É do mundo exterior que o conhecimento precisa vir a nós, pela leitura, audição e contemplação. Wendy Beckett
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sábado, 5 de novembro de 2011
Livro de Eli é despido do materialismo para se viver somente a Palavra
"Combati o bom combate, acabei a carreira, mantive a fé". A frase se encontra no livro de São Paulo a Timoteo e é que a mais norteia o filme O Livro de Eli (The Book of Eli, 2010), dirigido pelos irmãos Allen e Albert Hughes, que está em exibição este mês na tv paga, pela HBO. É de fato uma película instigante porque do começo ao fim se remete a um cenário exótico, monocromático, onde não há dúvidas que se parece com a Terra, mas pode também não ser: ela foi destruída como no Apocalipse e há uma briga bárbara pela água e, como diria Sheldon Cooper, pelas últimas latas de atum.
Eli (Denzel Washington)é um andarilho desprovido de ego e um guerreiro contra o hedonismo. Ele tem um objetivo muito claro: levar o livro até um lugar seguro onde possa ser reimpresso, e assim ser criada uma nova ordem na humanidade. Esse é o livro da Biblia, fazendo com que o protagonista leia todos os dias uma passagem. As citações acontecem fora de ordem: há os Salmos e trechos do Gênesis.
No entanto, tem como obstáculo Carnagie (Gary Oldman) - sempre impecável como vilão -, que não mede esforços para tomar posse da obra. Há quem diga que é uma referência a um ex-presidente poderoso, que citava palavras de Deus para invadir países. Carnagie domina uma cidade tomada por ladrões. Na sua caminhada, encontra Solara (Mila Kunis), analfabeta, oprimida e filha da companheira de Carnagie. Assim, busca caminhar junto com Eli e ser a colaboradora na missão.
Aliás, um ponto fraco do filme está na grandeza da inspiração, que se dá ao extrair temas ou citações da Bíblia. Quantos e quantos escritores já recorreram a esse expediente, que deixou de ser uma novidade e até uma limitação criativa? Podemos citar desde José de Alencar, passando pelo autor de best seller Jeffrey Archer (autor de Caim e Abel), até o único Nobel de Literatura de Língua Portuguesa, José Saramago.
Eli é implacável contra seus inimigos e obstinado na missão de preservar o livro até que um dia ele observa que não há porque se apegar à matéria, se ele é detentor na memória de todas as palavras contidas na Bíblia. Se as assimila , por tanto, pode barganhar. Deixa que lhe seja arrebatado em troca de uma sobrevida, de modo a lhe garantir tempo até chegar um lugar indefinido do Oeste, onde as muralhas são vigiadas por guardas armados. No lugar, se tenta recompor uma novo acervo cultural, com livros de Shakespeare, música de Bach, enfim, tudo aquilo que nos dignifica pelo bom gosto e refinamento e que é o oposto do que se encontra no final dos tempos.
Recomendo o filme, porque apesar de guardar os clichês dos filmes de ação, não abre mão de instrumentos que elevaram o cinema à categoria de arte.
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