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quarta-feira, 9 de março de 2011

Agripino Grieco desconstroi e vive para negar na crítica literária

Agripino Grieco, (1888-1973), carioca foi considerado o mais mordaz crítico literário brasileiro. Seu estilo irônico e rebuscado destruiu carreiras, embora complacente com os amigos e com autores que apenas iniciavam sua primeira obra. Fora isso, viveu para descontruir, ao contrário de construir (sua obra é sofisitacada e não é memorável), mais para negar do que para afirmar. Esse trecho provém de uma entrevista que apareceu na Revista d' O Jornal, de 10/12/1944 


A obra dos julgadores de livros vale pela forma em que está vazada, pela ironia, pela irreverência, pelo que possa representar de negação dos valores oficiais. Nem a Medicina é ciência, quanto mais a Crítica...  Depois, isso de dar lições ao público cansa e não produz efeito. Porque repare que há uma maçonaria dos leitores: trabalhos elogiadíssimos constituem formidáveis encalhes, ao passo que outros, de que os aristarcos não gostam, vendem-se aos milhares. De um modo geral, abomino os criticóides. Para mim, a rigor, só contam os músicos e os poetas. E se ainda hoje leio Sainte-Beuve é porque escrevia maravilhosamente bem. Portanto, voltamos ao princípio: o que vale é a forma. Ademais, veja que a crítica, parecendo gênero difícil, pela soma de conhecimentos que deve exigir, ao contrário é muito fácil e até adolescentes conseguem exercê-la com sucesso, pelo menos entre nós... Depois, que coisa precária a emissão de juízos num país como este, onde os autores mais populares não conseguem vender cinco mil exemplares e os editores são obrigados a verdadeiros passes de mágica para lançar a terceira edição de um romance. Numa terra em que os livros, porque não têm contextura resistente, envelhecem tão depressa, para que assumir ares professorais e pedantescos ao tecer-lhes o comentário? É o caso de perguntar o que é feito de Os Corumbas, do Sr. Amando Fontes, volume que suscitou há tempos rumoroso e extenso movimento de opinião. E não me refiro apenas aos romancistas, pois nos outros ramos da atividade intelectual, na historiografia, por exemplo, ser-se aqui Capistrano ou Calmon é a mesma coisa, e o segundo vai até obtendo mais sucesso que o primeiro, por muitos considerado apenas um sujeito maçante...

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