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sábado, 26 de fevereiro de 2011

O superlativo das paixões aparece no romance Gabriela, Cravo e Canela



"Já chegara alterado ao bar, e ali continuava a beber. Isso se passava exatamente uma vez por ano, e só uns poucos sabiam ser a forma como ele comemorava a morte de um irmão, fuzilado numa parada em Barcelona, muitos anos atrás. Ainda agora, porém, mais de 20 anos passados, fechava a oficina e embebedava-se no dia do aniversário da parada e das mortes na rua. Jurando voltar à Espanha para explodir bombas e vingar o irmão".
O trecho é do livro Gabriela, Cravo e Canela, mais conhecido por exaltar a sensualidade de uma mulata, tangida para Ilhéus por conta da seca. O texto é um dos raros momentos que marca o interesse de Amado pela Política, depois de ter rompido com o Partido Comunista.
Foi o primeiro romance que li de Jorge Amado, aos 13 anos. Muito antes de Sônia Braga encarnar o papel da protagonista, na adaptação de Dias Gomes, e me fez não apenas a criar gosto pela leitura de seus demais romances, como me despertou a vontade de conhecer a Bahia, assim como aconteceu com o pintor Caribé e o etnólogo Pierre Verger.
Muitos de seus últimos romances, como Tereza Batista Cansada de Guerra, Dona Flor e seus dois maridos e Tieta do Agreste  já são obras derivativas e, como se comenta, escritas sob encomenda até para salvar amigos editores da falência. Jorge amado, com suas qualidades e defeitos, não pode reclamar do reconhecimento internacional. Também, por ter enveredado pelo caminho do best seller, não poderia se queixar do não reconhecimento pelo Prêmio Nobel.
Recomendo a leitura e a releitura de Gabriela, Cravo e Canela. São bem escritas as cenas de amor de Nacib e a cozinheira, que - se não fosse a libido exagerada - seria a Amélia da Literatura.

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