabão entre 1795 e 1805, em Minas Gerais. A escultura fica à esquerda e sobre o prolongamento do mesmo muro que conduz a outro profeta muito conhecido, Daniel.
A popularidade de Jonas se deve, no meu modo de entender, porque chegam a ser cômicas suas peripécias para converter os ninivitas, assim como sua oração e seu apostolado desobediente se tornaram recorrentes na Bíblia. Por decisão de Deus, Jonas é convocado a converter Nívive. No entanto, ele desobedece e se dirige a Társis. No mar, há uma grande tempestade. Depois, é jogado às águas e engolido por uma baleia, passando três dias no ventre do mamífero. Por fim, chega a Nínive e as pessoas se dobram diante da ordens de Deus. Jonas, então, briga com o Criador, porque sabia ser Ele misericordioso e bondoso. No Novo Testamento, há também uma parábola que se refere a dois filhos, cujo pai pede que trabalhem na vinha. Um diz que vai e acaba não indo. O que diz que não não vai, termina por fazer a vontade do Pai. Por fim, a desobediência é vista não com palavras, mas com ações.
Na obra de Aleijadinho, nota-se que a escultura de Jonas também foi esculpida em um único bloco, apesar de sua grande dimensão, com grande expressão dramática, olhando para o Céu, na suposição de agradecimento. Ao seus pés, a cabeça da baleia.
No pergaminho nas mãos de Jonas encontra-se uma citação bíblica em latim que afirma:
"Engolido por uma baleia, permaneço três dias e três noites no ventre do peixe; depois venho a Nínive." (Jonas 2).
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Ralph Della Cava recebe título de Doutor Honoris Causa pela UFC
Em setembro de 2005, entrevistei Della Cava para a Revista Plenário, publicada pela Assembleia Legislativa. A matéria tratatava sobre os esforços do bispo do Crato, dom Panico, pela reabilitação de padre Cícero.
Entrevista
"Cento e setenta e um anos depois do nascimento de Padre Cícero e 71 depois de sua morte, ele permanence como um dos maiores personagens do Brasil contemporâneo, um santo e taumaturgo dos humildes da terra". A afirmação é do historiador norte-americano Ralph Della Cava, 70 anos, que doou o material de seus estudos sobre o Padre Cícero à Biblioteca Latino-Americana da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Ele começou a estudar a vida e a obra do fundador de Juazeiro do Norte na década de 1970. Ao longo de quatro décadas, foi acumulando livros, cordéis, fotografias, xilogravuras, documentos e cerãmicas num trabalho apaixonado pela mística de quem considera como o que há de mais extraordináriuo em matéria de milagres e história. Os motivos da doação, anunciada em abril deste ano, foram relatadas como um sentimento de medo. Ou seja, que este precioso tesouro pudesse se estragar, caindo vitima de herdeiros , leiloeiros e cupins, além, é claro, da pressão de sua mulher, Olga, bibliotecária, que o ultimava para que desse um destino ao acervo ainda em vida. Della Cava é professor emérito de história de Queens College da City University of New York e atualmente é Pesquisador Senior Associado do Instituto de Estudos Latinoamericanos (ILAS) da Columbia University na Cidade de New York.
Pergunta: Como o senhor vê, hoje, os movimentos da Igreja Católica para a reabilitação do Padre Cícero?
Resposta. Esses movimentos existem há muito tempo e os resultados são bastantes complexos e incertos. Houve esforços inumeráveis para retificar o estado de Padre Cícero como um padre de posição regular a partir do século XIX. Na realidade, logo após a ocorrência dos primeiros milagres alegados. Não obstante, todos os tais esforços foram malsucedidos. O que é sem igual trata-se da iniciativa presente, originada da Diocese de Crato, ao perceber as muitas sanções contra o pároco de Juazeiro, da mesma maneira, como as elites do Crato e os líderes posteriores denegriram freqüentemente sua imagem dentro um espectro desesperado, e também fracassando a tentativa para evitar o próprio declínio político e econômico desses segmentos. Mas, com respeito ao movimento atual, temos que perguntar qual é seu objetivo preciso. Seria reabilitar Padre Cícero com relação a essas sanções ou é, como o Bispo atual de Crato insistiu repetidamente, reconciliar " a igreja com os dois milhões de romeiros que vão a cada ano a Juazeiro, além de milhares de devotos existentes por todo o Nordeste, bem como os seus descendentes, que ajudaram fazer o município o segundo mais próspero no estado de Ceará?" Como bispo, Dom Fernando Panico, tem pela primeira vez na história da diocese uma iniciativa pública de antagonismo aos antecessores no que diz respeito a Juazeiro e seu romeiros. Incitando a reabilitação, como é a visão de Dom Fernando - como o perito pastoral que ele é - de como melhor a Igreja poderia servir às necessidades espirituais e materiais destes crentes. À esse fim, desfruta o endosso da Conferência Nacional de Bispos de Brasil (CNBB) e, como foi informado na imprensa, do Papa Benedito XVI, por ocasião em que foi Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Os romeiros sentirão de perto a diferença de um padre Cícero restabelecido por Roma dos sentimentos que eles têm agora, como o padre de longo-sofrimento, proclamado como santo e intercessor de milagre há muito tempo - apesar da Igreja? Essa é, pelo menos, a pergunta interessante disposta por meu colega o Gilmar de Carvalho. Mas, aqui também, só o tempo contará.
