Podem não ser variados, mas existem suficientemente para impressionar e provocar admiração pela preferência da cor. Trata-se dos vestidos amarelos escolhidos por artistas que vão desde o Barroco, passando pelo Rococó, até o Art Noveau. Homens vestidos de amarelos podem soar de extremo mau gosto, mas com a natureza feminina ganha auras de candura, beleza e ostentação, principalmente a cor dourada, muito utilizada como luz em cenários para realçar riqueza e poder.
Talvez hoje o amarelo não seja a cor da moda, principalmente considerando os tons escolhidos pelos artistas da alta costura. Talvez seja considerada muito espalhafatosa. No entanto, sempre há uma personalidade, especialmente, mulher, que subverte esses conceitos e daí emprestam seu carisma e autoridade para a renovação da cor. Quem não se lembra do vestido amarelho da rainha Elisabeth, da Inglaterra, no casamento do príncipe William?
Um dos quadros que mais me alegra - e capaz de afastar alguns tipos de melancolia - é a Alaudista, de Orazio Gentileschi, de 1610, que se vê uma jovem adorável a tocar inocentemente. Trata-se de uma obra do estilo barroco e que se contrapõe ao Alaudista de Caravaggio (1596), mostrando um um rapaz com expressões lascivas.
A vida nem sempre foi dourada ou muito menos cor de rosa para os Gentileschi. Sua filha, Artemisia, também pintora foi estuprada por um amigo do pai. A revolta e o ressentimento permearam sua obra, tais como o auto retrato, onde aparece tensa ou até mesmo violenta e com pérfida, em Judite ao mater Holofernes, dando um significado terrível do que é matar outro ser humano.
Igualmente cândido, é a Jovem Leitora (1776), de Jean-Honoré Fragonard, obra prima do rococó. A exemplo de Orazio, há uma atmosfera de paz e tranquilidade e, sobretudo, pela obtenção de prazeres, quer provenientes da música, como é o caso da Auladista, quer pela leitura, absorta e desprotegida do exterior, como mostra a adolescente.
Sobre a Jovem Leitora, Wendy Beckett, escreveu: "A suavidade de A Joovem Leitora, esse encanto quase a Renoir, não deve impedir que vejamos sua força e solidez. Há um enquadramento geométrico para a maciez da adolescente e a capacidade de transceder a decoração", afirma. Ela ressalta que o pintor é mais profundo do que parece. Concordo.Tudo concorre para uma extrema harmonia da modelo e o seu entorno: o livro, a almofada, o cabelo preso e a mão direita posta suave sobre a parte inferior do vestido, com detalhes de babados brancos.
Por fim, temos O Retrato de Adele Bloch-Bauer I, que é uma pintura de Gustav Klimt completada em 1905. O artista empregou três anos para completar este retrato, que é um expoente da Art Noveau e segue características semelhantes ao O Beijo. A obra foi realizada em Viena e encomendada por Ferdinand Bloch-Bauer.
Adele Bloch-Bauer tornou-se na única modelo pintada em duas ocasiões por Klimt quando completou um segundo quadro, Retrato de Adele Bloch-Bauer II, em 1912. Adele indicou no seu testamento que os quadros de Klimt deveriam ser doados à Galeria do Estado da Áustria.Em 1925 Adele faleceu de meningite.
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