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domingo, 1 de maio de 2011

Galos, peixes e dragões de Chico da Silva ganharam fama na Europa


Quando o médico e descobridor da vacina oral contra a poliomielite Albert Sabin  (a "gotinha"), então casado com a brasileira Heloísa Carneiro, esteve em Fortaleza, na década de 1970, o apresentador do programa Show do Mercantil, Augusto Borges, lhe retribuiu a participação no programa, presenteando-com um quadro de Chico da Silva (1923-1985). Era um gesto em que o ser humano tira as vestes da soberba e doa o que tem de melhor para oferecer.
Naquela época, o pintor acreano, filho de uma cearense e um índio peruano, já era uma celebridade e reconhecido como artista talentoso pelos especialistas do mundo todo. Em 1966, havia recebido a menção honrosa na XXXIII Bienal de Veneza. Alguns de seus quadros foram adquiridos pela rainha Elisabeth II e hoje destaca paredes de colecionadores ricos.
O que fazia a pintura de Chico da Silva tão especial? Conheci Chica da Silva, a filha dele, que também pintava os quadros com o estilo do pai e esse apenas dava a sua assinatura. Com um pouco mais instrução e a sorte de ter conhecido gente como o pintor Jean-Pierre Chabloz (o descobridor de Chico da Silva e seu mestre no óleo sobre tela), talvez tivesse uma carreira solo e com uma identidade própria. 
Aliás foi a grande demanda pelos seus quadros que fez com que a obra do pintor se tornasse individual e comunitária. A grande procura fazia com que filhos e vizinhos residentes no bairro do Pirambu, pintassem os galos, os dragões, peixes e todo um mundo colorido, que se chamava de primitivismo, mas na verdade, para os especialistas, não se encaixava em nenhuma escola. 
Vale ressaltar a alegria das cores, a ênfase nos detalhes das penas, dos olhos arregalados dos bichos e da fantasia que inspirava. Era  uma arte que se inseria com o declínio do figurativismo e a elevação da fotografia. Daí, que consciente ou não, o menino grafiteiro, ingênuo e enganado por mercadores de arte inescrupulosos e vencido pelo alcoolismo fez o que se esperava para um artista de vanguarda: apresentar elementos a mais para a figuração.  Uma oportunidade para conhecer parte do legado do artista está no segundo pavimento do Shopping Benfica, em explosição permanente.

2 comentários:

  1. Sou fã do trabalho do Chico da Silva. Chabloz foi seu mestre, na medida certa. Não só respeitou sua originalidade, como também a incentivou. Pois Chico quis se influenciar por uma pintura dentro de padrões mais acadêmicos, e Chabloz não deixou. Que o Ceará possa sempre respeitar a obra de Chico da Silva.

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  2. É verdade, Janaína. Foram tristes os últimos anos do pintor: roubado, pobre e excluído

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