P. Em algum momento, em suas pesquisas, houve a descoberta de uma espiritualidade de fato singular que explicaria o fenômeno da reverência e da romaria convergindo para Juazeiro do Norte?
R. O fervor religioso origina-se da predominância de condições sociológica para a sua elevação extraordinariamente rápida em Juazeiro em população e influência econômica dentro de dez anos dos milagres alegados de 1888-1889. As romarias foram incitadas no princípio pelos " fatos extraordinários de Juazeiro " – relacionados à Beata Maria de Araújo, dando conta de a hóstia em sua boca foi transformada em sangue, imediatamente proclamado pelo clero para ser isso de Jesus Cristo. Então, com as grandes secas de 1888 e 1915, os romeiros eram indistinguíveis de retirantes na procura deles por um porto seguro, no qual eles acharam a fertilidade nos campos do Cariri. Durante as primeiras três ou quatro décadas do último século, milhares de migrantes procuraram Juazeiro - em um dos grandes movimentos demográficos internos da história brasileira moderna, o que se constitui num daqueles restos de silêncio a serem estudados.
P. Na sua pesquisa, o que foi considerado como a grande contribuição de Padre Cícero?
R. O serviço abnegado dele para os outros! Para os romeiros - que tornou Juazeiro possível - ofereceu isso que nenhum dos coronéis locais, fazendeiros e políticos não puderam, afirmando que se trabalhasse com dignidade, com deliberação sábia e a esperança duradoura de uma vida melhor, aqui e no futuro.
P. Tem-se afirmado que Padre Cícero ainda é muito pouco estudado. Que expectativa tem com o recente fato de ter doado seu acervo para a Biblioteca Latino-Americana da Flórida? Amplia-se a possibilidade ser melhor conhecido e difundido?
R. Não é que o Padre Cícero seja "pouco estudado," mas - como todo sujeito histórico em torno do qual continua a surgir tanta controvérsia - será sempre estudado. O momento atual não pode ser mais propício: muitos novos documentos, todos inéditos, apareceram, como o foi anunciado o ano passado durante o III Simposio Internacional sobre o Padre Cícero realizado em Juazeiro. Também porque vários arquivos antes inacessíveis ou não publicados - como os de Gilmar de Carvalho e Renato Casimiro, dois estudiosos do mais alto gabarito - estão hoje a disposição dos pesquisadores. Quanto à doação do meu arquivo sobre o Padre Cícero, ser facilmente acessivel a todos e permanecer bem e profissionalmente cuidado eram as condições que a Universidade de Florida em Gainesville (Estado de Flórida, EUA) se comprometeu de respeitar. E já cumpriu em parte: restaurou o microfilme dos arquivos do Colégio Salesiano de Juazeiro e da Diocese do Crato que eu filmei, chapa por chapa, em 1964; dele já fez uma cópia positiva (de mil sete centos pés de comprimento) a ser doada ao acervo da Universidade Regional do Carirí; colocou uns primeiros títulos e fotos no site da Biblioteca Latinoamericana (http://web.uflib.ufl.edu/lac/Brasiliana.html); e organizou em abril e maio deste ano uma mostra seletiva de artefatos, livros e fotos tirados do meu acervo - e com a promessa que não será a última.
