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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sim, Teófilo, sei que a dor é bem maior que a sentida por Alfred Prufrock

Sim, Teófilo, sei que a dor é bem maior que a sentida por Alfred Prufrock. Portanto, não me alongarei em mais hermetismo que disfaça o torpor. A vida é breve e não há nenhuma compensação em prolongarmos o teu, o meu ou o nosso calvário. As chagas e as cicratrizes não desaparecem. Vão se somando pelo corpo, às vezes queridas como marcas de guerra. Outras se assemelham a gado marcado para o abate.
Quero me desculpar  porque saí às pressas de tua casa, quando ouvi entoar teus desesperados gritos, com sons estridentes de Viskningar Och Rop, do Bergman. Não foi indiferença. Eu tinha raiva e naquela tarde procurei me resignar, pois era preciso manter viva a todo custo aquela chama.  A todo custo aquela chama não podia apagar. Por isso, me desviava o pensamento, evocava os tempos das mulheres que entravam e saíam da tua casa, dos aromas que exalavam do aconchego do lar: a almíscar, a alfazema, a cannabis, o álcool e, agora, prenuncia-se o do enxofre.
Havia elegância para tuas conquistas e as parceiras retribuiam com a felicidade dos saciados. Tanta satisfação, euforia e êxtase não seria pecado? Escarnecia. Enquanto se falava dos livros sobre como vencer os tormentos, viveste todas as pedogogias, todas as estratégias vivendo. Sóbrio ou não, procurava ensinar essas manobras. Dizia-se comandante de nuvens e das tempestades. Fantasiava poderes que não tinha, apenas para ser mais didático.
Evocava  o escárnio contra os boçais, dos avarentos e daqueles que não sabem chorar, como eu. Tu sabes que nunca choro e nem me faço de vítima. Recordo bem quando uma tragédia anterior e parecida com a tua se abateu sobre nós. Como um infante, estavas à frente. Muito antes, muito antes, tentei tornar mais vivos, mesmo que isso me custasse um preço caro, os impasses noturnos naquela antiga casa, quando ainda adormecido, adolescente, o sorriso de cordeiro sempre disponível, disse-me sério e triste: que sofrimento.
Aprendi muito pouco sobre as ordens que foram dadas aos apóstolos, sobre os princípios que deveriam nortear a igreja primitiva. Porém, mal saí dos livros de Moisés. Não se somavam apenas 12 mandamentos. Existiam mais de 700 preceitos. Mais desculpas? Como disse, não vou me alongar.
Lembro-me muito bem dos dias que finquei pregos grossos nas estacas tão logo proferia ofensas contra o meu irmão. Lembro-me quando os retirei dos troncos de árvores mutiladas, tão logo meu ódio foi aplacado, na retórica do perdão. E forte ainda são as lembranças deixadas pelas marcas do ferro violando furiosamente a jurema. Existem o perdão e as estampas sequeladas do mal que não se desfaz.
Oh, talvez me lembre de Long Day's Journey Into Night, de Eugene O'Neal. Há muitas rotas de fuga, como a rudeza, a vulgaridade, o hedonismo. A música de pequenas acordes e repetidos bordões. A fantasia berrante e os sabores de limão, ácido e vinho. Mas seria mais pertinente nesta ocasião, rogar para o livro que fale dos céus, das virgens, dos querubins, do manjar...Torá? Alcorão? Livro de Vedas?
Como católico, melhor que peça a intervenção de Maria, Agostinho, Inácio, Francisco, Marta, Paulo, Mateus, João, Lucas, Paula Francinete, Luzia, Mônica, Cecília, Madalena, Tiago, Rita de Cássia, Afonso, Bernardo, João da Cruz, Teresinha, Clara, Bárbara, João Bosco, Bento, Rosa, Luiz e todos aqueles que morreram na crença e na certeza da salvação, redenção e na ressurreição. Em nome de Jesus.

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