Teus olhos entristecem
Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.
Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.
Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.
Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.
Fernando Pessoa
(1888-1935)
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ResponderExcluirAh, comparando as duas poesias, Gostei mais da tua. É necessário responder-te, porque?
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ResponderExcluirNão deveria ser sucinto mas percebo que há mais clareza na sua poesia. Enfim, existem muito menos enigmas do que na criação de Fernando Pessoa, que não se tiram o brilho tornam-se o que menos gosto.
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