Mário Gomes flanando na Praça do Ferreira. Fotos: Antonio Duarte |
Há quem diga que quase todos os repórteres fotógrafos são artistas. Não só pelo modo de se vestir e se comportar, mas porque entendem que de fato desenvolvem um novo tipo de arte. Do mesmo modo, se diz que os repórteres se comportam como intelectuais, também com demonstração de suas atitudes. O fato é que tanto o repórter fotográfico quanto o repórter propriamente dito desenvolvem atividades técnicas e, portanto, não são necessariamente artistas ou intelectuais.
Há uma exceção. Antonio Duarte, de São João do Mereti. "Fotojornalismo é jornalismo. Me vejo como um repórter fotográfico", afirma modestamente. Na verdade, ele é um dos jornalistas mais cultos e ávido por conhecimento. Não para de ler e não se contenta com o que sabe. Procura sempre a perfeição da sua atividade e aí atinge de fato o patamar da arte onde a fotografia chegou não de maneira fácil como se pensa. É um amante do jazz e desta música extraiu expressivos trabalhos.
Sobre ele, outros colegas também já se manifestaram. Veja o depoimento de
For All |
Paulo Oliveira, Editor das edições regionais de O Dia, 90's. Hoje Secretário de Redação de A Tarde (BA).
Foi na Baixada Fluminense, em 1968, que Antonio Duarte descobriu o jazz. Remexendo os discos do irmão de um amigo, em Olinda, Nilópolis, se deparou com Sirius, do saxofonista Coleman Hawkins. Pegou emprestado e nunca mais devolveu. As vozes vieram bem depois - a primeira foi Ella Fitzgerald.
Do som da vitrola até ficar bem próximo dos ídolos nas coberturas do Free Jazz, passaram-se 15 anos. Nesse intervalo, Duarte estudou Comunicação na UFRJ, mas abandonou o curso por causa do emprego de controlador de carga da Companhia Docas do Rio de Janeiro. Largou o Cais do Porto para trabalhar na farmácia do pai e numa loja de fotografia em Morro Agudo, Nova Iguaçu. Na Fotoni, entre retratos 3x4 e cobertura de casamentos, fez mais uma descoberta: a fotografia.
Desde então, música e fotos caminharam juntas na vida de Antonio José Henriques Duarte, nascido em 21 de julho de 1950, em São João de Meriti.
Com passagens pela Última Hora, O Dia, Extra, Hoje (CE) e O Povo (CE) e fazendo freelas para O Globo, Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Lance!, Casa Cláudia e Caros Amigos, Duarte não perdeu nenhuma edição do Free Jazz, entre 1993 e 1998.
Antigo bordel |
Ex-editor de fotografia do Hoje (CE) e das edições regionais de O Dia, e ex-coordenador de imagem de O Povo (CE), Duarte começou a expor seus trabalhos em 1990, na Casa de Cultura de Nova Iguaçu. Por dois anos, acumulou as funções de expositor, organizador e curador da série Fotomostra, reunindo trabalhos dos fotógrafos da Baixada. Em 1991, fez a sua primeira individual, no Centro Cultural Jacob do Bandolim, em Meriti: Sobras.
"Foi um trabalho marcante", diz Duarte, referindo-se a idéia de reunir fotos que não foram publicadas nos jornais sobre pessoas que viviam à margem da sociedade. Em 1992, outro trabalho individual, Caras e Bocas foi exposto no Sesc Meriti. No ano seguinte, participou da coletiva dos fotógrafos de O Dia, organizada pelo Centro Cultural da Light, para marcar o primeiro ano da utilização de cores nas páginas do jornal; e da coletiva Fome, que fazia parte da campanha de Betinho, no Centro Cultural Banco do Brasil. Em 1996 participou do "Santa Tereza de portas abertas". Morador do Hotel Santa Tereza na época mostrou fotos do Free Jazz montadas em embalagens de CDs. Ainda em O Dia, Duarte percebeu que os fotógrafos da editoria do Interior não tinham dimensão da qualidade e dimensão do que era produzido. Decidiu organizar e participar de duas coletivas (Outro Rio, mesmo Rio) com mais de 400 fotos. Outro Rio, mesmo Rio atraiu centenas de jornalistas e visitantes, em 1995 e 1996.
No Ceará, não deixou de produzir. Em 2001, fez sua primeira individual, no Bar Passarela, em Fortaleza. Praça do Ferreira, Espeto de Pau mostrava a vida dos poetas que freqüentam os bancos da principal praça do Ceará. A série lhe valeu o convite do governo do Estado para fazer um livro, que está em fase de edição.
No Nordeste, voltou a se encontrar com o jazz, fotografando os participantes do Festival de Guaramiranga. O Jazz desce a Serra foi exposto, em 2002, no Bar Caros Amigos. Semanas depois, Duarte teve a idéia de expor suas fotos à moda cearense.
Cordel de Jazz, cópias de fotos coloridas e plastificadas de jazzistas famosos foram penduradas em fios de barbante e espalhadas no Porto Bistrô, em Fortaleza".
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