"Nunca confie na probabilidade do inimigo não estar vindo, mas dependa de sua própria prontidão para o reconhecer. Não espere que o inimigo não ataque, mas dependa de estar em uma posição que não possa ser atacada".
Foi com esse conceito, retirado de A Arte da Guerra, de Sun Tzu, que o ministro da Defesa Nelson Jobim concebeu "o coração da sociedade estratégica" entre Brasil e França, protocolada formalmente pelo ex-presidente Lula e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, no dia 7 de setembro de 2009.
Por enquanto, não há nenhum sinal de presença inimiga, quer descendo os Andes e adentrando a selva amazônica, quer pelo Atlântico, onde se encontra as maiores reservas de petróleo da Nação (cerca de 90% da produção nacional), mais precisamente na bacia de Campos, e um ataque, aí sim, pararia o País. Além disso, o Brasil possui dimensão continental e, por sua natureza, torna quase impossível o sucesso de uma invasão, assim como seria para os Estados Unidos e, historicamente provado, para a Rússia.
Mas seria por isso que os brasileiros deveriam deixar para lá as fronteiras do lado Oeste e não se preparar no lado Leste, em vista da cobiça internacional, que chegará ao pico com a escassez do petróleo e a instabilidade do mundo árabe? A resposta para essas perguntas foi um acordo militar com a França, onde se incluía a compra de caças.
A titular de Exteriores da França, Michèle Alliot-Marie, que esteve até terça-feira passada no Brasil, ouviu a resposta de que a compra está suspensa, dentro dos cortes orçamentários realizados pela presidente Dilma. Tallvez leve mais de um ano, talvez a França fique de fora da compra dos caças. Talvez o Brasil percebeu o tamanho do lençol: ou se cobre bem a cabeça, ou se cobre bem os pés.
O orçamento de Defesa para este ano era de R$ 15 bilhões (equivalente a US$ 8,8 bilhões), mas com os cortes decididos pelo Governo ficará em R$ 11 bilhões (US$ 6,4 bilhões).Michèle saiu daqui acreditando que as vendas estão apenas suspensas e que o Brasil não recuará no plano selado por Lula e Sarkozi, afirmaram fontes oficiais. Ela não saiu da França acreditando que teria uma resposta diferente. Duvido que o serviço de inteligência seja inepto. Talvez, o símbolo maior é que a pressão internacional ingressa num capítulo interessante para suscitar questionamentos sobre o que é necessário para o Brasil. Isso antes que o inimigo nos surpreenda.
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