P. Quais os motivos dessa doação?
R. Numa palavra: o medo! O medo de que este precioso tesouro pudesse se estragar, caindo vitima de herdeiros , leiloeiros e --- cupins! Foi a minha mulher, Olga, por muitos anos arquivista e bibliotecária na Columbia University, que entendia da urgência em achar um depósito certo. Precisava-se dum grande centro de estudos sobre América Latina com recursos permanentes, um equipe profissional, e um programa de estudos pós-graduados em religião, política e sociedade. Assim, a escolha caiu na Flórida (que era nem onde estudei nem onde lecionava) e assim tanto o meu acervo ganhou uma nova vida como as futuras gerações de jovens pesquisadores fontes preciosas.
P. Como avalia a vida política de Padre Cícero?
R. Diria que o grande momento na vida política de Padre Cícero foi quando ele deu o seu aval irrestrito à campanha de Juazeiro de independência do município do Crato, lá pelos anos de 1908 ate 1911. Atras deste empenho absolutamente consciente da sua parte foi a sua persistente aspiração de localizar em Juazeiro o futuro "Bispado do Cariry", um projeto que em retrospecto coincidiria com o dos Alencar para uma grande província interioriana do Cariry num Brasil independente.
Tanto o Padre José de Alencar Peixoto, oriundo de Crato como o Padre Cícero, como o ambicioso forasteiro baiano, o Doutor Floro Bartholomeu, militaram para avançar o sonho. No caso do Bispado do Cariry nunca teve a menor chance, dada a intransigência de Roma na época para com o Padre Cícero.
Com respeito à "revolução de 1914" e as suas conseqüências, tudo que eu vi nos arquivos que consultei indica que o Padre Cícero nem estava a par das tramas. Costuradas por Doutor Floro, o Coronel Antônio Luiz Alves Pequeno, o então "mandachuva" de Crato, e o Senador Pinheiro Machado, elas se desenvolveram a revelia do padre e, o que pareceu, contra a sua vontade.
P. De um modo geral, como se distingue a mística e a vida secular do sacerdote?
R. Eu diria que eles eram urdidura e textura de um único pano.
Realmente, se você tivesse viajado os sertões no XIX até a metade do último século, você não teria achado um padre católico romano mais ortodoxo que Padre Cícero. A vida espiritual dele foi ancorada na honra dos votos sacerdotais e centrada ao redor de oração e ações prescritas pelo Conselho de Trento, devoções místicas, em honra do Coração Sagrado de Jesus e prometendo para seus devotos a ab-rogação de castigo físico na vida após a morte para os pecados deles.
Como o grande antecessor dele, Padre Mestre Ibiapina, aconselhou os homens e mulheres na eficácia de oração e vivência honesta. Falou de modos que o roceiro mais humilde poderia entender, dispensou os seus bens entre os mais necessitados, assim como os bens dele e propriedades para ordens religiosas para promover educação.
No conflito com Roma, ele buscou ano após ano, a restituição das suas ordens sacerdotais A obstinação dele naquela intuíto, a insistência inicial na veracidade dos milagres, o envolvimento largamente involuntário dele em políticas, e a preferência irrestrita pelo pobre conduziu durante os anos tranformaram-no em um mito. Eu e outros investigadores tentaram fazer um retrato mais verdadeiro para a vida e com tanta recisão quanto as fontes e nossas corcundas permitiriam.
P. Na condição de intelectual, como tem debruçado pelos supostos milagres atribuídos àquela região?
R. A minha paixão intelectual reside em descubrir a maneira em que nós construímos o nosso mundo e tentamos torná-lo mais justo e igualitário, transparente e tolerante. No caso do "milagre de Juazeiro" enxerguei como um grande e excepcional acontecimento em torno do qual surgiu um movimento social que continua até hoje, evidentemente sob formas diversas, na tentava de entendê-lo. Imagine só: 171 anos depois do nascimento de Padre Cícero e 71 depois de sua morte, ele permanence como um dos maiores personagens do Brasil contemporâneo, um santo e taumaturgo dos humildes da terra, enquanto a cidade que ele "fundou" floreceu precisamente como um porto seguro para todos os refugiados da miséria, injustiça e infortúnio. Em matéria de milagres e história, tudo isto não é já bastante extraordinário?
domingo, 25 de setembro de 2011
Romaria é ainda o lugar onde o católico se sente acolhido pela igreja
Na abertura, ontem, dos festejos alusivos ao padroeiro de Canindé, São Francisco das Chagas, uma das manifestações que emociona os devotos do santo, são as caminhadas. Por mais uma vez testemunhei esse momento de fervor religioso e, particularmente, um dos raros instantes em que o católico ainda se sente acolhido. Por isso, não é surpresa o crescimento das igrejas evangélicas, a compra de pacotes de horários nas televisões pela madrugada para programas de religiões cristãs e não católicas...
