Pessoa conhecida minha, que se vangloriava de nunca chorar e nem se fazer de vítima, foi vista chorando ouvindo La Bayamesa, interpretada pelo Buena Vista Social Club, após alguns drinks.
Naturalmente, que os recuerdos da música são bastante tocantes. Mas esse não é o caso, quando o efeito etílico tanto causa alegria, tristeza, impulsos de coragem e desperta fantasias.
Por ser droga lícita, não passa por censura e seu consumo chega a ser estimulado pela propaganda veiculada na mídia. Há quem fale de seus malefícios, como é o caso sobre os motoristas, ou daqueles com forte tendência depressiva, quando a doença é seriamente agravada. Quanto estranho é o efeito do álcool sobre nossas emoções.
Revendo meus arquivos, reli esse depoimento de Paulo Francis, sobre os tempos que o uísque lhe alterava o humor, a tolerância, a compreensão e a forma como interagia socialmente.
Hoje, que não bebo mais, reconheço a extraordinária influência que o uísque teve na minha vida. Com uísque, por exemplo, eu gostava muito de certa música popular pré-rock. Sem uísque, na primeira repetição de acordes, tapo os ouvidos. com uísque me era mais fácil acreditar que todos os homens são irmãos. Sem uísque, minhas faculdades críticas me transformaram num cínico desalmado. É muito feia, física e moralmente, a raça humana. Paulo Francis, Folha de São Paulo (23/7/88).
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