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domingo, 18 de março de 2012

Jung diz que a arte é uma neurose, mas está em boa companhia com a Filosofia e a Religião



"O artista proporciona um rico material para um tipo de psicologia analítica e de caráter crítico. Sua vida é cheia de conflitos; de um lado, a do cidadão comum, com suas exigências legítimas de felicidade, satisfação e segurança vital; por outro, daquele movido pela paixão criadora e intransigente, que acaba pondo por terra todos os seus desejos pessoais".
Assim se manifesta Carl Gustav Jung (1875-1961), nesta conferência que debate a ciência e a arte, objetos mais interessantes das últimas páginas. Ele discorre sobre a arte como uma expressão da neurose, tal como já antes havia afirmado Freud, mas lembra que não está em má companhia: também se aliam a Filosofia e a Religião.
Discutir a arte através da Psicanálise já havia sido feito, num primeiro momento, pela interpretação de Freud da obra de Leonardo da Vinci. Essa reflexão entusiasmou Jung que se inspirou também a discorrer em torno do tema, mas advertindo que não se tratava em colocar o artista ou a criação num divã. Em primeiro lugar, iria analisar aquilo que lhe impressionava ou até chocava.
Ele explicava que a obra criadora vem das profundezas do inconsciente e alguns traços mais pertubadores do inconsciente coletivo, assim como deve ser entendida a esquizofrenia. Neste artigo, aborda já nas últimas páginas dois artistas: James joyce e seu Ulisses, onde nada acontece em mais de 700 pagínas relatando um único dia em Dublin, e Picasso. Sobre este se detém em manifestar grande preocupação por identificar sinais da arte esquizofrênica, ou a ausência de sentimento.
Diz que não é seu mister discutir a estética, pois para isso existem os críticos. Mas como médico e estudioso da arte, não pode deixar despercebido quando o grotesco distorce a beleza, quer na sua forma concreta, quer abstrata. Antecipa-se dizendo que o cubismo não é uma doença, mas uma tendência de se reproduzir essa realidade distorcida.


No caso de Picasso, lembra que existia essa tendência na fase azul e nos quadros das prostitutas juvenis sifiliticas. Teria como principal intuito chocar? Na verdade, essa observação surge bem antes de um extenso hiato de criação do pintor espanhol.
Jung foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana. Os assuntos com que Jung ocupou-se surgiram em parte do fundo pessoal que é vividamente descrito em sua autobiografia, "Memórias, Sonhos, Reflexões" (1961).
Considero Jung muito mais profundo do que Freud, porque não se restringiu a limitar aos estudos dos instintos. Aliás, propôs reunir as pessoas de acordo com o seu maior desenvolvimento em uma das quatro funções psicológicas: pensamento, sentimento, sensação, ou intuição.
"Que pense o poeta que sua obra se cria, germina e amadurece. Que imagine que deliberadamente da forma a uma invenção pessoal. Isto em nada altera o fato de que na realidade a obra nasce de seu criador, tal como uma criança de sua mãe. A psicologia da criação artística é uma psicologia especificamente feminina, pois a obra criadora jorra das profundezas inconscientes, que são justamente o domínio das mães. Se os dons criadores prevalecem, prevalecem o inconsciente como força plasmadora de vida e destino diante da vontade consciente", afirma.

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