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sábado, 19 de maio de 2012

Quando se perde uma boiada por causa de um oi


O Ceará irá intensificar as barreiras para impedir o trânsito de rebanho dos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba no seu território. A medida atende portaria do Ministério da Agricultura, a fim de que os Estados que pleiteiam o status de livre da febre aftosa não venham a sofrer com a circulação do vírus por aqueles que não tiveram o mesmo cuidado. Ou seja, com apenas um boi se pode perder uma boiada.
A medida é radical, intransigente e exemplar. Lembro que quando a então prefeita de Fortaleza, Maria Luíza Fontenele, recomendou a retirada dos vendedores ambulantes do Centro da cidade, a determinação é para que não houvesse uma única exceção. E foi a mais bem sucedida ação de disciplinar o comércio na área central, sem criar um drama social e oferecendo melhor qualidade de vida para os usuários daqueles corredores.
É bem verdade que na linguagem da diplomacia existe o conceito de que cabe aos grandes o poder de ser tolerante, condescente e flexível. Como um pai bondoso, a supremacia sobre os pequenos é expressa pela bondade e não pela autoafirmação de rigor. Assim, as relações exteriores do Brasil têm se pautado, segundo o Itamaraty, ao contrário da postura arrogante de outras potências bem mais desenvolvidas.
Acontece que há momentos que não se pode transigir, não apenas em casos das perdas geradas pela febre aftosa, quanto o livre comércio de camelôs. Sei que é pedir demais para que não houvesse acordo e cambalachos nas ações de combate à corrupção, como estamos a assistir nos casos de Carlinhos Cachoeira e no Mensalão. Seria utópico pedir isso, quando sabemos quanto a corrupção está enraizada em nosso gênero. Mas ainda há pontos que a postura firme e não dobrável insere-se dentro de nossas possibilidades e forças.
Falo da gentileza. Devemos ser gentis e sorridentes com aqueles que não merecem? Socialmente, há até convenções para que gestos falsos se sobreponham sobre os atos mais sinceros e espontâneos. O sorriso e as frases chaves da boa educação, como por favor, bom dia, boa tarde, com licença, desculpe, obrigado, foi um prazer não devem ser banalizadas. O princípio de agir igual com iguais e desigual com os desiguais, conforme se ampliam as desigualdades se aplica a esse comportamento.
Se fôssemos verdadeiros com a manifestação de nossos sentimentos certamente teríamos uma sociedade menos hipócrita e não precisaria de leis para que nos mostrassem os riscos de revelarmos, mais claramente,  nossos gostos e preferências. Mesmo que para tanto tívessemos que perder uma boiada por causa de um oi.

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