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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Cacique ministra aulas finais do Curso de Magistério Indígena



O Curso de Magistério Indígena Tremembé Superior (MITS) conclui, amanhã, a última etapa de aulas com a disciplina "Torém: Ciência, Filosofia e Espiritualidade Tremembé", ministrada pelo Cacique João Venança, na Escola Maria Venância, na Praia de Almofala, em Itarema. Com o final das aulas e entrega dos trabalhos de conclusão de curso (TCCs) por parte dos alunos, o MITS formará a primeira turma de professores indígenas da Região Nordeste com graduação superior, sendo um dos pioneiros do País. A Colação de Grau está programada para junho de 2012, na Concha Acústica da Reitoria.

O curso, iniciado em julho de 2006, foi estruturado pela própria comunidade índia e contou com apoio da Universidade Federal do Ceará, que o reconheceu, juntamente com o Ministério da Educação. Para a etapa final das aulas dessa primeira turma, o Coordenador pela UFC, Prof. Babi Fonteles, do Curso de Psicologia da UFC em Sobral, faz um convite aos professores que ministraram aulas no curso a comparecerem a este momento. “Basta que nos avisem com alguma antecedência”, diz.

No total, 36 professores indígenas concluirão o curso de graduação, na modalidade Licenciatura Intercultural, mas no dia da solenidade de formatura faltará uma concludente que foi pioneira na educação indígena no Ceará: Raimunda Marques do Nascimento, fundadora da Escola Alegria do Mar, em Almofala, em 1991. “Raimundinha”, como era conhecida, filha do cacique João Venâncio, faleceu aos 37 anos, em 15 de maio de 2009. O Professor Babi informa que uma homenagem será prestada a ela no dia da solenidade.

Raimundinha estudou até a quarta série primária e, em Fortaleza, trabalhou em casas de família. Voltando para Almofala, começou a dar aulas por conta própria. Ensinou crianças e adultos a ler, escrever, dançar o torém, bem como outras tradições da etnia Tremembé, que estavam se perdendo. Depois, ela mesma voltou a estudar. Fez o curso de Magistério Indígena em nível médio e, em seguida, ingressou na graduação, que não pôde concluir.

A contribuição da UFC na formação de professores indígenas é destaque no Brasil. Além dos cursos já mencionados, a Universidade tem participação ativa no curso de Magistério Indígena Superior Intercultural dos Povos Pitaguary, Tapeba, Kanindé, Jenipapo-Kanindé e Anacé (Misi-Pitakaja), que começou em janeiro de 2010. O projeto tem coordenação ampliada, com participação de lideranças indígenas, representantes de conselhos e secretarias de Educação, prefeituras e faculdades parceiras. O curso faz parte do Programa de Formação Superior e Apoio a Licenciaturas Indígenas (Prolind) do Ministério da Educação.

O objetivo geral é a formação e qualificação de 80 professores em nível superior para gestão e ensino na Educação Básica das escolas Pitaguary, Tapeba, Kanindé, Jenipapo-Kanindé e Anacé, no segundo segmento do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Faz parte também do projeto a capacitação política, para atuarem como agentes interculturais na promoção dos projetos de sua comunidade. A questão da educação diferenciada indígena foi a base da tese de doutorado do Prof. Babi Fonteles, defendida em 2003, na Faculdade de Educação da UFC.

Fonte: Prof. Babi Fonteles, Coordenador dos Cursos de Magistério Indígena Superior pela UFC - (fone: 88 9986 4499)

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