Ex votos no Santuário de São Francisco (Canindé). Foto: Marcus Peixoto |
Na abertura, ontem, dos festejos alusivos ao padroeiro de Canindé, São Francisco das Chagas, uma das manifestações que emociona os devotos do santo, são as caminhadas. Por mais uma vez testemunhei esse momento de fervor religioso e, particularmente, um dos raros instantes em que o católico ainda se sente acolhido. Por isso, não é surpresa o crescimento das igrejas evangélicas, a compra de pacotes de horários nas televisões pela madrugada para programas de religiões cristãs e não católicas...
Além de Canindé, podemos também somar as romarias de Padre Cícero em Juazeiro do Norte. Em ambos os centros, há ainda os penintentes, aqueles que depositam os ex votos e pagam promessas anuais, com o princípio de quanto maior for a dificuldade maior é a gratidão que se obterá ao santo milagroso, abaixo de Deus.
Dentre essas penintências e pagamento de promessas, destacam os caminhantes. Em Canindé, com a inauguração do santuário surgiram na Paróquia as caminhadas, sendo que muitas delas, ainda de forma acanhada, onde apenas as famíias se reuniam para vir a Canindé pagar suas promessas e depois no mesmo ritual retornar para as suas casas.
Com o passar do tempo, as comunidades foram se organizando e através das emissoras de rádio anunciavam para as mais distantes o local, a hora e o trajeto que deveria seguir até Canindé. Isso, não importava o sacrifício, o importante era chegar em paz na igreja e cumprir a sua missão com o santo.
Em 1986, sentindo o crescimento da romaria o vigário da época, frei Lucas Dolle, deu poderes aos coordenadores de pstorais para motivar e organizar a romaria a pé, que chegava impressionar pelo grande número de peregrinos a caminho da terra dos milagres.
No período de 1996 com a participação de Frei Humberto Wasllachg surgiram os Conselhos dos Serviços fraternos da sede e da zona rural, ondce cada representante junto à coordenação paroquial começou a preparar um plano de organização para as caminhadas de abertura para a festa de São Francisco.
Este ano, as caminhadas comemoram 23 anos de organização em busca da fé e da cura no santuário. Serão cinco caminhos de acesso para chegar a Canindé nos próximos nove dias.
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terça-feira, 9 de agosto de 2011
Ruas onde acontece a Caminhada com Maria recebem novo paisagismo
A Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) está contemplando com poda, varrição, capinação e pintura de meio fio as avenidas que irão receber os fiéis na Caminhada com Maria, no próximo dia 15. Os serviços tiveram início na sexta-feira (5), na praça Polar, em frente ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção.
No primeiro momento, os serviços de limpeza e paisagismo foram executados com 225 homens trabalhando das 7 às 17 horas. A previsão para o término de todos estes serviços é na próxima sexta-feira (12). Ainda na sexta-feira passada, foram realizadas as atividades de podas e reposição de arbustos e plantas floríferas, tais como minilacres amarelo e vermelho, alamanda, bungaville e paudaquinho.
Segundo informou o diretor do Departamento Técnico de Urbanização (DTU) da Emlurb, Wilmar Silveira, esse trabalho se estenderá por todo o trajeto onde acontecerá a caminhada. Além da retirada de lixo, haverá podas e plantio de arbustos nos canteiros centrais. Ao todo, o DTU estima um plantio de mais de 200 novos arbustos nos corredores.
“Nosso empenho agora é formar uma parceria com as comunidades locais, no sentido de que haja uma consciência pela manutenção dos canteiros limpos e arborizados. Nossa intenção é que a participação popular, tendo à frente as lideranças comunitárias, coíbam a depredação”, afirmou Wilmar Silveira.
Avenidas por onde passará a caminhada:
Av. Dom Aloísio Lorscheider (Praça N. Sra. Assunção)
Av. Mozart Pinheiro de Lucena
Av. Dr. Quixadá Felício
Av. L
Av. Major Assis
Av. D
Av. K
Av. Benu Marcondes (antiga Av. C)
Rua Des. Hermes Paraíba
Av. Coronel Carvalho
Av. Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste)
Av. Alberto Nepomuceno (Catedral)
No primeiro momento, os serviços de limpeza e paisagismo foram executados com 225 homens trabalhando das 7 às 17 horas. A previsão para o término de todos estes serviços é na próxima sexta-feira (12). Ainda na sexta-feira passada, foram realizadas as atividades de podas e reposição de arbustos e plantas floríferas, tais como minilacres amarelo e vermelho, alamanda, bungaville e paudaquinho.
