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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Bizet e Proust nos libertam da sordidez e da pequenez humanas

"Num lento ritmo ela o encaminhava primeiro por um lado, depois por outro, depois mais além, para uma felicidade nobre, ininteligível e precisa. E, de repente, no ponto aonde ela chegara e onde ele se preparava para segui-la, depois da pausa de um instante, ei-la que bruscamente mudava de direção e num movimento novo, mais rápido, miúdo, incessante e suave, arrastava-o consigo para perspectivas desconhecidas. Depois despareceu. Ele desejou apaixonadamente revê-la uma terceira vez. E ela com efeito reapareceu, mas sem falar mais claramente, e causando-lhe uma volúpia menos profunda. Mas, chegando em casa, sentiu necessidade dela, como um homem que, ao ver passar uma mulher entrevista um momento na rua, sente que lhe entra na vida a imagem de uma beleza nova que á maior valor à sua sensibilidade, sem que ao menos saiba se poderá algum dia reaver aquela a quem já ama e da qual o nome ignora". Essas são descrições mais belas que vi sobre uma música, contida em Em busca do Tempo Perdido, nos Caminhos de Swann, de Marcel Proust. Poderia ser minueto em mi bemol maior, de Bizet (o mesmo autor de Carmen), como também Sonata ao Luar, de Beethoven. Ninguém sabe ao certo. O certo é quanto essa melodia me desarma e me liberta de tantos pensamentos sórdidos. Que essa sensação seja extensiva a todos os sensíveis.

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