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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Unilab recebe mais 300 novos alunos de países de língua portuguesa

Aula inaugural na Unilab. Fotos: Marcus Peixoto

A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), com um campus instalado em Redenção, a  63 quilômetros de Fortaleza (CE), deverá estar recebendo 300 novos alunos estrangeiros de países africanos e do Timor Leste.  As aulas começam no segundo semestre deste ano. A instituição se propõe a abrir espaço para o livre e amplo intercâmbio de conhecimento e cultura entre o Brasil e os países de expressão portuguesa.
A experiência, que chega ao seu segundo ano, demonstra o quanto tem valido os esforços de cooperação solidária, em oferecer a outros países, principalmente africanos, o desenvolvimento por meio de  "formas de crescimento econômico, político e social entre os estudantes, formando cidadãos capazes de multiplicar o aprendizado", assim como é dito no site oficial da Unilab.
A escolha por Redenção, um Município localizado na chamada região do carrasco do Maciço do Baturité, teve uma simbologia própria. Trata-se da primeira cidade brasileira a abolir a escravidão. Só não fica bem claro este ponto de vista para os alunos assim que chegam porque não ha cidadãos negros, não apenas naquela localidade quanto em todo o Ceará. No caso de Redenção, há de se lembrar quando houve a abolição, existia apenas um escravo cativo, numa rara senzala da região onde se instalaram engenhos de cana de açúcar.
No caso do Ceará, a explicação é que não houve uma migração africana expressiva por conta da própria condição econômica do Estado, onde as estiagens frequentes, não permitiam a prosperidade da agricultura e, desse modo, a aquisição da mão de obra escrava tornava-se inviável.

No entanto, a Universidade voltada para os estudantes de língua portuguesa encontra nos africanos seus maiores usuários. O interesse pelos estudos anima e enche de esperança seu alunos, como Eduardo, 21 anos, de Guiné Bissau, que afirma sonhar em poder voltar para seu País e oferecer uma vida melhor para si e sua família. Eduardo, assim como os demais africanos, falam das dificuldades de adaptação. Uma delas é ser minoria negra num estado de mestiços e pardos. Uma outra foi a alimentação. Contudo, nada que o desejo de crescer e usufruir de conhecimentos e oportunidades não seja superior.
A Universidade oferece uma grade voltada para assuntos de primeira ordem em países como Angola, Moçambique, Cabo Verde e  Guiné Bissau, tais como  Adminstração Pública, Agronomia, Ciências Humanas, Ciências e Matemática, Enfermagem, Engenharia de Energias e Letras. Os alunos fazem suas refeições e dormem no próprio campus. Há uma discipliana rígida, comandada por um experiente coordenador africano, para impedir brigas e rixas tribais ou para assuntos que saiam do controle e que são comuns a qualquer lugar onde se promova a reunião de jovens, homens e mulheres: namoros e bebedeiras.
Padre Clóvis Cabral

Por ocasião de sua aula inaugural, quando estive presente, houve a participação do padre jesuíta Clóvis Cabral, filho de uma ialorixá baiana, sendo um dos mais controvertidos religiosos brasileiros. Já na sua ordenação, contou-se com a participação de integrantes do candomblé, onde se misturam cultos católicos e afrobrasileiros.
Ele falou do racismo e da limitação intelectual brasileira, em ter produzido grandes líderes negros, a exemplo de Nelson Mandela, Agostinho Neto, Samora Marchal e Martin Luther King. "Durante muito tempo, causava muita isada a piada de que negro só era gente quando se batia na porta do banheiro e este respondia: tem gente", disse o padre, que estampava uma camisa com a figura do São Jorge Guerreiro, que no Candomblé equivale a Oxóssi. Sobre os orixás, lembrou que foi a forma mais democrática dos negros se igualarem aos brancos. "Veja que somente aqui se fala em Oxóssi, Xangô, Oxalá. Nos seus países africanos não existem esse culto específico para cada deus afro", afirmou padre Clóvis.

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