Segundo informou o diretor do Departamento Técnico de Urbanização (DTU) da Emlurb, Wilmar Silveira, esse trabalho se estenderá por todo o trajeto onde acontecerá a caminhada. Além da retirada de lixo, haverá podas e plantio de arbustos nos canteiros centrais. Ao todo, o DTU estima um plantio de mais de 200 novos arbustos nos corredores.
“Nosso empenho agora é formar uma parceria com as comunidades locais, no sentido de que haja uma consciência pela manutenção dos canteiros limpos e arborizados. Nossa intenção é que a participação popular, tendo à frente as lideranças comunitárias, coíbam a depredação”, afirmou Wilmar Silveira.
Avenidas por onde passará a caminhada:
Av. Dom Aloísio Lorscheider (Praça N. Sra. Assunção)
Av. Mozart Pinheiro de Lucena
Av. Dr. Quixadá Felício
Av. L
Av. Major Assis
Av. D
Av. K
Av. Benu Marcondes (antiga Av. C)
Rua Des. Hermes Paraíba
Av. Coronel Carvalho
Av. Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste)
Av. Alberto Nepomuceno (Catedral)
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domingo, 17 de abril de 2011
Nordeste revela a religiosidade à flor da pele
Nesta foto, painel de Caribé, pintor baiano-argentino.
Quando vejo cerca de 5 mil pessoas na procissão de Ramos, ocorrida hoje, não posso dizer que o catolicismo está enfraquecido. Digamos que pela população dita católica proporcionalmente deveria ser um número maior, mas além da quantidade de hoje não ser irrelevante, havia também qualidade.
O dia amanheceu chuvoso. Nuvens cinzentas cobriram o céu cedo da manhã, e o fato de que os fiéis teriam outras missas e outras caminhadas ao longo do dia. Essas seriam motivações para que houvesse um público menor. As procissões são alusivas à entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, sendo saudado pelo povo com ramos tal como reverencia um rei.
Para o arcebispo de Fortaleza, dom José, esse foi o maior gesto da história, que determinou a morte de Jesus. "Se não houvesse aquela manifestação, seria possível que não houvesse a determinação para que fosse executado", disse dom José. No entanto, ressalta a ressurreição que tornou a humanidade vencedora com o sacrifício da cruz.
Quem conhece Juazeiro do Norte pode duvidar do poder do catolicismo? O fanatismo religioso em torno da figura de padre Cícero e o cangaço não são componentes culturais atávicos? As perguntas são no sentido de ajudar a compreender porque se fala em crescimento de igrejas evangélicas, ocupando espaço para o catolicismo caduco e voltado para o passado. Então, a resposta é que nunca antes neste País a sede por Deus foi tão intensa
Quando vejo cerca de 5 mil pessoas na procissão de Ramos, ocorrida hoje, não posso dizer que o catolicismo está enfraquecido. Digamos que pela população dita católica proporcionalmente deveria ser um número maior, mas além da quantidade de hoje não ser irrelevante, havia também qualidade.
O dia amanheceu chuvoso. Nuvens cinzentas cobriram o céu cedo da manhã, e o fato de que os fiéis teriam outras missas e outras caminhadas ao longo do dia. Essas seriam motivações para que houvesse um público menor. As procissões são alusivas à entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, sendo saudado pelo povo com ramos tal como reverencia um rei.
Para o arcebispo de Fortaleza, dom José, esse foi o maior gesto da história, que determinou a morte de Jesus. "Se não houvesse aquela manifestação, seria possível que não houvesse a determinação para que fosse executado", disse dom José. No entanto, ressalta a ressurreição que tornou a humanidade vencedora com o sacrifício da cruz.
