Desencanto
(Manuel Bandeira 1886-1968)
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Era o mal (ou seria o bem?) de muitos poetas contemporâneos de Bandeira (e de antes...)
ResponderExcluirEu gosto, esse Desencanto, me encanta!
Um abraço
Acredito que há mais de uma motivação inspiradora para os poetas contemporâneos de Bandeira e dos anteriores. Me chamam a atenção é a concisão, a economia de palavras, o poema enxuto e irradiante.
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