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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Francis Vale acusa os americanos de sabotarem o cinema brasileiro


A partir de amanhã até o dia 21 acontece em Jericoacoara o III Festival de Jericoacoara - Cinema Digital, que estará dividido numa mostra competitiva de curta metragens e informativa, reunindo películas de média e longa metragens. Este ano, a novidade foi o aumento no número de inscritos que contará com cerca de 40 competidores. O evento acontece num dos destinos turísticos mais badalado do Ceará e do País, a praia de Jericoacoara, com fama internacional, verdade ou não, de ser uma das mais bonitas do Brasil. Neste cenário e com fortes argumentos, não há como duvidar do sucesso de público e de crítica da iniciativa.
Contudo, há uma análise mais fria sobre fazer cinema no Brasil. A importância do curta metragem, as novas tecnologias que democratizam o acesso, a dificuldade de concorrer com o cinema americano foram objeto de entrevista do coordenador e cineasta Francis Vale ao Sobrearte:

Como você vê a importância do curta metragem na  linguagem do cinema e na formação dos novos cineastas?
É o começo de tudo. Seu poder de síntese e a capacidade de dizer em curto período de tempo tornam um meio eficiente e forte. Ele tem uma grande valor para o documentário, para o registro da história e isso é que torna ainda mais atraente e motivador para novos talentos.

Quais as principais dificuldades vividas hoje neste segmento?
O curta merece uma atenção maior porque não tem mercado definido. Há a possibilidade de mudança dessa realidade por determinação da lei e também por novas demandas, como a telefonia celular. Evidentemente, que os conteúdos não poderão ser veiculados com projeções  de duas horas. Haverá necessidade de mais  produções de pouca  duração.

Hoje é possível fazer um filme até com celular. As novas tecnologias ao mesmo tempo que democratizam o acesso a essa mídia também não banalizam e aumentam o volume de conteúdos ruins?
Você tem razão nos dois aspectos. A tecnologia está aí. Agora, não é o fato de que uma pessoa ter papel e caneta que vai se  transformar em escritor. Também não serão uma câmera ou mesmo um aparelho celular e um notebook, que farão um cineasta. Naturalmente, que ficarão os melhores. Esses sobvreviverão pelo talento. é verdade que fazer cinema ficou muito fácil atualmente do que nos tempos do analógico.

O Brasil produz teatro, uma teledramaturgia de  fama internacional, literatura, mas não consegue impor seu cinema. Tem faltado talento?
Não. Vamos compreender o Brasil como o maior mercado da América Latina. Evidentemente, que a holding que controla o cinema norteamericano tem todo o interesse em impedir o crescimento da nossa arte, porque isso lhe tiraria o mercado. Isso pode ser verificado nos shoppings. Não é exagero afirmar que 90% dos filmes em exibição são norte americanos. Houve dois filmes que ganharam as salas de projeção este ano, o  Area Q e Xingu. Este último teve que ser retirado imediatamente para ceder lugar aos Vingadores. Ou seja, o produtor Fernando Meireles diz que não faz mais filme no Brasil. Foi aplicado  um investimento de R$ 10 milhões, para atingir um público de 2 milhões e  o máximo que se obteve foi cerca de 300 mil.

O senhor é otimista ou pessimista com o cinema brasileiro?
A médio e longo prazo sou otimista. Mas não vamos esquecer que temos um oponente poderoso, que são os Estados Unidos. O cinema é tratado por eles como assunto de governo. Foi assim que os presidentes norte-americano e chinês  se reuniram: para tratar de cinema. Ora, eles investem pesado em publicidade, divulgação e no monopólio das  salas de exibição, de tal modo que quando um filme chega ao Brasil já está pago e que se apura na bilheteria é lucro. Diferente do que acontece com o cineasta brasileiro que passa anos para obter patrocínio, que será investido também em publicidade, mesmo com todas as leis de incentivo.
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