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Jornal Estadão |
A semana termina, tendo como destaque na mídia a tragédia ocorrida no Centro do Rio de Janeiro, quando três prédios desabaram na avenida Treze de Maio,por volta das 20h30 da quarta-feira, 25. Acredita-se que o epísódio resultou em, pelo menos, cinco mortes e em 25 pessoas que ainda estão desaparecidas. No entanto, o Portal Comunique-se chama a atenção para a prontidão dos grandes, médios e pequenos veículos de comunicação, mobilizados para dar informações, em alguns casos, em tempo real.
O jornalista Anderson Scardoelli fez um lenvamento do que aconteceu nas redações de jornais, televisão e sites. Como é comum nessas coberturas, é que para informar os últimos acontecimentos da tragédia, emissoras, sites e publicações impressa se encarregaram de enviar repórteres para acompanhar de perto os desdobramentos do acontecimento. Eis o relato do repórter:
Televisão
Emissora de TV de maior audiência no País, a Globo apostou nas reportagens aéreas, além de contarem com a presença de suas equipes de jornalismo próximo ao local dos desabamentos. O ‘Plantão Globo’ foi inserido após a exibição da vinheta de abertura da novela ‘Fina Estampa’ para divulgar o que acabara de ocorrer no Rio de Janeiro. Sem ter muito dados do acidente, o jornalista William Bonner informou que o Corpo de Bombeiros já estava no local para fazer o trabalho de resgate. O âncora do ‘JN’ anunciou que a cobertura completa estaria no ‘Jornal da Globo’ – que teve a participação dos repórteres Bette Lucchese, Flávia Jannuzzi, Sandra Moreira e Fábio Júdice.
A TV Record usou o ‘Jornal da Record’, que estava no ar, para trazer as últimas informações do ocorrido, para isso contou com a narração da apresentadora Ana Paula Padrão, imagens do helicóptero da emissora e reportagens, por telefone, de Natália Alvitos. “O que a gente pode ver nesse local é uma série de carros estacionados, cobertos de muita poeira. Os carros estão totalmente cobertos pelos escombros. Toda a região foi cercada, isolada. Impressionante as imagens (do acidente)”, disse a âncora do principal telejornal da emissora de Edir Macedo.
Depois de apresentar o ‘Jornal da Band’, Ricardo Boechat voltou a aparecer em frente as câmeras da emissora. Direto da redação da TV Bandeirantes, ele informou que a equipe de jornalismo checou que um desabamento tinha ocorrido no centro do Rio de Janeiro. Semelhante a participação de Bonner, o âncora ressaltou que as matérias com mais detalhes seriam exibidas no ‘Jornal da Noite’. Foi o que ocorreu, indo ao ar depois do ‘Agora é Tarde’, o noticiário apresentado por Izabella Camargo contou com dois repórteres – Sergio Costa e Frederico Roriz – e três cinegrafistas – Dênis Cunha, Leonardo Cândido e Guilherme Ligiero. O jornalístico entrevistou o prefeito Eduardo Paes e pessoas que estavam em um dos prédios antes do desmoronamento.
Rádios
As emissoras de rádio também repercutiram o que aconteceu no centro carioca. Entre outros dials, CBN e Rádio Globo enviaram equipes para o local dos desabamentos. Ambas, pertencentes ao Sistema Globo de Rádio, fizeram uma cobertura multimídia, ao vivo pelo rádio e com textos atualizados de hora em hora em suas respectivas páginas oficiais na web.
Sites
No início da madrugada, as capas de diversos portais se voltaram praticamente por completo à tragédia do centro do Rio de Janeiro. Os veículos online buscaram, de modos diferentes, noticiar temas que tivesse ligação com o episódio, mas que iam além de afirmar que três prédios desabaram. “Mídia mundial repercute tragédia do Rio”, “Prédio estava com forte cheiro de gás, diz funcionário” e “Desabamento fecha quatro estações do Metrô”, foram alguns dos títulos usados. Desde o começo desta quinta-feira, além das reportagens, os sites deram espaço para as imagens dos escombros.
Somando as matéria de capa de IG, Abril, Estadão.com.br, Folha.com, Portal Terra e Yahoo Brasil, 28 matérias estavam em destaque na home durante a primeira hora desta quinta-feira. Teve página que sugeriu que os internautas enviassem fotos do desabamento. Mesmo com a ajuda dos leitores, os sites apostaram nos jornalistas de suas próprias redações para relatar os fatos que se desenrolavam no decorrer da madrugada. Fernanda Magalhães, Paula Bianchi e Diana Brito (Folha); André Naddeo e Giuliander Carpes (Terra); Cecília Ritto (Veja); e Beatriz Mercheid (IG) foram alguns dos repórteres que estiveram no local do desabamento.
Jornais impressos
Mesmo com os desabamentos no centro do Rio de Janeiro acontecendo durante a noite, os jornais impressos trazem na edição desta quinta-feira os relatos, entrevistas com especialistas e parte da busca dos bombeiros por feridos e possíveis corpos. Diários de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal, por exemplo, deram manchetes Sobre a tragédia carioca. Conhecido por dar títulos com frases de duplo sentido e buscando o humor, o Meia Hora de Notícias publicou o ‘chapéu’ “Parecia o fim do mundo”, acompanhado do título “Tragédia no centro do Rio”. O Estadão, por sua vez, deu a imagem dos escombros, mas a manchete de hoje é “STF lidera alta de gasto com diárias de viagem no Judiciário”.
Bom, aqui vamos nós. Não achamos que a população deva ficar alienada sobre o que acontece no seu redor, mas certamente há uma espetacularização da dor. Não tenho dúvida que mais uma vez funcionou o abuso, com notícias repetidas, em situações inapropriadas, como foi o caso de canais fechados de esporte.
Nesse sentido, é pertinente aqui lembrar o texto da filósofa Márcia Tiburi, quando trata do "Espetáculo da Dor":
"Há um verdadeiro contentamento com a dor em nossa cultura. Tal gosto pelo sofrimento é, todavia, escandalização da dor e, paradoxalmente, sua banalização. De tanto ser vivida se tornou banal. A dor é um elemento de uma democracia perversa, parece ser só o que realmente nos esmeramos por compartilhar. As imagens da morte de indivíduos ou grupos, das catástrofes históricas ou da violência em escala cotidiana alegram os olhos de quem aprendeu a viver no mundo do espetáculo, o grande território que na sociedade atual, mede a vida, os corpos, os desejos, com imagens prévias do que devemos ser. O que chamamos espetáculo é ele mesmo um olho que nos vê e forja o nosso próprio modo de olhar. Que futuro há para uma cultura que vive o voyerismo da catástrofe, que goza com o sofrimento alheio pensando estar a salvo dele?
Há solidariedade que possa nos salvar diante do apelo à morte do outro, ao ódio escancarado, a que nos convidam todos os dias as formas de vida – descaso e violência - que vivemos?