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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O aborto tratado pela Literatura e a Filosofia nos dias de hoje (I parte)

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Ao mesmo tempo que a editoria  policial não tem dado notícia para  casos novos envolvendo clínicas de aborto, a Literatura também já não mais enfatiza o mesmo assunto como no passado. É bem verdade que há outros meios contraceptivos e muitos países, onde antes era proibido, legalizaram a prática, inclusive contando com o apoio do Estado. 
O fato é que no Brasil o assunto é sensível e se restringe a uma mão única: ser contra. Caso contrário, há uma grande patrulha social sobre seus defensores. Em 2007, o ministro da Saúde, José Augusto Temporão, foi alvo dessa rejeição, quando propôs um plebiscito para se discutir o aborto. Ele defendia uma participação aberta da sociedade, haja vista que a manutenção da ilegalidade em nada contribuia para a saúde das mulheres, expondo aos riscos das clínicas clandestinas. Houve protestos de quase todos os lados (à exceção de alguns grupos feministas isolados) e a ideia foi abandonada.
Na literatura, a simples discussão do tema até a década de 1940 era considerada um escândalo. Em O Sangue dos Outros (de 1945), Simone de Beauvoir coloca uma de suas personagens diante do dilema. Na trilogia Os Caminhos da Liberdade (1945 a 1949), Sartre faz seu personagem masculino se posicionar diante do mesmo problema: sua namorada está grávida e ele deseja o aborto. No primeiro livro, a Idade da Razão,  Mathieu pede ao seu irmão o dinheiro para o aborto de Marcelle, a justificativa de Jacques para recusar o empréstimo é totalmente montada numa questão individual e livre. Mathieu não leva em consideração o que ela quer.
Em Palmeiras Selvagens, de William Faulkner, é mostrado o drama de um médico, Harry Wilbourne, e sua amante Charlotte Rittenmeyer. Incompetente, desempregado, ele vive algum tempo às custas dela, e acaba por matá-la, ao lhe provocar um aborto. Aqui, a protagonista recusa a maternidade e a ação se desenvolve no ano de 1938.
Na Filosofia, os defensores tiveram como partida a seguinte questão:
"Um feto é uma pessoa.
É errado matar uma pessoa.
Logo, é errado matar um feto"
O desmonte dessas premissas se dava pela desvalorização dos termos dispostos. Se colocava dúvida no fato sobre o que o autor pretendia, ao afirmar que um feto é uma pessoa. Segundo algumas interpretações de "pessoa", pode ser óbvio que um feto seja uma pessoa. Em contrapartida, seria bastante controverso se, no mesmo sentido de "pessoa", matar for sempre algo errado. Segundo outras interpretações, é mais plausível que seja sempre errado matar pessoas, mas totalmente confuso se um feto pode ser entendido como "pessoa."  Num ensaio de filosofia, o termo "pessoa" podia ser dado a qualquer ser vivo e consciente. Aí se incluía as baleias e os golfinhos. Mas essas espécimes não seriam consideradas "pessoas", adotando um senso comum. Quando se falava que o aborto era um assassinato, então lembravam que a morte de John Kennedy também poderia ser considerada como um "aborto".
Depois, alguns pensadores e aí se inclui a própria Simone, tiveram posições mais claras com relação ao assunto.Vamos voltar ao assunto amanhã.

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