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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Que o Dia do Perdão também faça parte de nosso calendário

A literatura sempre destacou os personagens vingativos. Os piedosos pouco prosperaram em qualquer manifestação artística.  Na política, é impensável a clemência. Quando uma guerrilheira nicaraguense católica foi indagada porque ainda continuava na luta armada, respondeu. "Eu apanhei numa face. Então, resolvi dar a outra. Apanhei, na outra. O que mais eu poderia fazer?".
Na filosofia, houve um longo período de indiferença, que permeou todo o pensamento dos estóicos e epicuristas, chamado de ataraxia (ausência de preocupação), sinônimo de verdadeira felicidade individual. Consistia na indiferença diante da dor, chegando a um tal estado de espírito que nada atingiria o ser. Essa postura durou até Sócrates, quando através da máxima "Conhece a ti mesmo" subverteu o contemplativismo, impondo a racionalidade, o sentido de que o autoconhecimento leva ao respeito e a compreensão do outro.
Até então, a Filosofia não falava em perdão. O próprio Sócrates via o ato da sua condenação como uma consequência natural da infração das leis, mas fez do episódio uma ocasião para que houvesse o entendimento de que a aceitação da morte, por envenenamento, era um testemunho de como entendia a Filosofia e a vida.
Antes de Aristóteles, o homem estava voltado para dentro de si mesmo. Diógenes vivia dentro de um tonel, não se importando com o que os outros achavam da sua exposição às intepéries. Mais tarde, descobriria a importãncia de que o  "olhar do outro é aquilo que me desnuda".
Voltando a Aristóteles, ao afirmar que o homem é um animal político deve-se entender  que o homem é um animal social. Aliás, a sociedade existe bem antes do homem. Esse é um passo importante para a racionalidade humana, que somente mais tarde impõe limites e barreiras no pensamento e na forma de agir, como forma de acomodaçáo social e de convivência universal.
O sentido do perdão, propriamente dito, será encontrado na filosofia ocidental, na escola patrística, com Alberto Magno e Santo Tomaz de Aquino. Mesmo assim, a Igreja Católica prega uma coisa e vive outra. Somente agora, o Papa Bento XVI perde perdão aos judeus pelas perseguições do passado. Ainda falta o mea culpa com relação aos que morreram na fogueira ou pela cumplicidade na escravidão.
Enquanto isso, os judeus avançaram. Assim como entende com rigor a necessidade do repouso ao sétimo dia, porque tanto o homem quanto a natureza devem repousar. Com o mesmo rigor, criaram o Dia do Perdão, o Yom Kippur, que é o máximo em humanidade. Não sendo judeu, aprecio e endosso que pelo menos um dia na vida deveria ser para o perdão.

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