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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Bizet e Proust nos libertam da sordidez e da pequenez humanas

"Num lento ritmo ela o encaminhava primeiro por um lado, depois por outro, depois mais além, para uma felicidade nobre, ininteligível e precisa. E, de repente, no ponto aonde ela chegara e onde ele se preparava para segui-la, depois da pausa de um instante, ei-la que bruscamente mudava de direção e num movimento novo, mais rápido, miúdo, incessante e suave, arrastava-o consigo para perspectivas desconhecidas. Depois despareceu. Ele desejou apaixonadamente revê-la uma terceira vez. E ela com efeito reapareceu, mas sem falar mais claramente, e causando-lhe uma volúpia menos profunda. Mas, chegando em casa, sentiu necessidade dela, como um homem que, ao ver passar uma mulher entrevista um momento na rua, sente que lhe entra na vida a imagem de uma beleza nova que á maior valor à sua sensibilidade, sem que ao menos saiba se poderá algum dia reaver aquela a quem já ama e da qual o nome ignora". Essas são descrições mais belas que vi sobre uma música, contida em Em busca do Tempo Perdido, nos Caminhos de Swann, de Marcel Proust. Poderia ser minueto em mi bemol maior, de Bizet (o mesmo autor de Carmen), como também Sonata ao Luar, de Beethoven. Ninguém sabe ao certo. O certo é quanto essa melodia me desarma e me liberta de tantos pensamentos sórdidos. Que essa sensação seja extensiva a todos os sensíveis.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Música que abre amplamente a alma



Achei inapropriado postar ópera no dia de hoje, como sempre faço às sextas-feiras. Considerando a data religiosa, poderia dedicar o espaço para algo que enalteça a música no plano espiritual. Para mim, o melhor exemplo é Proust, como demonstrou em Busca do Tempo Perdido. No Caminho de Swann, descreve uma peça tocada para piano e violino. Ele não identifica o autor nem o nome da obra. Pela sensibilidade de Swann, vai descrevendo  e vamos acompanhando o movimento dos instrumentos, como se os escutássemos. É muito difícil se fazer algo parecido na Literatura. Quem tentou fazer, ficou parecendo uma paródia do original.
Eis aqui um pequeno trecho:
No ano anterior, numa reunião, ouvira uma obra para piano e violino. Primeiro, só lhe agradara a qualidade material dos sons empregados pelos instrumentos e depois fora um grande prazer, quando por baixo da linha do violino, tênue, resistente, densa e dominante, vira de súbito erguer-se num líquido marulho a massa da parte do piano, multiforme, indivisa, plana e entrechocada, como a malva agitação das ondas, como o luar encanta e bemoliza. Mas em certo momento, sem que pudesse distinguir um contorno, dar um nome ao que lhe agradava, subitamente fascinado, procura recolher a frase ou a harmonia - não o sabia ele próprio - que passava e lhe abria amplamente a alma, como certos perfumes de rosas, circulando no ar úmido da noite, tem a propriedade de nos dilatar o nariz.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Proust não encerrou as buscas pelo tempo perdido (Final)



Swann comparava sua amante Odete a Vênus, de Sandro Botticelli, era o máximo que obtinha, na pintura, como referencial da beleza e encantamento femininos. Esse é mais um exemplo do refinamento de Proust, que nos seus sete livros da obra Em Busca do Tempo Perdido, nos vai passando a sensação  de ver quadros, escutar sonatas e se deliciar com a elegante culinária francesa.
Após concluir o sétimo livro, o Tempo Redescoberto, em que mostra não haver nenhum valor estético na perversão, fiquei com uma sensação de que já havia lido a última obra prima. Difícil imaginar ler sete livros, mais ainda escrevê-los, principalmente com tanto zelo.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Proust não encerrou as buscas pelo tempo perdido (I Parte)




Escrito por Marcel Proust, No Caminho de Swann:

Há uma bela qualidade de silêncio, não é? - disse-me ele. - As corações feridos, como o meu, um romancista que lerás mais tarde julga que só convém a sombra e o silêncio. Olha, meu filho, chega na vida uma hora, de que ainda está muito longe, em que os olhos não toleram mais que uma luz, a que uma linda noite como esta prepara e a destila na escuridão, em que os ouvidos já não podem escutar outra música a não ser a que executa o luar na flauta do silêncio

Tradução: Mário Quintana, Editora Globo (1983)