Quem conhece Juazeiro do Norte pode duvidar do poder do catolicismo? O fanatismo religioso em torno da figura de padre Cícero e o cangaço não são componentes culturais atávicos? As perguntas são no sentido de ajudar a compreender porque se fala em crescimento de igrejas evangélicas, ocupando espaço para o catolicismo caduco e voltado para o passado. Então, a resposta é que nunca antes neste País a sede por Deus foi tão intensa
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domingo, 10 de abril de 2011
Os jesuítas abraçam pequenas causas. Tudo para a maior glória de Deus
Quem quiser verificar os dicionários verá que um dos sinônimos para jesuíta é hipócrita. A acusação remonta aos tempos que se tornaram confessores e conselheiros de reis e rainhas. Foi o militar e aristocratica Ignácio de Loyola, que fundou a Companhia de Jesus, em 1540. Naquela época, ele havia se convertido após um ferimento em guerra, e decidiu a colocar seu aprendizado a serviço da igreja Católica. A congregação chegava em boa hora, em vista do crescimento dos adeptos dos protestantes e da necessidade de dar um novo rumo ao catolicismo, que estava a ponto de estourar com uma bola inflada até o limite. Foram importantes na imposição da disciplina, através dos exercícios espirituais, na participação do Concílio de Trento, no século XVI na Evangelização da África, Ásia e o Novo Mundo.
Daí se formaram os padres jesuítas, os mais preparados, mais testados na disciplina, e com maior número de santos(acima de 40), mártires, além de beatos e em processo de beatificação, além de terem colecionados inimigos no mundo inteiro.
No Brasil, as primeiras levas chegaram no governo de Tomé de Sousa. Foram formando missões e reduções, até que o Marques de Pombal os expulsou do Brasil. Pelas suas atitudes, receberam os mais rasgados elogios e as mais radicais críticas.
Na verdade, atuou sempre como a linha de frente da igreja Católica, uma espécie de tropa de elite. Sua atuação se dá em missões diplomáticas, colégios e comunicação. Agora, os colégios inacionos dividem prestígio com outras unidades particulares, destacando a preparação para o Vestibular, em detrimento da formação humanística do passado, muito embora mantenha o respeito e o reconhecimento da Universidade Gregoriana, em Roma. Também atua nas comunicações e em missões diplomáticas do Vaticano, além do grande número de religiosos que não se interessam mais pelas grandes causas do que pelas pequenas.
Hoje, por ocasião do aniversário do jesuíta Djaílton Pereira, soube que estará celebrando missa no Siqueira, embora não seja sua paróquia. Em outros tempos, esteve em Ererê, no extremo Leste do Estado, já na divisa com o Rio Grande do Norte. Naquela época, sua preocupação era com a saída brusca de boa parte de homens para trabalhar na colheita em canaviais de São paulo. Ele queria evitar o êxodo e, como um subproduto dessa realidade, o desequílíbrio entre as populações masculina e feminina.
Para o padre Djailton, a espiritualidade de Santo Inácio não é complexa. Ela é simples e ajuda na atualidade a pessoa manter um rumo, não apenas no plano espiritual, mas inclusive no físico, em se importar com a contemplação e ao mesmo com a ação. Ou como diz o lema da Companhia: "Ad Majorem Dei Gloriam ("Para a maior glória de Deus").
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terça-feira, 5 de abril de 2011
Vila das Artes apresenta decálogo de Krzysztof Kieslowski
A edição oficial e exclusiva de Decálogo, obra do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski está sendo apresentada na Vila das Artes desde ontem até 8 de abril. Realizado para a televisão polonesa em 1988, Decálogo é um conjunto de filmes inspirados nos Dez Mandamentos. Ambientadas no mesmo condomínio de Varsóvia, a capital da Polônia, as histórias ilustram conflitos morais e dramas familiares. Uma obra monumental e indispensável que foi vencedora do Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Cinema de Veneza, e que consagrou Kieslowski.
“Há seis mil anos, esses mandamentos têm sido inquestionavelmente corretos. Porém, nós os desobedecemos todos os dias. As pessoas sentem que a vida tem algo de errado. Há uma espécie de atmosfera que faz com que as pessoas busquem outros valores. Elas querem contemplar as questões básicas da vida e, provavelmente, é essa a verdadeira razão para contar essas histórias”, atesta Kieslowski.
A Mostra inaugura o início do Cineclube Vila das Artes de 2011 e acontece pela parceria com o Sesc Fortaleza, detentor dos direitos autorais para exibição dos filmes. A abertura acontece na segunda-feira (4), às 18h30, na Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221, Centro) e recebe pesquisadores e cineastas para refletirem com o público sobre a obra. A Vila é um equipamento da Prefeitura de Fortaleza, vinculada à Secretaria de Cultura, voltado para a formação em artes, apoio à produção, incentivo à pesquisa e difusão cultural. Informações pelo 3252-1444.
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