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A semana termina como mais questionamentos sobre a inteligência do brasileiro. Muito bom que as redes sociais, muito criticadas juntamente com as televisões por produzir lixo cultural, estejam favorecendo essa autocrítica sobre o que é relevante ou não nas nossas discussões.
Twitter, orkut, facebook, youtube e HI5 foram e são pródigos em produzir esses fenômenos midiáticos que têm muitas vezes menos de 15 minutos de fama. Uma cena comum - e muito discutida em Portugal, foi quando circulou há algum tempo um vídeo pela internet. Tratava-se de uma histérica disputa de uma aluna para manter seu telemóvel (aparelho celular), enquanto a professora buscava arrebatá-lo.
Algumas pessoas acham engraçado, outras consideram pobres intelectualmente, mas o que é importante mesmo é esse instante quando o ser humano, seja de onde for, para por algum momento a fim de se ver profundamente. O olhar do estrangeiro ajuda porque muitas vezes são melhores juízes em causas alheias, do que nas causas próprias. No entanto, quando olhamos para o nosso próprio umbigo, como vi em inúmeros comentários e discussões, não nos têm faltado imparcialidade, seriedade, vontade de desenvolver nossas faculdades interpretativas e a repulsa pelo fútil e hilário.
Também li muitos comentários de que chegamos à exaustão ao falar de assuntos bizarros. Não vejo assim. Na verdade, quanto mais ínformações, mais conteúdos são formados. A concisão e o reducionismo nos levam a uma discussão superficial, quando temos acervo e tutano para irmos mais além. Não devemos restringir nossos pensamentos a cinco linhas. Também não são assuntos que mereçam teses ou dissertações. Nem muito ao mar. Nem muito à terra.
O leitor já deve ter notado que estou a falar sobre Luíza, Big Brother e menos sobre arte. Se a ideia é que 90% da população brasileira (não faço a menor ideia onde vi esse dado) não leem, por que não oferecer referências e assimilar a contribuição de formulação de opinião aos restantes 10%?
Vou continuar mantendo a convicção de que não é o ridículo que nos faz sentir parte de um mundo melhor. Creio muito firmemente que as reflexões são etapas do amadurecimento de nossa sociedade. Assim como uma mangueira, não é de esperar que todos os frutos sejam sazonais ao mesmo tempo. Umas mangas estão verdes, outras nem tanto e outras de tão madura demandam nosso imediato deleite, de seu perfume, sua textura, sua cor e seu sabor.
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