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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dolores Duran chora amores rompidos e a dor da separação


Mil novecentos e cinquenta e nove foi um ano triste para a música brasileira. Em 17 de novembro, morria Heitor Villa Lobos. Um pouco antes, em 24 de outubro, partia Dolores Duran, aos 29 anos, cujo nome verdadeiro era Adiléia Silva da Rocha. Enquanto o grande maestro morreu de câncer, a cantora da dor-de-cotovelo, gênero que se assemelhava ao blues norte americano, sofreu um infarto, não resistindo à bebida e ao descontrole do uso de barbítúricos.
A exemplo de Amy Winehouse, morta aos 26 anos este ano (e ao lembrar os fatos marcantes ocorridos em 2011), a carreira curta não apenas foi suficiente para deixar saudades, como para perpetuar um legado de interpretações e composições que fizeram da música romântica uma fonte inesgotável de inspiração, como assim escreveu Sérgio Augusto.
"O ano de 1955 foi o mais importante da carreira de Dolores não por causa do prêmio que os críticos de música cariocas lhe deram, mas sobretudo porque pouco antes de completar 25 anos, ela começou a compor. Com a cara e a coragem. Tinha noções de violão, mas uma pauta de música era, para ela, um hieróglifo", conta Sérgio Augusto.
Sendo ou não uma tradutora de seus próprios sentimentos e sofrimentos pessoais, Dolares tornou-se um ícone para a boemia carioca, que buscava os bares e boates onde se apresentava para justificar os porres etílicos, durante a sua passagem meteórica pela vida. Depois, se eternizava. Dentre suas composições, destaco Castigo, que aqui tem um show de interpretação à parte do inesquecível Jamelão

Castigo
Dolores Duran

A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar
Um belo dia a gente entende que ficou sozinha
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar
Você se lembra, foi isso mesmo que se deu comigo

Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arepender
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora

Eu não seria esse ser que chora
Eu não teria perdido você
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria essa mulher que chora
Eu não teria perdido você

domingo, 25 de dezembro de 2011

Villa Lobos funde todos os estilos e ritmos em As Bachianas Brasileiras


Educado e culto, Heitor Villas Lobo (1887-1959), por pouco não foi médico, como queria sua mãe. No entanto, tornou-se maestro e compositor e, sobretudo, o maior nome da música brasileira de todos os tempos. Filho de um músico amador, aprendeu desde cedo a tocar o violoncelo, instrumento que prepondera na sua notória obra as Bachianas, rotulada num estilo neobarroco, misturando todos os estilos, instrumentos (inclusíve exóticos) ao clássico tradicional.
Nesta ária, há o excesso que torna genial a expressão artística de Villa Lobos: oito violoncelos (na concepção original). O compositor não nega as raízes do erudito. Pelo contrário, o incorpora assim como o fólclore brasileiro e a música sertaneja, realçando como é vital na cultura brasileira a miscigenação. 
O estilo original, a forte personalidade e a influência que exerceu  no século XX até hoje, lhe rendeu justas homenagens em países de todo o mundo, com destaqaue para a França e os Estados Unidos, A aria (Cantilena), das Bachianas Brasileiras nº 5, é dedicada a  Arminda Villa-Lobos, sua ex-aluna e sua segunda mulher, como quem viveu até morrer de câncer.
Canta a soprano:
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e a linda sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a Natureza!
Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a Sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!