É como se ouvíssemos os gritos das crianças e de bombas explodindo. Fotografia de Nic Ut. Um avião norte-americano bombardeou a população de Trang Bang, com Napalm, no dia 8 de Junho de 1972. A jovem Kim Phuc, de nove anos, com a roupa em chamas, foge do bombardeio pela estrada. O fogo consumiu as suas roupas. Está entre as fotografias mais chocantes de guerra. Não foi o precursor do retrato dos sons, mas, sem dúvida, seu expoente máximo.
Os horrores das guerras não são invenções de fotógrafos e nem sempre frutos do sensacionalismo. São expressões vivas de dor, que poderiam resultar numa mudança de consciência, mas que não muda. Revelam uma humanidade que pouco ou quase nada evoluiu entre um conflito e outro.
Aqui vale pensar em Adorno (1903-1969), fílósofo alemão, que viveu a II Guerra Mundial, e escreveu a Dialética do Esclarecimento, exatamente naquele período, sendo publicado em 1947. Exilou-se nos Estados Unidos e, em 1949 retornou a Alemanha.
Qual a relação da Guerra do Vietnã, expressada no desespero da menina, e Adorno? Identifico a perplexidade com o irracional, expresso nos estudos dos modos de pensamento racionalizado de indivíduos e instituições, que propiciaram tendências regressivas, após Auschivitz (1965).
Ele escreveu: A existência que não se repita é a primeira tendência de todas para a educação. De tal modo, ela precede quaisquer outras, que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso, em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente em relação a essa exigência e e as questões que ela levanta, provam que a monstruosidade não calou fundo nas pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e inconsciência das pessoas".
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